O Japão criou ontem (5) o Gabinete de Elaboração e Reajuste das Políticas sobre o Território e a Soberania para divulgar suas posições em relação às "Ilhas Senkaku", chamadas pela China de Ilhas Diaoyu, e à Ilha Takeshima, chamada pela Coreia do Sul como Ilha Dokdo.
A decisão foi anunciada pelo departamento dos assuntos sobre o território do Norte e dos Arquipélagos de Okinawa. Segundo as informações da imprensa japonesa, a entidade recém-criada é composta por 15 membros, responsáveis pela coordenação, dentro do governo japonês, do trabalho de elaborar as estratégias de propaganda para o exterior. O estabelecimento da instituição visa reforçar as posições japonesas quanto aos territórios em disputa com países vizinhos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores e Comércio da Coreia do Sul, Cho Tai-young, afirmou ontem (5) que a criação de um gabinete sobre os assuntos externos pelo governo japonês é uma ação que "demonstra o fracasso da aprendizagem japonesa com o seu passado imperialista". Também disse que a Coreia do Sul condena o plano do país vizinho, insistindo que a Ilha Dokdo é parte integral do território sul-coreano.
O embaixador chinês no Japão, Cheng Yonghua, destacou que as Ilhas Diaoyu são território indiscutível da China e que a China não aceita nenhum protesto do Japão sobre as ações chinesas na região.
O especialista sobre os assuntos da região da Ásia-Pacífico do Instituto de Estudos Internacionais da China, Yang Xiyu, referiu que, perante as disputas sobre as ilhas com China, Coreia do Sul e Rússia, o Japão quer legalizar sua posse sobre as regiões recorrendo à propaganda externa. Ele apontou que as ações do Japão, nomeadamente a tentativa de alterar o resultado do status-quo saído da Segunda Guerra Mundial, podem causar problemas.
"No ano passado, surgiram disputas territoriais entre o Japão e seus países vizinhos, nomeadamente a China, Coreia do Sul e Rússia. A característica comum desses problemas é que todos são sobre os acordos estabelecidos após a Segunda Guerra Mundial com o Japão. O Japão sabe que suas demandas não são razoáveis, mas o país quer aproveitar as disputas territoriais para virar a situação. A história mostra que, sempre que um país tenta mudar a ordem pós-guerra, a paz e estabilidade da região são postas em causa."
Ao comentar as influências do estabelecimento do órgão de propaganda exterior do Japão sobre a segurança da região Ásia-Pacífico, Yang Xiyu assinalou que o país quer aproveitar as disputas sobre as ilhas para reforçar suas forças armadas. Uma vez que o desejo seja materializado, o Japão poderá voltar a ser uma potência militar e a conjuntura do Leste Asiático mudará.
"Os objetivos do governo japonês por trás da criação de tal entidade são, por um lado, fortalecer suas forças armadas e, por outro lado, divulgar suas posições sobre as ilhas em disputa. O Japão quer exagerar as ameaças que enfrenta e transformar suas forças de autodefesa em forças do exército nacional. Isso não apenas complicará as tenções já existentes, como também influenciará a situação de toda a região do Leste Asiático."
Tradução: Paula Chen
Revisão: Miguel Torres