O premiê chinês, Wen Jiabao, partiu hoje (19) de Beijing rumo à Bélgica para participar do 15º encontro entre líderes chineses e europeus. O evento começa amanhã em Bruxelas. O comércio entre o país asiático e a União Europeia vem apresentando sinais de queda devido à crise de dívida soberana. Sob tal circunstância, temas ligados à economia e ao comércio devem chamar bastante atenção da imprensa durante a reunião.
A União Europeia é o maior parceiro comercial da China há oito anos, enquanto o país asiático é o segundo maior parceiro comercial do bloco. Em 2011, o comércio bilateral atingiu US$ 560 bilhões. O crescimento rápido no comércio trouxe benefícios práticos a ambos. A crise de dívida soberana na Europa, no entanto, provocou a queda da demanda do mercado e, consequentemente, diminuíram as exportações chinesas ao continente. O vice-ministro chinês do Comércio, Zhong Shan, revelou que existem certas dificuldades no comércio sino-europeu.
"De janeiro a agosto deste ano, o comércio bilateral caiu 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado. As exportações chinesas ao continente diminuiram 4,9%. Houve queda no comércio com os principais membros da União Europeia, como Itália, Alemanha e França. Previsões indicam que a economia do continente não terá uma melhora significativa no curto prazo. Por isso, o comércio sino-europeu também não tem uma perspectiva otimista."
Para Feng Zhongping, diretor do Departamento da Europa do Instituto das Relações Internacionais Contemporâneas, o enfrentamento da queda do comércio bilateral será um dos temas mais importantes a serem discutidos durante esta edição do encontro.
"Como a gente pode enfrentar este problema? Acho difícil se focarmos somente no comércio, pois os impactos da crise da dívida soberana vão permanecer. Para a China, há uma solução, que é a exploração de novos mercados. Apesar da queda no comércio, os investimentos chineses na Europa vêm crescendo de forma dinâmica. Para mim, no momento, não há como melhorar muito o comércio, mas vale a pena impulsionar os investimentos. "
Como cooperações econômicas e comerciais constituem a base das relações sino-europeias, ambas as partes estão cientes da importância de explorar novos pontos para o crescimento do comércio bilateral. Segundo o vice-chanceler chinês, Song Tao, a China e a Europa têm grande potencial de parceria nas áreas de inovação científica e tecnológica e desenvolvimento sustentável.
"Atualmente, tanto a China quanto a Europa estão acelerando a transformação do modelo de crescimento. Além das áreas tradicionais, os dois lados devem estimular cooperações na inovação tecnológica, desenvolvimento sustentável, infraestrutura e finanças. Este é um consenso já alcançado entre duas partes."
Neste mês, a União Europeia decidiu lançar investigações antidumping sobre células fotovoltaicas produzidas na China, envolvendo cerca de 130 bilhões de yuans. O caso despertou muita atenção mundial. Para Feng Zhongping, atritos comerciais são inevitáveis, já que existe um volume enorme de negócios entre ambos. Ele sugeriu que empresas e autoridadas chinesas e europeias se comuniquem e se consultem para evitar a transformação dos atritos em uma guerra comercial.
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Luiz Tasso Neto