Os líderes dos 27 países membros da União Europeia (UE) realizarão no dia 23 deste mês uma reunião em Bruxelas. Veículos de imprensa de diversos países apostam que será aprovada nessa cúpula uma proposta de solução da crise de dívidas da zona do euro. Conforme um comunicado divulgado na noite de ontem (20) pela residência presidencial da França, o presidente Nicolas Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, já chegaram a um consenso quanto à resposta à crise atual.
Segundo se informou, a proposta da solução abrange diversas áreas, entre elas reforço da estabilidade da ordem financeira europeia e consolidação dos capitais dos bancos europeus. No entanto, para alguns especialistas, essa proposta não vai resolver todas as questões atuais.
Um responsável pela pesquisa dos assuntos econômicos europeus do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, Liu Mingli, em entrevista à CRI, valorizou a importância da ferramenta de estabilidade financeira europeia. Porém, ele também ponderou alguns problemas do mecanismo. Ele disse:
"Essa ferramenta de estabilidade financeira tem um significado importante para resolver a crise de dívidas europeia. No entanto, a insuficiência dos fundos é uma dificuldade para os países europeus. Se o valor dos capitais puder ser aumentado para 2 trilhões de euros, terá mais efeitos na interferência no mercado e no alívio da pressão dos países devedores. Porém, um outro problema enfrentado no momento é verificação da fonte dos fundos. Quem vai prover os investimentos? Quanto à questão, França e Alemanha têm algumas divergências."
Referido-se às divergências entre os dois países europeus, Liu Mingli afirmou que o foco da polêmica é a compra dos títulos de crédito dos países devedores pelos bancos centrais europeus.
"Os dois países têm diferenças notáveis no conceito econômico. Por isso, o Banco Central da Europa não apresentou políticas explícitas quanto à compra de títulos de dívida dos países devedores. Quando a pressão for grande, o Banco Central vai comprar alguns títulos. Porém, quando a pressão for pequena, o conceito da Alemanha vai ser seguido, quer dizer, suspender ou comprar modestamente as dívidas. A política no futuro dependerá da reconciliação das duas partes e da situação da crise."
Liu Mingli apontou que embora o "trio" atual - Banco Central, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional - tenha divergências graves sobre o futuro da economia grega, isso não influenciará a concessão do próximo lote de empréstimos ao país endividado.
"Uma vez que as três partes não cheguem a acordos, a Grécia não conseguirá créditos e vai enfrentar a falência nacional em novembro. Esse será um resultado muito negativo. Sob tal pressão, as entidades trabalharão para alcançar consensos para oferecer ajuda econômica à Grécia."
Ao analisar se a próxima Cúpula da União Europeia, que começará neste domingo, vai divulgar um pacote de medidas para resolver a crise de dívidas, Liu Mingli está otimista:
"O mercado lançou uma grande expectativa sobre a Cúpula. Se o encontro não surtir efeitos, a crise europeia vai entrar em um dilema. Todo o mundo está acompanhando a Cúpula da União Europeia e, por isso, o bloco deve se reconciliar e apresentar as medidas, sem se importar com as divergências."
No entanto, o especialista assinalou a possibilidade de que, contando com opiniões de diferentes partes, o plano não satisfaça a esperança do mercado. Por esse motivo, ainda é cedo para prever o futuro da crise de dívidas do continente.
por Rosana e Paula