A África, continente com uma área de 30 milhões de quilômetros quadrados, é considerada um dos berços da civilização humana. Sua geografia e história particular permitem a formação de artes singelas e cheias de vitalidade. Com a expansão econômica, a China vem reforçando os intercâmbios com a África. Como uma das consequências disso, instituições não-governamentais chinesas começaram a introduzir e divulgar artes africanas.
"Ao som desse ritmo, eles se juntavam para matar o chefe da tribo. Ao ouvirem o toque do tambor, as pessoas já sabiam que o chefe seria substituído".
Na sala de exibição do centro artístico Bridge, em Beijing, o monitor está explicando aos visitantes uma obra de arte de Camarões - um tambor bem alto. Nas florestas tropicais camaronesas, a tocada desse instrumento significava, há mil anos, a convocação do conselho de idosos para a sentença do chefe tribal destituído.
Foi montada no centro artístico Bridge a exposição "Arte Primitiva e Vida Moderna", uma promoção conjunta do China-Africa Business Council e da Embaixada de Camarões na China. O evento reuniu mais de 500 peças de arte africana, inclusive esculturas em pedra e madeira, instrumentos musicais e artigos religiosos.
Guo Dong, o principal curador da exposição, que viveu 18 anos em Uganda, forneceu a maior parte das obras exibidas. Para ele, a arte africana expressa a simplicidade dos povos locais e transmite memórias ancestrais, além de exercer forte influência sobre a arte moderna ocidental.
"Eu desejo que, através dessas peças, os visitantes conheçam um pouco da cultura africana. Gostaria também que arquitetos e artistas chineses vejam um estilo diferente".
Guo Dong disse acreditar que há um meio de combinar a sabedoria chinesa e os elementos africanos.
Para o presidente do centro artístico Bridge, Zhao Shulin, os intercâmbios culturais entre a China e a África são capazes de superar a distância geográfica e a diferença entre nacionalidades, tornando-se uma ponte entre o povo chinês e os povos africanos.
Segundo Zhao, o Bridge promoveu durante os Jogos Olímpicos de Beijing, uma exposição de esculturas africanas. Embaixadores e jogadores de mais de vinte países africanos participaram da cerimônia de abertura. A mostra reuniu cerca de 150 peças, a maioria antiguidades. A exposição "Arte Primitiva e Vida Moderna", por outro lado, pretende trazer a arte primitiva africana ao cotidiano da população chinesa. O ministro da Embaixada do Congo na China, Edouard Alluma, elogiou a iniciativa.
"A maior vantagem que esta exposição tem é que os visitantes podem apreciar os artigos de perto, ao invés de vê-los através de vitrinas, como nos museus".
De acordo com o ministro, a África tem mais de 50 países e cada um deles possui uma cultura particular. Como a China tem também muitas etnias, o país tem muito a trocar com a África, complementou.
Para o professor do Instituto de Arte da Universidade Tsinghua, Zhao Meng, a China e os países africanos já têm um contato estreito na área econômica, mas mantêm poucos intercâmbios culturais. Ele disse estar emocionado por poder ver tantas obras de arte africanas. Para Zhao, a introdução da arte africana é muito positiva para o desenvolvimento da arte chinesa.
"A arte africana tem um papel importante para o desenvolvimento da arte moderna no século XX. A exposição promovida pelo Bridge fornece uma oportunidade para os chineses conhecerem a arte africana. Talvez dessas peças será inspirado um grande número de obras excelentes".
O ministro da Indústria de Uganda, Ephraim Kamuntu, foi convidado à exibição. Ele disse estar contente por poder ver peças excelentes num país tão distante da África.
"A China e a África têm muita coisa em comum. Somos criadores da arte do ser humano".
A colecionadora Ma Li mostrou grande interesse pela exposição.
"Vi muitas coisas lindas, além da história, religião e cultura dos africanos. Isso é muito bom para quem atua no setor cultural".
Em relação ao futuro, o presidente do Bridge, Zhao Shulin, falou:
"Planejamos estabelecer um centro de intercâmbio cultural sino-africano, que nos possibilite trazer constantemente a arte africana ao público chinês".