Diversas partes do mundo promovem eleições este ano. Na Coreia do Sul, as eleições em 2012 são imprevisíveis se consideradas as disputas internas dentro do partido de situação, o alto índice de popularidade dos partidos oposicionistas, a insatisfação com a diplomacia e as políticas internas do governo Lee Myung-bak. As eleições parlamentares marcadas para abril vão impactar de forma importante a escolha do novo presidente em dezembro.
Park Won Soon, candidato sem vínculo partidário, venceu a disputa pela prefeitura de Seul em 26 de outubro de 2011. Pela primeira vez um candidato sem partido foi eleito ao comando da capital desde que começaram as eleições para prefeito em 1995. Para a agência de notícias Yonhap, o sucesso de Park antecede a grande mudança pela qual passará o cenário político da Coreia do Sul.
Park Geun-hye, filha do ex-presidente Park Chung-Hee, é um dos candidatos à corrida presidencial. Segundo pesquisas de opinião, ela tem 30% de popularidade, índice superior a de seus concorrentes e que lhe dá grandes chances de vitória. Durante o mandato de seu pai, as políticas de apoio e as estratégias de desenvolvimento econômico fundaram a base da competitividade da produção coreana e o aclamado "milagre" da Coreia do Sul, razão pelo qual muitos coreanos devem apostar em Park Geun-hye. Na reunião do partido Grande Nacional realizada em 4 de julho de 2011, Hong Joon-pyo, apoiado pelos correligionários de Park Geun-hye, tornou-se o representante do partido nas eleições parlamentares de abril, fato que orientou os rumos do Grande Nacional na direção de Park Geun-hye.
A situação na península coreana e a diplomacia para a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) são outros fatores influentes nas eleições. A morte do ex-presidente da RPDC fez aumentar as incertezas na península. As escolhas da Coreia do Sul em 2012 interferem não apenas nas políticas internas do país, mas no futuro da península coreana.
Na campanha para a 16ª eleição presidencial, dez anos atrás, os dois candidatos, Roh Moo-hyun e Lee Hoi Chang, dividiam a popularidade. Os dois adotaram a mesma postura em relação ao desenvolvimento econômico, combate à corrupção e ao reforço do papel do Parlamento. As divergências se concentravam na mudança da capital e no posicionamento sobre a RPDC. Roh Moo-hyun sustentou que manteria a assistência à RPDC e resolveria a questão nuclear por meio do diálogo e visando a paz, para evitar uma crise na península. Lee Hoi Chang, ao contrário, endureceu contra Pyongyang e acabou perdendo as eleições. A escolha popular fez com que o espírito conciliador e a cooperação entre os dois países fossem mantidas.
Na eleição seguinte, cinco anos atrás, o foco dos eleitores estava voltado para a economia, já que o país enfrentava a alta dos preços no setor imobiliário e o forte desemprego. Os coreanos viram no empresário Lee Myung-bak a possibilidade de prosperidade para a economia nacional. Mas, no campo da diplomacia, o vencedor subsituiu as políticas amenas dos antecessores por medidas duras contra a RPDC, tensionando a situação na península, além de desacelerar o processo de contato, conciliação e cooperação de quase uma década.
O recente naufrágio da corveta sul-coreana Cheonan e o bombardeio contra a ilha Yeonpyeong congelaram o relacionamento bilateral em 2010. Informa a imprensa coreana que as eleições parlamentares e presidenciais vão computar os votos dos coreanos residentes no exterior, fato que pode determinar o resultado final.
O atual presidente Lee Myung-bak esteve na China entre 9 e 11 de janeiro, no primeiro encontro dele com presidente chinês, Hu Jintao, desde o falecimento de Kim Jong Il. Claro, a situação na pensínsula acabou sendo um dos principais assuntos abordados pelos dois. Em várias ocasiões, Lee expressou disposição em dialogar com a RPDC e a necessidade de posições coordenadas com a China para aliviar e melhorar a rivalidade na região.
A candidata Park Geun-hye propõe a solução da questão nuclear de Pyongyang através de contatos e das negociações do Sexteto, grupo formado por Coreia do Sul, RPDC, Rússia, China, EUA e Japão. Para alguns políticos coreanos, uma liderança feminina pode favorecer a harmonia, flexibilidade e modernização do cenário da Política de Força liderada pelos homens. Um novo clima político pode contagiar o país.