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Jayme Martins
  2011-03-09 10:17:52  cri
RELAÇÕES MUITO ESPECIAIS: MACAU E REINO DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES

E temos ainda outra obra que nos revela uma porção de "segredos" da história das relações entre a China e os países lusófonos, especialmente Portugal e Brasil, desde o período das grandes navegações. Trata-se de obra lançada em Lisboa pela Editora CIES, "Uma Relação Especial -- Macau e as Relações Luso-Chinesas (1780-1844)", da historiadora portuguesa, nascida em Moçambique, Ângela Guimarães, que trabalhou por alguns anos conosco em Pequim, na década de 1970.

Com generosa riqueza de detalhes, bem documentados, a autora dedica um capítulo inteiro ao período em que a corte lusitana, tangida pela invasão napoleônica, viveu no Brasil e, entre 1807 e 1821, governou o império luso-brasileiro a partir do Rio de Janeiro. Nesse período, as relações do Brasil com a China foram extraordinariamente promovidas através de Macau. Ela relata inclusive o grande apoio financeiro e até moral que os moradores de Macau prestaram à família real quando esta chegou ao Brasil.

Então, o governo do território de Macau, os seus moradores e até os comerciantes chineses mais abastados fizeram doações consideráveis, que foram enviadas ao Rio de Janeiro numa famosa expedição do navio 'Ulisses', a fim de ajudar a corte portuguesa a se instalar no Brasil. Seguiu-se inclusive o envio regular de materiais e técnicos chineses para edificação da nova capital do Brasil, o Rio de Janeiro, bem como para os trabalhos agrícolas, devendo cada navio transportar 20 chineses para cada 100 toneladas de frete.

Foi tendo em conta esses apoios, as freqüentes subvenções concedidas e o valoroso comportamento de Macau contra as tentativas britânicas de ocupação de seu território que D. João VI confirmou, a 13 de maio de 1810, o título de "Leal Senado" à Câmara de Macau (o qual é ostentado até hoje (???) em sua fachada) e concedeu aos moradores desse território chinês condições especiais para o comércio com o Brasil.

Datam desse período, segundo a professora Ângela Guimarães, o envio regular de numerosas comitivas de agricultores, artesãos e artistas chineses para o Brasil. Eram especialistas em cultivo e elaboração de chá e arroz, em marcenaria e construção civil, ceramistas para o fabrico de porcelana, pescadores e especialistas em buxo de peixe, barbatana de tubarão, olotúrias, etc., enriquecendo consideravelmente a população do Brasil, seu comércio, sua agricultura, suas manufaturas. Eles passaram a fabricar aqui produtos chineses, até então desconhecidos neste País. Mandaram até uma menina chinesa de presente para brincar com o ainda infante Pedro I, por considerar que seria lisonjeiro poder mostrar, ao vivo, à família real a celebridade dos nomeados pés pequenos das mulheres decentes dessa parte do Império da China.

Foi graças ao trabalho desses especialistas chineses que se aclimataram aqui plantas orientais, como diversas espécies de chá, de bambu, de pimentas, de laranjas (inclusive a "nossa" laranja baiana), limões, tangerinas, toronjas, carambolas e outros cítricos, mangas, coqueiros, palmeiras, figueiras, arequeiras, hibiscos, azaléias, heras, benjoim, fruta-pão, tamarindo, pêssego, caqui, nêspera, lixia, longan (olho de dragão), jaca, jambo, plantas de vernizes e gomas, salgueiros, vimeiros, sagueiros, amoreiras, anileiras, dedaleiras, maconha, peônias, flor de lótus, cânfora, sassafrás, canela, alcaçuz, gengibre, cardamomo, ruibarbo, babosa, ginseng e outras plantas medicinais e aromáticas.

MÃO-DE-OBRA AMARELA

Entre as décadas dos 70 e 90 do século passado, especialmente através das páginas do jornal "A Província de São Paulo" (antecessor do "Estadão"), travou-se intenso debate sobre a substituição da mão-de-obra escrava negra por trabalhadores assalariados amarelos (cules), merecendo destaque as intervenções de Raphael Paes de Barros, Martinico Prado, Bento F. de Paula Souza e José Custódio Alves de Lima. Missão imperial brasileira foi à China e uma embaixada chinesa veio ao Brasil tratar do assunto. Nos arquivos imperiais da China existe correspondência de D. Pedro II, do Barão do Rio Branco e outras autoridades brasileiras, datada desde 1863, tratando desse assunto.

E há notícias oficiais de que, em 1893 -- portanto, já em plena republica brasileira -- um barco, de bandeira alemã, o "Tetartos", zarpou de Macau para o Brasil com um carregamento de 475 cules, que teriam sido recrutados clandestinamente pela Cia. Metropolitana, do Rio de Janeiro, em cujo porto foram desembarcados, "tendo sido distribuídos por vários estabelecimentos do Estado do Rio de Janeiro", segundo correspondência do Itamarati.

Temos notícia de outro barco com centenas de cules recrutados que, anteriormente, teria saído do porto de Qing Hoang Dao, Nordeste da China, para o Brasil, mas, de passagem por Mindanao, os chins se amotinaram, abandonaram o navio e ficaram nas Filipinas.

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