Começa esta quinta-feira (8), em Beijing, o 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China. O ex-secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, e o ex-embaixador norte-americano na China, Staples Roy, disseram, em várias ocasiões, estar atentos ao evento.
Kissinger, uma das testemunhas mais importantes da evolução das relações sino-norte-americanas, mantém contato com líderes chineses de diferentes gerações. Num simpósio realizado há pouco tempo, ele fez uma retrospectiva de sua ligação à China nos últimos 40 anos. Para Kissinger, a China está cada vez mais integrada no processo de globalização, algo que começou na liderança de Deng Xiaoping, conhecido como o planejador geral da Reforma e Abertura do país.
"Deng Xiaoping era um grande reformador. Não há nenhum país como a China, onde os êxitos obtidos nos últimos trinta anos se devem à perspicácia de uma pessoa só. Foi ele que impulsionou a reforma e a liberalização que permitiram à China a integração no sistema internacional. Jiang Zeming, que sucedeu a Deng, tentou, durante seu mandato, recuperar a posição da China neste sistema internacional, tornando o país um verdadeiro membro do mundo globalizado. Hu Jintao é o primeiro líder chinês que representa a China como um importante membro do sistema globalizado mundial."
Para Kissinger, a China passou por mudanças drásticas ao longo dos últimos 30 anos. O 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China vai oferecer uma nova oportunidade de crescimento ao país asiático.
"Todo mundo viu as grandes transformações que a China viveu ao longo dos últimos 40 anos, sobretudo os êxitos obtidos após a adoção da política de reforma e abertura. Acho que a China vai ser cada vez mais transparente, com um sistema jurídico mais seguro. O país precisa ainda, no entanto, de efetuar importantes reajustes. Quase todos os economistas dizem que o país deve reduzir as exportações e aumentar o consumo. É uma importante questão da vida econômica, que deve influenciar a sociedade e a diplomacia."
Sendo o país desenvolvido com a maior economia a nível mundial, os Estados Unidos dão muita atenção ao futuro das relações com a China, que é já a segunda maior economia do globo. Para o ex-embaixador norte-americano, Staples Roy, a nova liderança da China, que será formada após o Congresso, terá grande influência no desenvolvimento das relações sino-norte-americanas.
"O problema que existe entre a China e os Estados Unidos é que, apesar de serem ambos grandes potenciais econômicas, precisam tratar da relação que os liga entre uma tradicional potência e uma força emergente. Não é fácil lidar com este tipo de relação. Houve sempre conflitos na história. Beijing e Washington são cientes do problema e resolveram estabelecer metas ou quadros estratégicos para evitar conflitos. O importante é que nós ainda não colocamos todos os atos ou ações num mesmo cenário que vise firmar uma relação equilibrada entre a colaboração e a concorrência. Os novos líderes chineses têm que resolver o problema, e a nova liderança norte-americana também precisa encontrar soluções. Por isso, o Congresso Nacional do Partido Comunista da China é essencial. Ele vai determinar a nova liderança do país."
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Miguel Torres