A Região Autônoma Uigur de Xinjiang, situada no noroeste da China, é uma das cinco principais localidades onde habitam minorias étnicas. Xinjiang abriga as etnias uigur, han, cazaque, hui, quirquiz e mongol, entre outras. Pessoas de diferentes origens se dão bem e se ajudam mutuamente, levando uma vida alegre e tranquila. Um exemplo de convívio harmonioso é o de duas famílias, uma han e outra uigur, que vivem no Zhou Autônomo da Etnia Hui de Changji.
Em pleno sol de verão em um dia de junho, ao lado de uma plantação de hortaliças, um idoso uigur e outro han conversam sobre a colheita deste ano e sobre as casas para onde estão prestes a se mudar. Eles são Abulizi e Zhao Zhiming.
A série de reformas promovidas nas habitações da aldeia obrigou os moradores a procurar um lugar para viver temporariamente. O fato preocupou o senhor Abulizi, que não tem irmãos e cujas duas filhas já não vivem próximas a ele. Foi quando o vizinho Zhao Zhiming o informou que havia encontrado um lugar para ele vivier.
A amizade entre os dois começou na década de 60 quando o pai de Abulizi chegou com a família a Changji, onde já moravam os Zhao. Começava ali uma amizade que já dura meio século entre duas gerações de famílias oriundas de etnias diferentes. Os meninos que brincavam juntos são hoje simpáticos senhores de cabelos brancos que ainda trocam opiniões sobre diversas questões e se ajudam como se fossem irmãos. Para Zhao Zhiming, a amizade entre os dois é baseada na confiança.
"Falo a verdade, somos mais íntimos do que irmãos. Eu confio nele e ele confia em mim. Temos convivido dessa maneira."
Além de ser vizinhos, eles também compartilham as terras onde plantam. Quando a aldeia distribuiu os terrenos, os dois pediram para que suas terras estivessem lado a lado. Assim, poderiam se ajudar na plantação, semeadura, erradicação de ervas daninhas e na colheita.
Questionados sobre as novas habitações, ainda em construção, os dois disseram esperar continuar vivendo como vizinhos. O senhor Abulizi disse que, caso isso não seja possível, em nada irá abalar a amizade de 50 anos. Ele falou:
"Será uma pena se não pudermos ser vizinhos, mas vamos pedir para que possamos viver um ao lado do outro. Seja como for, vamos conversar sempre. Pois a amizade permanecerá."
Em Xinjiang, muitos são os exemplos de bons vizinhos e amizades fraternas como a de Zhao Zhiming e Abulizi. Essa aproximação está entre as prioridades dos governos locais, que buscam "aumentar a amizade entre as diferentes etnias", oferecendo chances de contato à população. Os governos das aldeias de Jichang, por exemplo, têm desenvolvido diversos métodos de formação educacional e atividades recreativas para que os habitantes aprendam os dialetos de povos que dominam conhecimentos e técnicas de produção específicos, além de promover a amizade por meio de práticas esportivas e de entretenimento.
Wang Chun, chefe do Partido (PCCH) na aldeia onde vivem os dois idosos, trabalha no local há mais de 20 anos. Ela se mostrou satisfeita ao falar sobre as relações étnicas na aldeia:
"Em nossa aldeia, por ocasião do Mês da União Étnica, Dias das Mulheres e Dias dos Idosos, organizamos apresentações artísticas ou palestras. Essa aldeia é um exemplo em Changji, lugar em que as diversas etnias convivem harmoniosamente."
(por Sônia Qiu)