A próxima reunião dos líderes dos países do Brics será realizada no final de março em Nova Déli, capital indiana. Líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul voltarão a estar debaixo dos holofotes internacionais, seguramente despertando grande atenção e criando grande expectativa do público em relação aos Brics. A Rádio Internacional da China entrevistou recentemente o investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Song Hong, que falou sobre o futuro papel, as cooperações e os obstáculos enfrentados pelo bloco.
Para o especialista, todos os cincos países do Brics são nações em processo de rápido desenvolvimento, motivo pelo qual estão mais vulneráveis a impactos externos e sentem uma maior pressão para fomentar a mudança. A crise financeira de 2008 impulsionou as cooperações entre estes países que, para além da crise, enfrentam desafios a curto e longo prazo. Esta situação comum ajudou a fortalecer a base das suas relações. Song Hong explicou:
"Após a estabilização da crise financeira, os países do Brics apresentaram sinais de sobreaquecimento econômico. Este fenômeno traduziu-se em alta inflação, flutuação acentuada de taxas de câmbio e queda do ritmo de crescimento devido a influências externas. Essas são as grandes questões para as nações do Brics. Todos estes países pretendem atingir um desenvolvimento de grande dimensão a longo prazo, mas sofrem consideráveis pressões devido ao seu rápido crescimento. Por outro lado, desejam um ambiente econômico externo mais estável, o que pode corresponder à esperança e desejos dos países em desenvolvimento."
Referindo-se à última cúpula do Brics, realizada em 2011 em Sanya, no sul da China, Song Hong apresentou uma avaliação muito positiva. Um dos aspectos mais significativos desse encontro, segundo Song, foi o estímulo à coordenação e a ampliação das áreas de parceria.
"As cooperações em setores como a agricultura, saúde ou comércio alcançaram novos progressos. Na cúpula de Sanya, os líderes prestaram mais atenção às colaborações dentro do bloco, e à forma como os seus cinco países, formando um grupo coeso, poderiam aprender e coordenar esforços para enfrentar os desafios juntos."
Song ponderou que o rápido desenvolvimento torna inevitável a competição entre os próprios países do Brics. Porém, a essência de cooperação não será suplantada pelas disputas. Song prevê que o grupo continuará e se tornará, inclusive, mais forte.
"Os atuais mecanismos e plataformas de cooperação internacional não constituem um sistema que possa reflete os interesses dos países grandes em desenvolvimento. O "Brics" atendeu a esta exigência. Acredito que alguns países possam passar de países emergentes a economias desenvolvidas e que novos países venham a integrar o Brics ou outros grupos do gênero. Apesar das alterações de seus membros, a demanda pelo desenvolvimento dos países não mudará e blocos do tipo do Brics vão permanecer."
Tradução: Paula Chen
Revisão: Miguel Torres