O chanceler chinês, Yang Jiechi, concedeu hoje (6) uma entrevista em Beijing paralela à 5ª sessão anual da 11ª Assembleia Popular Nacional da China. No evento, Yang Jiechi apontou os próximos dez anos como de extrema importância para a China e reafirmou a postura do país no desenvolvimento pacífico e na estratégia de reciprocidade, além da aplicação de políticas diplomáticas independentes e pacíficas. Na ocasição, ele explicou os pontos-chave do trabalho diplomático da China para 2012.
"O trabalho diplomático chinês este ano visa criar um ambiente externo mais favorável, tratando adequadamente dos riscos e desafios externos para servir à meta básica do país, que é transformar o modelo de desenvolvimento econômico a um ritmo rápido. A China vai reforçar as cooperações amistosas com diversos países e organizações regionais e internacionais e responder de mãos dadas aos desafios globais, com o objetivo de garantir a paz mundial e promover o desenvolvimento pleno."
O atual cenário internacional é muito complexo. Devido ao efeito negativo da crise financeira internacional, a recuperação econômica mundial caminha a um ritmo lento. Neste contexto, a China deve persistir numa estratégia de reciprocidade e abertura, disse Yang Jiechi.
"A China apoia a cooperação recíproca entre países. Isso pede ajuda mútua e compartilhamento de responsabilidades. Na busca por seus próprios interesses, o país deve considerar também os interesses dos demais países. Deste modo, uma ordem internacional mais justa e razoável poderá ser estabelecida. "
Questionado sobre as relações da China com seus vizinhos, Yang usou uma metáfora para descrevê-la.
"Este é um mundo muito desequilibrado. Alguém tem um grande microfone, alguém tem um menor, outros não têm nenhum. Mas acho que números são muito mais importantes do que discursos. A China já é o maior parceiro comercial da maioria de seus vizinhos. O nosso investimento na Ásia no ano passado foi de cerca de 20 bilhões de dólares. A China vai se esforçar ainda mais para resolver as divergências com as nações fronteiriças através de diálogos e negociações. Esperamos também que as partes envolvidas respeitem os interesses da China, evitem ações que possam deteriorar a situação e promovam a estabilidade, o desenvolvimento e o progresso da Ásia."
A respeito das relações sino-norte-americanas, Yang disse que os dois países devem cumprir os princípios estipulados nos três comunicados conjuntos assinados pelas partes e os da declaração conjunta China-EUA, além de respeitar os interesses essenciais e as principais preocupações um do outro. Ele também pediu aos Estados Unidos que tratem de maneira cautelosa e adequada as questões relacionadas a interesses essenciais da China, como Taiwan e Tibete.
A relação com a Rússia é tratada como um ponto importante da diplomacia chinesa. Por isso, o chanceler garantiu que o governo chinês está preparado para trabalhar com Moscou no propósito de promover a parceria estratégica completa de coordenação. O país vai aumentar o apoio político mútuo à Rússia, promover cooperações e coordenar ações em questões regionais e internacionais.
Durante a entrevista, o chanceler chinês explicou ainda posição chinesa quanto à relação sino-japonesa, questão de Península coreana, questão da Síria e relações entre China e África.
Tradução:Li Jinchuan
Revisão:Débora Portela