O 3º encontro de líderes do BRICS será realizado nesta quinta-feira (14) em Hainan, sul da China. O especialista em relações internacionais da Academia de Ciência Social da China, Ye Hailin, afirmou que apesar dos interesses divergentes entre os países, é aguardada uma voz única do BRICS.
Ye apontou que a criação de um mecanismo cooperativo é baseada principalmente em interesses comuns. Nos últimos anos, os acontecimentos internacionais unem os integrantes nas suas políticas. Ye exemplificou:
"O caso mais recente é na questão da Líbia. Nenhum integrante do BRICS apoiou a iniciativa da OTAN contra o país africano. Agora, é preciso coordenar a ação. Que os cinco integrantes do BRICS conscientemente tomem decisões semelhantes para criar uma voz comum. Será um grande avanço."
Os integrantes do BRICS ocupam 30% do território e abrigam 42% da população mundial. O potencial de cooperação é gigante. Cada país vem para o encontro com expectativas e necessidades diferentes.
O Brasil quer aproveitar o bloco para reforçar as relações com outros países emergentes e se inserir de forma melhor na cadeia de produção global. A Rússia quer desempenhar papel no mecanismo para elevar a influência internacional. A Índia tem a expectativa de discutir com líderes do BRICS sobre política internacional e cooperação econômica entre os integrantes. A África do Sul quer ser o porta-voz do continente africano e defender os interesses de seus países. Enquanto a China pretende reforçar a coordenação e colaboração com integrantes do BRICS nos assuntos internacionais para consolidar e ampliar as parcerias pragmáticas em todas as áreas. Ye comentou:
"A união dos cinco países do BRICS é motivada pelo estabelecimento de uma ordem econômica justa. A China quer que os integrantes do grupo procurem pontos comuns para regularizar o mecanismo dos cinco países. Cada país tem seus interesses, mas é esperado por todos um consenso para fortalecer o BRICS."
Trata-se da 1ª cúpula depois de a África do Sul ter sido incorporada ao bloco. O papel da China, país que assumiu a presidência rotativa do BRICS e que tem a 2ª maior economia no mundo, despertou a atenção de todos. Segundo Ye, a China não pretende ser o líder do BRICS, mas sim, promover negociações, paz e coordenação dentro do grupo. O especialista explicou:
"A China é um país com economia voltada para o exterior e possui uma alta dependência dos outros. Isso faz com que mantenha um laço estreito com a Índia, Rússia, Brasil e a África do Sul, fato que não é tão evidente entre os outros integrantes do BRICS. O país serve de entreposto tanto de importação quanto de exportação. Os laços comerciais que a China tem com os demais integrantes, a motiva a unir todos, fazendo com que o bloco exerça impacto maior no comércio global."