O vice-presidente norte-americano, Joseph Biden, chegará em Beijing na noite de hoje (17) para sua terceira visita oficial à China. No início dos anos 2000, Biden esteve na China quando ainda era presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado dos EUA. O que poucas pessoas sabem é que, logo após a execução da política de reforma e abertura pela China em 1978, ele esteve no país asiático na companhia de outros deputados americanos. Para especialistas chineses, a visita de Biden, a primeira desde que assumiu a vice-presidência dos EUA, terá como foco questões sensíveis das relações bilaterais.
A agenda do político estadunidense prevê encontros com vários líderes chineses, incluindo o presidente chinês, Hu Jintao, o presidente da Assembleia Popular Nacional, Wu Bangguo, e o primeiro-ministro, Wen Jiabao. Biden também vai conversar com empresários do país.
Biden, considerado um especialista em diplomacia, tem alcançado êxitos em questões como controle armamentista, não-proliferação nuclear e relações entre os EUA e países do terceiro mundo. Sobre o papel dele no governo de Barack Obama, ouça a interpretação de Yuan Peng, diretor do Instituto de Pesquisa dos EUA da Academia Moderna de Relações Internacionais da China:
"Ele não se parece ao vice-presidente de Bush, Dick Cheney, que queria controlar as políticas diplomáticas do presidente. Também não tem nada a ver com Al Gore, vice-presidente de Clinton, que tinha como objetivo final se tornar presidente do país. Biden é hábil em tratar de assuntos diplomáticos. Obama está de olho na reeleição e focado na questão de dívida soberana. Por isso, é provável que Biden assuma mais responsabilidades diplomáticas daqui para frente."
A imprensa entende que, por causa da crise da dívida soberana dos EUA, a discussão essencial durante a visita de Biden será em torno de questões econômicas. Yuan Peng afirmou que a China, o maior detentor de títulos da dívida pública norte-americana, certamente está preocupada com a segurança de seus ativos nos EUA.
"Durante a visita, Biden vai explicar à China a essência da crise de dívida dos EUA. Os norte-americanos, na verdade, não a chamam de "crise", mas de uma divergência entre os dois partidos sobre a questão da dívida. O governo de Obama está ansioso por um maior esforço da China em promover as cooperações econômicas e comerciais com os EUA. Paralelamente a isso, a China vai expor suas preocupações e desejos em relação ao seu reconhecimento como economia de mercado, transferência de alta tecnologia dos EUA à China, investimento chinês nos EUA, entre outras questões."
A questão de Taiwan é outro tema sensível nas relações sino-norte-americanas. A Revista de Notícias e Defesa Nacional dos EUA informou que a Casa Branca enviou representantes a Taiwan na semana passada para avisar que não vai vender os caças F-16C/D, mas que pode ajudar a ilha chinesa na modernização do atual F-16A/B. Yuan Peng não vê possibilidades de o governo chinês concordar com essa decisão.
Antes de partir rumo à Beijing, Biden disse que, "embora a China não seja um aliado dos EUA, pode ser um amigo dos EUA." Quais resultados serão alcançados nesta visita oficial? Só o tempo dirá.
(por Florbela Guo)