
Uma vaga no Ballet Nacional Inglês, em Londres, foi uma das oportunidades que não deixou escapar, tanto na Europa como nos Estados Unidos. Mas o espírito de aventura levou-a mais longe e Brígida Neves acabou por responder a um anúncio de recrutamento de bailarinos para Suzhou, na província chinesa de Jiangsu. "Ia conhecer uma cultura muito diferente da Europa e uma nova linguagem de dança", disse Brígida ao China Daily, jornal chinês em inglês.
Brígida Neves partiu para a China no final de 2007, mas quando chegou o sonho foi ultrapassado pela realidade. "Fiz uma audição para um papel a solo como bailarina, mas quando cheguei disseram-me que a ideia era algo mais parecido com cabaret", explicou.
Sem trabalho, nem casa, mas movida pelo amor ao ballet que não queria trair, Brígida Neves decidiu deixar Suzhou e percorreu cidades como Hong Kong, Shanghai e Guangzhou, onde trabalhou como professora de dança e de inglês para sobreviver. Seis meses depois, fez uma audição para o Ballet de Liaoning, província no nordeste da China, e conseguiu um contrato.
Desde o final de 2007, Brígida Neves já dançou na abertura dos Jogos Olímpicos, em Qingdao, na Liaoning TV e no Centro Nacional de Artes Performativas de Beijing, num espetáculo com casa cheia.
"Quero poder dançar um repertório mais variado, evoluir artisticamente e experimentar novos desafios", revelou ao diário chinês, acrescentando que irá continuar a viver na China. "Preciso de novos desafios, que me ajudem a crescer e penso que a China é o local que me permite fazê-lo", explicou.
"Estou muito feliz, tanto a nível artístico como pessoal", confessou a bailarina. E elogiou a abertura da Companhia de Ballet de Liaoning, acrescentando que como a maioria das companhias chinesas não aceita bailarinas estrangeiras. "Gosto das pessoas aqui e, o mais importante, é que posso continuar aqui a minha carreira. As pessoas aqui dão-me muita inspiração", destacou a portuguesa.