China impulsiona consumo rural com programa de subsídios a eletrodomésticos
    2009-02-06 11:04:35                cri

Durante 10 anos, o aparelho eletrodoméstico mais valioso na casa do pastor Chaolu da Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, era uma televisão de 14 polegadas comprado quando ganhava cerca de 4 mil yuans (US$ 580) ao ano.

Agora, a televisão antiga foi substituída por uma a cores com tela de cristal líquido de 26 polegadas. Para adquirir o aparelho novo, o pastor recebeu um subsídio de 13%, cerca de 253 yuans (cerca de US$ 37), proporcionado pelo governo.

O PROGRAMA SE ESTENDE A TODO O PAÍS

A China lançou o programa piloto de subsídios aos agricultores para que comprem marcas designadas de televisões a cores, geladeiras e telefones móveis nas três províncias agrícolas de Shandong, Henan e Sichuan, assim como na cidade de Qingdao, de dezembro de 2007 a maio de 2008. No total, o projeto inclui 197 tipos de aparelhos eletrodomésticos.

Os preços foram determinados no máximo 2 mil yuans para televisão a cores, 2,5 mil yuans para geladeira e mil yuans para celular. O subsídio de 13% foi dividido de modo que o governo central cubra 80% e os governos locais, os 20% restantes. Cada família rural poderia comprar dois artigos de cada categoria e receber o incentivo nas agências de finanças de seu próprio governo local em 15 dias úteis.

A China, o maior produtor e exportador do mundo de aparelhos eletrodomésticos, também oferece um desconto fiscal de 13% aos exportadores de aparelhos eletrodomésticos e exporta a metade de sua produção cada ano, disse Zeng Xiaoan, funcionário do Ministério das Finanças.

Em dezembro de 2008, o governo ampliou o programa a 14 províncias, regiões autônomas e municípios e incluiu máquinas de lavar com um preço máximo de 2 mil yuans cada uma. Agora, o programa cobre 53% da população rural e se estenderá até 2012.

Em 1º de fevereiro, a China estendeu o programa a todo o país para beneficiar a população rural e incluiu mais quatro produtos: motocicletas, computadores portáteis, aquecedores de água e ar condicionados. Os governos locais poderão escolher dois desses artigos segundo a demanda.

POTENCIAL

O grande investimento do exterior e as exportações de rápido crescimento deram uma importante contribuição ao desenvolvimento econômico da China. Como os efeitos da crise financeira mundial estão se propagando a todo o mundo, o governo chinês pretende impulsionar o consumo interno, especialmente nos mercados rurais não explorados.

As áreas rurais da China ficam atrás das áreas urbanas em vendas de aparelhos eletrodomésticos como televisões, geladeiras e lavadoras.

A renda bruta per capita de 800 milhões de residentes rurais aumentou 8% em 2008, chegando a 4.761 yuans (US$ 700).

"A demanda de televiões a cores nas áreas rurais poderá chegar a 100 milhões de unidades na próxima década, e a demanda de geladeiras a 145 milhões, pois a China tem 210 milhões de famílias rurais", disse Sun Yiding, um porta-voz da Gome, a maior cadeia de lojas de produtos eletrônicos do país.

A China conta com mais de 50 mil povoados e o número de famílias rurais constitui 68% do total.

FABRICANTES

O programa poderá ajudar a impulsionar os fabricantes de aparelhos eletrodomésticos às áreas rurais.

A Frestech, o pricinpal produtor de geladeiras da China, registrou uma produção de 3,5 milhões de unidades nos primeiros 11 meses do ano passado, um aumento de 20% em comparação com o mesmo período de 2007.

A Corporação Nacional de Importação e Exportação de Eletrônicos da China, disse que em novembro passado 155 empresas nacionais e estrangeiras solicitaram a inclusão na lista dos fornecedores oficiais do programa de subsídios, entre elas 122 foram efetivamente incluídas.

Zhu Lijun, um analista da China Galaxy Securities, calcula que a política de subsídios poderá promover o crescimento do setor de geladeiras em 20%, o de lavadoras em 19,5% e o de televisões a cores em 14%, mas terá pouco efeito no setor de celular.

OBSTÁCULOS

Apesar de todos os benefícios, a China necessita superar problemas para impulsionar o consumo rural com o programa de subsídio, segundo funcionários da indústria.

"As baixas rendas e os serviços de seguridade social pouco garantidos dificultam diretamente a iniciativa de compra dos agricultores chineses", disse Zhu Changying, subchefe do povoado Anping, cidade de Nanchong, uma importante base da província de Sichuan, sudoeste da China.

"Os agricultores já não estão preocupados com os custos com relação à saúde porque o governo introduziu o novo projeto de atendimento médico cooperativo em 2003. Mas eles não têm pensões para a aposentadoria, sendo que muitos preferem poupar", disse Zhu.

Os altos custos da eletricidade também dificultam a compra de aparelhos eletrodomésticos.

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