Há 29 anos, ele se despediu de Taiwan, atravessou a nado o estreito de Taiwan e chegou à parte continental da China para freqüentar um curso universitário.
Há 21 anos, ele concluiu o doutoramento em economia nos Estados Unidos e voltou ao país.
Há cerca de dez anos, trabalhava em estudos teóricos sobre a construção do novo campo.
Há um ano, ele tornou-se o primeiro intelectual chinês da Marshall Lectures na Universidade de Cambridge.
Neste ano, ele assumiu o cargo de vice-presidente sênior do Banco Mundial, tornando-se o primeiro chinês a ocupar o cargo na história da instituição financeira e o primeiro economista-chefe procedente de um país em desenvolvimento.
Ele chama-se Lin Yifu.
Lin Yifu nasceu em 15 de outubro de 1952 no distrito de Yilan, na província chinesa de Taiwan. Em 1971, abandonou o curso na Universidade de Taiwan e alistou-se no exército, o que provocou grande repercussão na sociedade local, onde "bons jovens não se alistam no exército" era um conceito em moda. Em 1978, Lin Yifu graduou-se no Instituto de Gestão Empresarial da Universidade Política de Taiwan, tornando-se um dos primeiros mestres de MBA de Taiwan.
Na noite do dia 16 de maio de 1979, Lin Yifu tomou mais uma atitude que teve grande repercussão: nadou um percurso de 2.300 metros de uma ilhota de Taiwan até a província continental de Fujian, terra originária de sua família.
Em um programa televisivo, Lin disse:
"Para mim, um intelectual, foi uma opção natural. A esperança de reunificação da pátria está na parte continental e só voltando ao continente poderia fazer alguma contribuição para a reunificação e o desenvolvimento do meu país".
Em uma carta a seus familiares, Lin escreveu: "Estou profundamente convicto de que a nação chinesa tem a esperança e um futuro promissor. Como um chinês, sinto orgulho do meu país, uma nação que se afigura no mundo com peito elevado".
A Universidade de Beijing o admitiu em seguida e Lin começou seus estudos no curso da economia política do marxismo do Instituto de Economia. Segundo Lin, Taiwan se reunificará à parte continental e o desenvolvimento econômico será a maior prioridade da ilha após a reunificação. A situação exigirá pessoas que entendam a economia do continente e a economia de Taiwan e ele queria ser um especialista neste aspecto.
Na Universidade de Beijing, Lin conheceu muitos professores, famosos mestres da economia e, nos contatos com eles, Lin obteve profundas e diretas compreensões sobre os sistemas político e econômico da parte continental da China. Na Universidade de Beijing, ele teve mais uma virada na vida.
No outono de 1981, o professor de economia da Universidade de Chicago e prêmio Nobel da economia Theodore W. Schultz veio a Beijing fazer palestras. Lin Yifu trabalhou com ele como intérprete. Schultz apreciou o rapaz por seus conhecimentos acadêmicos e habilidade de expressão em inglês e tomou a iniciativa de solicitar para ele uma bolsa de estudos nos Estados Unidos. No ano seguinte, Lin chegou a Chicago freqüentar um curso de doutoramento, tendo como seu orientador Schultz.
Para Lin, o curso nos Estados Unidos foi a segunda opção feita na vida na parte continental.
"Se não tivesse sido convidado pelo professor Schultz, não teria estudado nos Estados Unidos nem teria escolhido a economia como minha carreira profissional de toda a vida".
Quatro anos depois, Lin obteve o título de doutor em economia e começou a trabalhar no Centro do Desenvolvimento Econômico da Universidade de Yale para a pesquisa de pós-doutorado. Várias universidades americanas e o Banco Mundial lhe ofereceram emprego e sua família estava reunida nos Estados Unidos. Mas, Lin fez mais uma opção: voltar à pátria.
"Nos Estados Unidos, podia trabalhar em uma universidade ou em uma instituição financeira. A China estava em um período de rápido desenvolvimento e transformações. Se pudesse participar desse processo, seria uma rara oportunidade para mim, por isso, não pensei duas vezes ao escolher a volta ao país como uma coisa muito natural".
