A já instável situação da Síria está cada vez mais tensa, com a escalada dos conflitos entre as partes envolvidas nas lutas na região. Muitos especialistas estão pessimistas quanto à resolução das divergências e acreditam que este estado de coisas aponta para um desenvolvimento negativo de toda a questão.
Após a eclosão dos conflitos na Síria, a Líbia e o modelo aí aplicado no rescaldo dos tumultos internos também nesse país sentidos, foram apontados como um modelo de traços semelhantes ao que deveria ser aplicado na resolução da crise da Síria. Contudo, na proposta de resolução apresentada pelos países ocidentais e pela Liga Árabe (LA), descobrimos pontos semelhantes não com a Líbia, mas em relação ao tratamento da crise do Iêmen. O vice-reitor do Instituto de Investigação de Relações Internacionais Modernas da China, especialista em questões relacionadas com o Médio Oriente, Li Shaoxian, sublinhou que ambos os modelos não são relevantes para o cenário sírio.
"De fato, a Síria é diferente do Iêmen e da Líbia. Na minha opinião, a Síria não pode copiar o modelo do Iêmen. No Iêmen, você consegue separar Ali Abdullah Salih dos outros funcionários do governo. Na Síria, pelo contrário, é muito dificil distinguir Bashar al-Assad do nível superior do Partido de Ayrian Ba'ath, ou seja o grupo dominante do país. Nesse sentido, a transposição do modelo torna-se difícil. Para além de que, não se pode simplesmente copiar um modelo de um país para o outro. Todos sabem que a situação síria é muito complexa. Quer a situação interna, quer a situação das regiões envolvidas na questão síria, são extremamente complexas e sensíveis. Neste caso, a meu ver, nenhum país ocidental, incluindo os países europeus, como a França, quer tomar a iniciativa de intervir militarmente na Síria. Como se vê, existem demasiadas divergências para considerar a aplicação de modelos iguais aos aplicados nos dois países."
O Conselho de Segurança (CS) da ONU vai votar a proposta de resolução apresentada pelos países ocidentais e pela Liga Árabe. Li Shaoxian revelou que, como existem grandes divergências no seio do CS sobre a questão, é necessário ainda mais tempo para tomar uma decisão.
"É provável que o CS discuta esta questão à porta fechada, porque agora existem dois projetos e as divergências internas são graves. Por exemplo, a Rússia sempre se opõe às resoluções que implicam uma intervenção de forças externas, como no caso das propostas que exigem a demissão de Bashar al-Assad. As propostas da LA, além de exigirem que Bashar al-Assad entregue o poder, ainda pedem que o CS aprove a entrada de tropas de países árabes na Síria, para a manutenção da paz no país. As discussões serão feitas à volta das propostas apresentadas. Penso que é preciso mais tempo para que o CS tome uma decisão."
Depois do pedido de ajuda na resolução da questão síria, apresentado pela LA ao CS, acreditou-se que a situação no país se aproximava do seu final. Li Shaoxian, no entanto, não concorda. Na sua opinião, se a tentativa de mediação por parte da LA fracassar, novos obstáculos surgirão.
"A questão da Síria está se desenvolvendo numa espiral de difícil resolução e nos encontramos agora numa encruzilhada. Se a missão da LA conseguir exercer pressão, a situação poderá melhorar, mas o falhanço da mediação por parte da organização implicará uma deterioração dos atuais equilíbrios. Neste cenário, a intervenção exterior entrará na agenda política internacional. Devido a isso, a situação da Síria é negativa".
Tradução: Nina Niu
Revisão: Miguel Torres