Ele é considerado a pessoa que tem um conhecimento mais profundo sobre a Europa, os EUA e a China na elite japonesa. Desempenhou um importante papel no intercâmbio econômico entre Japão e EUA, e, atualmente, está dedicado a comandar os intercâmbios sino-japoneses de alto nível. Ele é Yotaro Kobayashi, comissário-chefe do Comitê de Amizade China-Japão do Século XXI e presidente da Fuji Xerox Co. Ltd. Hoje, apresentamos uma entrevista exclusiva com Yotaro Kobayashi.
A ligação de Yotaro Kobayashi com a China começou há mais de 20 anos, quando a companhia Fuji promoveu negócios no país vizinho. Yotaro relembrou como foi tomada a decisão de entrar no mercado chinês:
"Em meados da década de 1970, o acadêmico norte-americano Herman Kahn previu que o século XXI pertenceria à Ásia e que, no princípio deste século, a receita média dos japoneses e dos chineses ultrapassaria gradualmente a dos norte-americanos. Ninguém acreditava na sua conclusão. Eu também achava que as palavras de Kahn eram irreais. No entanto, com a valorização da moeda japonesa, a renda per capita do Japão superou a dos EUA em 1987. O ritmo de desenvolvimento da Ásia foi confirmado pelo mundo inteiro. Ainda em meados da década de 1980, os países, incluído Japão, começaram a olhar para a China, entendendo que o país possuía um forte potencial econômico."
A companhia Fuji Xerox Co. Ltd. foi fundada em 1962. Inicialmente, era uma empresa joint-venture da Fuji Photo Filme Co.,Ltd, e da Xerox Corporation dos EUA. Posteriormente, a companhia norte-americana transferiu todas as cotas de ações à Fuji Photo e, em janeiro de 1995, a empresa japonesa criou sua filial na China.
Na década de 1980, a China estava em um período de transformação de economia planificada em economia de mercado. Embora o conceito de administração e a experiência das empresas chinesas não fossem comparáveis às transnacionais como a Fuji Xerox, Yotaro considerou que o processo de desenvolvimento econômico era justamente o de encontrar a auto-confiança dos chineses.
"Na China, os talentos que voltam do estrangeiro assumem cargos importantes em breve. Os talentos e as tecnologias devem desempenhar seu papel oportunamente, senão, ficarão obsoletos rapidamente. Na China, as pessoas bem jovens constituem os pilares das empresas, mesmo com pouca experiência, promovendo notavelmente a ampliação das companhias. Aliás, os japoneses são fracos na criação da rede de talentos, o que é exatamente a superioridade dos chineses. Eles sabem aproveitar os recursos humanos que vêm do exterior para promover as atividades comerciais. Além de tudo, nos últimos anos, os chineses aumentaram sua auto-confiança e sua força real."
Nascido em Londres, no Reino Unido, Yotaro freqüentou a Universidade da Pensilvânia, nos EUA, trabalhou em empresas de joit-venture e assumiu o cargo de presidente da Associação Econômica Japão-EUA. Por um longo período, ele manteve uma relação estreita com as empresas norte-americanas. Porém, em 2003, tornou-se o comissário-chefe do Comitê de Amizade China-Japão do Século XXI. A entidade é uma instância de consulta política entre os dois governos, dando sugestões à relação e ao intercâmbio entre Japão e China nas áreas de política, economia, cultura e outras. Ser previdente e perspicaz foram as características fundamentais que fizeram Yotaro ser nomeado para o cargo. Ainda no início da década de 1990, ele anunciou sua estratégia de "Regresso à Ásia" do Japão em um discurso na Universidade de Stanford:
"Disse no discurso que a saída do Japão para o futuro não era o afastamento, mas o regresso à Ásia, significando uma cooperação ampla com os países asiáticos, inclusive China e Coréia do Sul, para procurar uma nova posição do Japão na Ásia."
Nos últimos cinco anos, o Comitê de Amizade China-Japão do Século XXI desempenhou um grande papel na promoção do intercâmbio entre China e Japão e sofreu também dificuldades e desafios. Relembrando a história, Yotaro Kobayashi, sente-se recompensado e satisfeito.
"Acho que os comissários das duas partes realizaram intercâmbios com uma atitude séria e sincera e de mútua confiança. Logo que se formou o Comitê, o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi visitou o Santuário de Yasukuni, o que provocou a suspensão das visitas mútuas entre dirigentes chineses e japoneses. Embora muitas pessoas tenham ficado preocupadas pelo destino do Comitê, eu achava que as iniciativas da entidade não encontrariam grandes dificuldades. Os comissários chineses confiaram sempre em nós. Acho que devemos encarar a história e fazer as discussões necessárias, como, por exemplo, discutir aquela questão, que não se deve esquecer, e os fatores importantes para o desenvolvimento das relações bilaterais."
Quanto aos tons desarmoniosos surgidos no intercâmbio entre China e Japão, Yotaro mantém firmemente sua posição:
"Oponho-me em qualquer circunstância à atitude de negar que a China e o Japão devem desenvolver as relações amistosas para o futuro, pois é completamente errada. Algumas diferenças entre China e Japão podem desaparecer com o decorrer do tempo. Devemos reconhecer as diferenças, e, ao mesmo tempo, procurar mais entendimento mútuo e maior interesse comum."
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