A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, na sigla em inglês) da Otan divulgou ontem (18) uma declaração, anunciando que no dia 20, dia da votação para eleições presidenciais do Afeganistão, todos os ataques contra os Talebans deverão cessar. Ainda na terça-feira, o presidente afegão, Hamid Karzai, ordenou as forças nacionais de segurança a cumprir "um dia de trégua para eleições". Porém, logo após o anúncio da Otan, o Palácio Presidencial e uma esquadra foram atingidos por dois projéteis de foguete lançados pelos talebans. Em seguida, uma base das forças britânicas foi alvo de uma explosão de um carro-bomba, deixando dezenas de mortos e feridos. A opinião pública avaliou que as forças talebans aceleraram seus ataques quando faltam apenas dois dias para a realização das eleições para que a nova estratégia da Otan no Afegnistão enfrente severos desafios.
Há pouco mais de dois meses, a Otan deu início à preparação de suas forças no local para as eleições, a fim de proteger os 7 mil postos de votação das ofensivas talebans.
Poder ou não garantir o bom andamento das eleições, não apenas implica a "visão"da Otan, mas também irá influenciar a tendência geral da Guerra no Afeganistão. Para por fim aos combates no Afeganistão o quanto antes, o presidente dos EUA, Barack Obama, apresentou um "novo plano para Afeganistão" e trocou vários comandantes das forças nacionais e da Otan. Em meados de junho, o comandante das forças dos EUA no Afeganistão, Stanley McChrystal, divulgou, conforme o "novo plano" da Otan, uma "nova ordem de combate". Segundo o documento, por um lado, devem ser aceleradas as liquidações nas tradicionais zonas dominadas pelo Taleban. Por outro, nas demais regiões, deve-se desenvolver o treinamento das forças de segurança nacional e policiais, para preservar a segurança e estabilidade afegã e apoiar sua reconstrução, a fim de ganhar a confiança da população.
Ainda com a interferência da comunidade internacional, as forças Talebans não cessaram seus atentados. Nos últimos dois meses, as milícias continuaram suas ofensivas em regiões-chave, como Cabul, com ataques suicídas ou explosivos, com o fim de abalar a confiança dos soldados da Otan. O grupo ainda transferiu suas forças elite da região sudeste para noroeste, criando uma situação caótica na região, anteriormente calma. O Taleban ainda lançou uma ofensiva política, impedindo o povo afegão a ir às urnas para votação.
Proteger as votações com cem mil soldados das forças estrangeiras e 170 mil das forças armadas afegãs não é uma tarefa muito dura. Porém, em função das constantes explosões ocorridas nos últimos dias e da rápida subida do número de soldados da Otan mortos, pode-se perceber que as milícias, que contam com apenas 15 mil pessoas, estão desafiando a vontade dos soldados da Otan. Stanley McChrystal decidiu adiar o "relatório de retrospecto dos 60 dias da aplicação do novo plano" para depois do fim das eleições, inicialmente previsto para ser entregue aos EUA e à OTAN nesta semana. Isso comprova a importância das eleções presidenciais para o novo plano da Otan. O governo afegão exigiu às mídias nacionais que cessem a divulgação de informação sobre ataques talebans para não desencorajar os eleitores a participar das eleições. Porém, ainda é cedo para julgar se o "cessar-fogo" ou "dia da trégua" é apenas a vontade unilateral da Otan e de Karzai.