A dramaturga He Jiping
    2009-01-20 14:37:21                cri

He Jiping, famosa dramaturga chinesa, criou ao longo das últimas duas décadas inúmeras obras bem aceitas pelo público. Quieta e elegante, He é hábil em escrever histórias impetuosas e criar personagens com destinos difíceis. 

He Jiping nasceu nos anos 50 do século passado. Ela foi criada pela avó em Beijing, enquanto seus pais e irmãos moravam em Hong Kong. Já na escola secundária, He mostrou grande talento na produção literária. Aos 17 anos, quando foi mandada para trabalhar nos campos de Shaanxi, no noroeste da China, He Jiping concluiu seu primeiro drama, Sapato, que conta a história de uma menina. Antes de ir trabalhar nos campos, o pai dela deu-lhe um par de sapatos e disse-lhe que foi um presente de um aldeão que salvou a vida dele. O sapato, no fim, foi reconhecido pelo aldeão depois de a menina chegar à vila. A peça foi interpretada na aldeia onde He Jiping morava. Para assisti-la, os camponeses locais colocaram uma fileira de lâmpadas no campo de plantio. He Jiping diz que aquela fileira de lâmpadas ficará para sempre na sua memória.

Retornando a Beijing, He Jiping foi admitida pela Academia Central de Drama. Após a graduação, o Teatro de Arte do Povo de Beijing contratou He, que já tinha alcançado fama na Capital. Logo depois, ela produziu Prédio de Boa Sorte, peça que permitiu ao público nacional conhecer um pouco sobre a sociedade de Hong Kong, caracterizada pelo capitalismo, algo bem distante da ideologia da população do continente. He Jiping nos contou:

"Foi o primeiro drama que escrevi depois de me formar na Academia Central de Drama. A minha família estava em Hong Kong. Em 1979, visitei a cidade, onde poucas pessoas do continente estiveram. Então, escrevi um drama que narra a história de várias famílias que moravam no mesmo prédio residencial".

 

A produção mais representativa de He Jiping é o teatro declamado Tian Xia Di Yi Lou (O Restaurante Nº1 sob o Céu), que tem como tema o famosíssimo restaurante de pato laqueado Quanjude.

Eis um trecho da peça Tian Xia Di Yi Lou. He Jiping adora comidas deliciosas e tinha o desejo de produzir uma peça abordando o mundialmente conhecido pato laqueado de Beijing:

"Vivo em Beijing e guardo um profundo sentimento pela cidade. Trabalhei naquela época no Teatro de Arte do Povo de Beijing. Então, optei por escrever coisas ligadas à cultura da cidade. Fiz muita pesquisa sobre o restaurante Quanjude. Além de apresentar a culinária, procurei exibir os sentimentos humanos, alma do meu drama".

A obra foi interpretada no Continente e em Hong Kong por cerca de 500 vezes desde sua estréia, em 1988.

Em 1989, He Jiping partiu de Beijing para se reunir com seus familiares em Hong Kong. Ela admitiu que ficou perdida no início, pois ninguém a reconheceu, apesar de ter muita fama no Continente. Ela teve também dificuldade para entender o cantonês, dialeto falado em Hong Kong. Mas, como diz o ditado chinês, "Desde que seja ouro, brilhará um dia". O famoso diretor Hark Tsui pediu a He para produzir o roteiro do filme de ação New Dragon Gate Inn (1991), mas ofereceu apenas algumas páginas de resumo. He Jiping percebeu que era uma excelente oportunidade e concluiu a produção dentro de 45 dias.  

O filme fez um tremendo sucesso e colocou He Jiping na lista dos dramaturgos mais procurados de Hong Kong.

"Em Hong Kong, eu pouco posso decidir o que escrevo. A demanda do mercado fala mais alto aqui, e eu, como resposta, procuro criar histórias fantásticas".

Em 1997, He Jiping ingressou no grupo de teatro declamado de Hong Kong. Um ano mais tarde, ganhou cinco prêmios com Deling e Cixi, adaptação do diário da princesa Deling, do final da dinastia Qing.

Deling era filha de um embaixador chinês no exterior e dominava várias línguas. Retornou em 1903 ao país com seu pai e trabalhou como intérprete da então imperatriz chinesa Cixi. "Ela trouxe à Cidade Proibida, que amargurava o seu crepúsculo, uma luz humana", escreveu He Jiping. A produção exibiu outra face da imperatriz Cixi, conhecida pelo temperamento autoritário e despótico. Como uma mulher, ela também sofreu com a angústia e a solidão.

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