Chen Gongdong, 63 anos, vive na cidade de Yinchuan, capital da Região Autônoma da Etnia Hui de Ningxia, no oeste da China. Ele é famoso por sua paixão pela arte dramática folclórica de Kuaiban, um instrumento de percussão, geralmente feito de várias peças de bambu, parecido com as castanholas.

A arte de Kuaiban é um gênero vocal muito popular no norte da China. Recorrendo a uma forma de récita em que o ritmo adquire grande importância, seus intérpretes relatam histórias relacionadas à vida cotidiana e a personagens conhecidos pelo público. Os estrangeiros podem encontrar certas semelhanças entre a arte de Kuaiban e a arte do rap ou outros estilos musicais ocidentais caracterizados pela importância do ritmo. Chen Gongdong é um grande fã desta arte folclórica.

Todos os fins de semana, Chen Gongdong dá aula da arte de Kuaiban no Centro Cultural de sua comunidade para habitantes amantes da arte. Quando nosso repórter chegou ao Centro, ele estava ensaiando uma peça com seus alunos.

Chen Gongdong é de baixa estatura, mas em suas hábeis mãos o instrumento de bambu produz belos e fluentes ritmos. Ao escutar seus relatos eloqüentes e observar seus graciosos gestos, ninguém pode conter a risada.

Quando Chen Gongdong tinha 9 anos, seu pai começou a ensinar-lhe a arte de Kuaiban. Ao longo de décadas de prática, sua habilidade na arte vem aperfeiçoando-se. Antes, Chen Gongdong só interpretava peças de Kuaiban para seu próprio entretenimento e, às vezes, para ganhar algum dinheiro. Com a melhoria da vida, ele não se preocupa mais com o cotidiano, e a arte de Kuaiban transformou-se no centro de sua vida. Os temas de suas rítmicas narrações, de sua própria autoria, são muito diversos e vão desde o estilo de vida e os costumes da etnia Hui até as mudanças registadas tanto nas zonas rurais como nas urbanas, passando pela aplicação do sistema da seguridade social para os agricultores da Região.

Apesar de sua idade já algo avançada, o interesse de Chen Gongdong pela arte de Kuaiban é cada vez maior. Além de dar aulas todos os fins de semana no Centro Cultural comunitário, decidido a compartilhar sua alegria com os camponeses, ele faz representações gratuitas nas zonas rurais nos arredores da cidade. Décadas atrás, ia ao campo de bicicleta; agora, utiliza uma moto. Ele disse:

"Durante vinte anos fui de um lugar a outro com uma bicicleta que comprei com noventa yuans. Na década de 1980, comecei a ir de moto e já usei mais de dez. A Yamaha que tenho agora vale mais de 8.000 yuans".

No começo deste ano, Chen Gongdong surprendeu seus familiares ao propor-lhes comprar um computador. Ninguém compreendia como era possível que o idoso, que nem sequer sabia usar o controle remoto da televisão, queria aprender a utilizar um computador. Chen Gongdong lhes explicou que queria comprar um computador para escrever versos de Kuaibanr, publicá-los na Internet e contribuir assim para a difusão da arte folclórica.

Graças a seu empenho, em três meses Chen Gongdong aprendeu a escrever com o computador. Ele disse:

"A princípio, apenas usava um dedo para digitar. Como professores tive meus filhos e meus netos. Depois de praticar todos os dias, finalmente aprendi a escrever rapidamente com o teclado. Creio que agora o processo criativo tem maior eficácia e o texto tem um aspecto mais uniforme e profissional".

Desde que aprendeu a usar o computador, Chen Gongdong se dedica à arte de Kuaiban ainda com maior entusiasmo. Algumas de suas peças são adaptações de fatos reais que aconteceram com seus vizinhos. Entre os numerosos protagonistas das narrações sobressaem o taxista Xiao Liu, que devolve a um cliente o dinheiro que ele esqueceu no carro, o jovem Ma, que enfrenta delinqüentes, a senhora Li, que leva uma vida dura para custear os cursos superiores de seus três filhos, e a estudante Guo Xiaomei, voluntária nos Jogos Olímpicos de Beijing.

Chen Gongdong leva uma vida ocupada e feliz: escreve e interpreta peças de Kuaiban, navega pela Internet e, sobretudo, dá aulas da arte a Chen Jiahao, o maior de seus netos. Este menino de treze anos possui um talento especial para a arte e, depois de apenas seis meses de estudo, ele já sobe ao palco junto com seu avô.

Assim explicou Chen Jiahao a alegria que lhe desperta a arte de Kuaiban:

"Adoro a arte de Kuaiban. Quando fazemos uma festa na escola, se só há cantos e danças, sinto-me um pouco aborrecido. Mas, quando alguém interpreta uma peça de Kuaiban, todo mundo ri e fica muito contente, incluindo eu mesmo".

Todas as semanas, o neto e seu avô, convertidos já em astros pelos vizinhos, recebem numerosos convites para oferecer espetáculos. Como sempre, Chen Gongdong está disposto a compartilhar sua alegria com todo o mundo por meio da arte de Kuaiban.