O Departamento de Comércio dos EUA anunciou no dia 18 de maio deste ano que vai impor um imposto antidumping de 31% a 250% sobre baterias solares e peças relacionadas produzidas pela China. Dois meses depois, algumas empresas europeias ligadas à indústria fotovoltaica apresentaram à União Europeia (UE) uma denúncia confidencial, também pedindo a cobrança de tarifa antidumping sobre os produtos chineses. O motivo alegado é que as companhias chinesas aceitaram subsídios ilegais para ações de dumping. Segundo análises de especialistas, será um "golpe fatal" para as empresas fotovoltaicas chinesas perder os mercados norte-americano e europeu.
As estatísticas revelam que o valor de produtos exportados pela China no setor fotovoltaico chegou a 35,8 bilhões de dólares no ano passado. Mais de 60% das mercadorias foram vendidas à Europa. Até o momento, a UE é o maior mercado consumidor do mundo de painéis solares. Portanto, uma vez que a porta desse mercado seja fechada, as empresas chinesas sofrerão perdas econômicas que não podem ser previstas.
Para Mei Xinyu, pesquisador do Instituto de Negócios Internacionais do Ministério do Comércio da China, muitas empresas chinesas do setor vão cair na falência caso a UE aplique imposto antidumping em alta taxa contra os produtos do país. Ele disse:
"No momento, os nossos produtos fotovoltaicos são fornecidos principalmente aos mercados no exterior, especialmente aos EUA e países da UE. Dois meses atrás, as autoridades norte-americanas já decidiram impor tarifa antidumping às empresas chinesas. Diante dessa situação, será um desastre absoluto caso percamos também o mercado da Europa."
Devido à expansão da crise de dívidas, vários países europeus reduziram os subsídios a projetos de energia limpa, o que aumentou pressão sobre os fabricantes locais. Os produtores chineses de painéis solares aproveitaram a ocasião para expandir sua quota no mercado. Por esta razão, vêm se agravando as disputas comerciais entre China e Europa na área de energia renovável.
De acordo com os profissionais do setor, se a UE realizar uma investigação antidumping contra os produtos chineses, as indústrias relacionadas da Europa também serão impactadas, além das empresas fotovoltaicas da China. Atualmente, a UE tem o total de cerca de 280 a 300 mil postos de trabalho relacionados à indústria de energia solar. A maioria deles é em companhias chinesas. Ao falar sobre a questão, Mei Xinyu afirmou:
"De fato, os vendedores, consumidores e empregados que trabalham nos cais da Europa se beneficiaram muito do crescimento da exportação da China. Nesta situação, a aplicação de imposto antidumping sobre produtos chineses também prejudicará os interesses dos europeus. Por isso, acho que eles não vão apoiar a decisão da UE."
Devido às graves consequências que podem ser causadas pela investigação antidumping da UE, várias empresas chinesas na área fotovoltaica divulgaram nos últimos dias uma declaração. O documento apela ao governo chinês para realizar consulta de alto nível com a UE, a fim de buscar uma solução e impedir a investigação da entidade.
Para Mei Xinyu, o governo chinês deve começar imediatamente um diálogo de alta escala com a UE para evitar o agravamento do assunto. Caso a entidade não desista da investigação antiduping contra a China, as autoridades devem tomar todas as medidas necessárias para defender seus próprios interesses legítimos.
"A China pode impedir as medidas antiduping da UE por meio diplomático. Enquanto isso, as empresas chinesas devem reforçar a exploração do mercado doméstico e os investimentos na área de inovação tecnológica."
tradução:Zhao Yan
revisão:Camila Olivo