Começando em maio de 2010, quando a Grécia recebeu, pela primeira vez, ajudas externas, devido à sua incapacidade de aceder aos mercados e garantir crédito, a crise de dívidas na Europa já dura há cerca de dois anos, e agora está a propagar-se e a provocar uma deterioração da situação econômica no continente. Devido a esta situação, a integração europeia enfrenta o desafio mais severo da sua história. A realização da cúpula da União Europeia (UE), no dia 9 de dezembro, deu uma esperança para os países europeus. No entanto, ainda é uma incógnita se a Europa conseguirá sair da crise atual.
"Desde o ano passado, a UE vem se empenhado em resolver a questão do crédito soberano. A crise de dívidas tem-se espalhado da Grécia, para a Irlanda, e depois, até outros países."
Exatamente como o que disse Jean Pisani-Ferry, responsável por Bruegel, um think tank da Europa, 18 meses atrás, os líderes europeus não tinham previsto a gravidade da deterioração da crise de dívidas quando estavam hesitando em ajudar a Grécia. Agora, de entre os 17 países membros da zona do euro, Grécia, Irlanda e Portugal já receberam ajudas externas, e para ajudar Itália e Espanha, com maior peso econômico, o Banco Central Europeu comprou, em grande quantidade, os créditos soberanos dos dois países. Além disso, a classificação do crédito soberano dos 15 países membros foi rebaixada.
Os economistas e políticos já diagnosticaram a origem da crise: a Europa tem uma moeda única, mas falta ao continente uma política fiscal unificada. Um grupo de econômicos, representados pelo francês Charles Gave, acha que é muito difícil resolver a crise de dívidas.
"Para mim, a verdade é que o euro não funciona agora e não sobreviverá no futuro. Porquê?Porque os países membros possuem diferentes produtividades e falta ao bloco um mecanismo de ajuste de equilíbrio. O problema não é crise de dívida, e não existe a crise de dívida, o que enfrentamos é a falta de competitividade econômica de certos países membros, fazendo com que as economias desses países não consigam crescer, ao mesmo tempo que a receita fiscal diminui, surgindo assim, finalmente, um grande quantidade de dívidas."
Na Cúpula da UE realizada no início deste mês, os países participantes elaboraram um plano para enfrentar a crise. Num curto prazo, os países europeus vão emitir créditos conjuntos. E a longo prazo, os países devem assinar um tratado fiscal para unificar políticas fiscais, buscando criar uma verdadeira união fiscal. Porém, caso o tratado não possa ser assinado em março do próximo ano, como o previsto, a zona do euro poderá colapsar. O presidente da UE, José Manuel Durão Barroso, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, consideram que tal resultado provocará grandes impactos à economia da Europa, até do mundo todo.
O relacionamento atual entre os países europeus é o resultado de duas guerras mundiais. Há comentários que consideram que a Europa se encontra num cruzamento. Caso a união fiscal seja criada e a crise de dívida resolvida, a Europa renascerá como uma fênix, mas caso contrário, o continente poderá voltar ao estado de fragmentação que existia antes da Segunda Guerra Mundial, o que será um fracasso do atual modelo político e econômico da Europa.
(tradução: Shi Liang revisão: Miguel Torres)