Será realizada a partir de amanhã, em Nova Déli, capital da Índia, a 4ª Cúpula do Brics. A gestão global, sobretudo a gestão econômica global, será um dos principais tópicos de discussão. No contexto em que os países do Brics estão desacelerando o seu crescimento econômico e que a crise de dívida europeia continua se ampliando, todo o mundo está voltando as atenções ao Brics como incentivador do desenvolvimento econômico mundial.
Nos últimos quatro anos, os países membros do Brics desempenharam papeis importantes no incentivo ao crescimento econômico mundial. Porém, atualmente, todos esses cinco países passam por uma desaceleração do crescimento. A China baixou a previsão de crescimento do PIB em 2012 de 8% para 7,5%. A Índia mudou a previsão sobre o crescimento econômico no ano fiscal de 2011 de 8,4% para 6,9%. O secretário-geral do Comitê de Estudos da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e a Reforma da China, Zhang Yansheng, considera que, na atual situação, os países do Brics não podem se dar por satisfeitos por seu papel de motor da economia mundial. Para se tornarem as verdadeiras lideranças da economia global, os emergentes devem se manter lúcidos.
"Quer os líderes, quer os empresários do Brics, devem ter uma mente lúcida. A estrutura econômica dos países ainda é frágil. A China e a Índia dependem mais da mão de obra para o crescimento econômico, enquanto o Brasil e a Rússia recorrem à energia e recursos naturais. E a África do Sul também possui seus próprios problemas de desenvolvimento. Diferentemente dos países desenvolvidos que enfrentam o problema de crescimento a curto prazo, o Brics e as economias emergentes vivem o problema de reajuste estrutural a médio e longo prazo. Para entrar no grupo de alto rendimento, o mais importante não é o crescimento, mas sim a reforma de sistema, o reajuste estrutural e o aperfeiçoamento de leis e regras."
Na questão da crise de dívida europeia, está em disputa se os Brics devem auxiliar a Europa. O assistente do ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, afirmou no dia 20 que o Brics mantêm contatos e coordenações estreitas na questão. Em novembro do ano passado, os líderes de Brasil, Rússia, Índia e África do Sul concordaram em reforçar o papel do FMI em resposta à crise de dívida europeia. E que a China continuará participando das ações de apoio da comunidade internacional para a Europa através do G20, FMI e de outras plataformas.
Nesta Cúpula, que segue até o dia 29, será fechado um acordo preliminar sobre o "swap" de moeda e, possivelmente, será discutida a criação de um banco conjunto de desenvolvimento. Segundo informações da Reuters, o ministro do Comércio brasileiro revelou que os bancos de desenvolvimento do Brics planejam cooperar para criar um banco multilateral, que fornecerá financiamento para investimentos tanto no Brics como no exterior. Zhang Yansheng tem expectativa de que esse banco conjunto desempenhe um papel essencial de auxílio aos países e regiões menos desenvolvidos.
"Espero que o banco de desenvolvimento do Brics se torne uma instituição financeira diferente daquelas já existentes, como o Banco Mundial, Banco de Desenvolvimento da Ásia, Banco de Desenvolvimento da América Latina e Banco de Desenvolvimento da África. Ele deve ajudar essencialmente os países do Brics, as economias emergentes e os países menos desenvolvidos."
Tradução: Florbela Guo
Revisão: Camila Olivo