Esta edição da cúpula do G8 está sendo realizada em uma escola policial nos arredores da cidade de L´Aquila. Conforme a agenda, a conferência, com duração de três dias, deveria ter início às 13h de ontem em forma de um almoço de trabalho. Porém, somente às 16h é que todos os líderes participantes da reunião chegaram à cidade, e só depois começaram as conversas oficiais.
De acordo com a agenda da conferência, os líderes do G8 vão se reunir para realizar consultas em torno de temas internacionais, como a não-proliferação nuclear, o combate ao terrorismo, a crise financeira e a mudança climática, bem como os problemas do Afeganistão, Irã e Oriente Médio. Os dirigentes também deverão avaliar a situação atual da crise e discutir principalmente medidas para solucionar a questão.
Durante a cúpula, será realizado o Fórum de Potências Econômicas para Segurança Energética e Mudança Climática, que visa buscar uma solução para o problema das emissões de gases causadores do efeito estufa. Na área de energia, as diversas nações participantes da reunião deverão coordenar as políticas e estratégias energéticas e estabelecer novos modos cooperativos para desenvolver um sistema de energia alternativa de alta eficiência. A Itália, anfitriã do encontro, também convidou alguns países africanos a deliberar em conjunto novos métodos de assistência à África.
Até a tarde de ontem, duas declarações foram divulgadas pela cúpula do G8. Uma é relativa às emissões de gases causadores do efeito estufa. Segundo o documento, os membros do G8 querem, junto às demais nações, reduzir em pelo menos 50% o volume das emissões até 2050. O volume total de emissões pelos países desenvolvidos deverá diminuir em mais de 80% até este período. A declaração não apontou o nível de qual ano será tido como referência.
Os participantes também publicaram uma declaração sobre a conjuntura econômica mundial. Para o G8, as medidas de estímulo à economia já apresentaram efeitos positivos e favorecem à retomada da confiança dos investidores. O grupo também declarou que vai reformar o sistema financeiro internacional, resolução assumida na ocasião das cúpulas de Washington e de Londres.
O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, afirmou em coletiva de imprensa que o G8 vai ampliar seu âmbito de participação nos dois dias seguintes. Mais de 30 dirigentes de outros países e organizações internacionais serão convidados a participar da rodada de debate em torno de diferentes temas com os líderes do G8. Conforme Berlusconi, é possível que o grupo elabore uma proposta em L´Aquila sobre segurança alimentar e prometa a aplicação de um valor entre US$ 10 a US$ 15 bilhões em assistência ao desenvolvimento agrícola de países pobres. No aspecto do monitoramento financeiro, os líderes do G8 vão aprovar um documento com base no quadro Lecce para fortalecer a administração e a supervisão de bancos, órgãos relativos e empresas. Além disso, o G8 também deverá chegar a um acordo unânime com China, Brasil, Índia, México, África do Sul e Egito nas questões de oposição ao protecionismo e concretização das negociações da Rodada de Doha em 2010.
A reforma do sistema monetário internacional também é um dos focos dessa cúpula. Segundo o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, o sistema monetário internacional indexado ao dólar americano e ao euro já mostrou defeitos. Para ele, é melhor desenvolver uma moeda de reserva regional. A parte indiana concordou com a opinião da Rússia. Alguns analistas apontaram que é fundamental alcançar consensos nessa conferência acerca da manutenção predominante do dólar americano nas trocas comerciais ou criar uma moeda de reserva internacional.
Quanto à questão de que a influência da cúpula do G8 estaria definhando, os especialistas ponderam que, com a evolução da globalização e a ascendência dos países em desenvolvimento, o G8 já não pode suportar individualmente todos os desafios propostos pelas crises internacionais, como o desequilíbrio econômico e a mudança climática. Uri Dadush, diretor do programa econômico internacional de Carnegie Endowment, think-tank em Washington, apontou que as limitações do G8 são mostradas principalmente na carência de representatividade, legalidade e de capacidade de execução de decisões. A entidade deve realizar uma reforma em seu sistema e ampliar sua envergadura.