Em 1987, Lin Yifu voltou a Beijing e assumiu um cargo no Centro de Pesquisa do Desenvolvimento, anexado ao Conselho de Estado. Em 1994, ele e alguns economistas tomaram a iniciativa de criar o Centro de Estudos da Economia Chinesa da Universidade de Beijing para formular ao governo propostas de políticas para o desenvolvimento econômico e formar talentos nesta área.
Nos últimos anos, várias idéias de Lin sobre o desenvolvimento econômico da China têm sido provadas pelo tempo e impulsionam o crescimento do país.
Desde seus estudos na Universidade, Lin acompanhou de perto o desenvolvimento da economia rural e sua tese de doutoramento, "Reforma rural da China: teoria e práticas", é considerada por seu orientador Schultz como um texto clássico sobre a economia de novo tipo. Lin avalia que a China é um grande país agrícola e os problemas da agricultura, campo e agricultores representam sempre os problemas fundamentais da reforma e desenvolvimento da China, razão pela qual dedicou-se por longo tempo pelo desenvolvimento da economia rural.
No final da década de 90 do século passado, Lin sugeriu a solução dos problemas da falta de demanda interna e da superprodução por meio da ampliação do mercado de consumo rural. Agora, sua idéia tem sido adotada pelo governo em todo o país.
Na reunião ordinária anual da Assembléia Popular Nacional da China, Li Yifu, delegado do povo, disse:
"Os agricultores estão satisfeitos com várias medidas do governo como, por exemplo, o cancelamento dos impostos agrícolas que perduraram por milênios na China e a emissão de subsídios pelo governo para a produção de cereais; isenção das mensalidades escolares aos alunos rurais na etapa de ensino obrigatório de nove anos; grande investimento do governo em infra-estrutura rural, como rodovias, abastecimento humano e proteção ambiental; criação do sistema de garantia da mínima subsistência de vida no campo; e a criação de um novo tipo de cooperativas de assistência médica no campo".
Lin defende a reforma gradual do sistema econômico chinês. No final dos anos 80 do século passado, ele considerava que, para resolver a questão da baixa competitividade das empresas estatais, o governo deveria coordenar bem o uso dos recursos aproveitando as próprias vantagens da economia chinesa, eliminar os encargos de caráter políticio e criar um mecanismo de competição de mercado justa e razoável.
Estas idéias, que eram naquele tempo vanguardistas, têm contribuído para a China, que mantém o crescimento anual de sua economia por volta de 10% e evita grandes turbulências econômicas. Com a aplicação das teses, a China tem servido como exemplo positivo entre os países em desenvolvimento em busca do crescimento e transformação econômicas.
Os resultados das pesquisas de Lin vêm obtendo cada vez mais atenção e reconhecimento dos colegas. Em novembro de 2007, ele foi convidado para a Universidade de Cambridge, tornando-se o primeiro intelectual chinês da Marshall Lectures. Analisou em seu discurso as estratégias do desenvolvimento econômico adotadas por diferentes países após a Segunda Guerra Mundial e apresentou sua teoria sobre a vantagem comparativa.
Em fevereiro de 2008, o presidente do Banco Mundial, Robert B. Zoellick, nomeou Lin Yifu como vice-presidente sênior e economista-chefe da instituição.
Lin atribuiu o convite da Universidade de Cambridge e do Banco Mundial a vários fatores: a China é o maior país em desenvolvimento do mundo e cada vez mais estudiosos entendem a teoria de "fomento do desenvolvimento, eliminação da pobreza". Lin disse:
"Ao escolher um economista chinês, acho que eles vêm com bons olhos as nossas experiências acumuladas nos últimos 30 anos de reforma. Nossas experiências têm sido afirmadas pelo mundo e mudaram as idéias de muitos intelectuais sobre os problemas de desenvolvimento e transformação econômica. Sem os êxitos da China, não haveria estas oportunidades".
Com as experiências chinesas e sua teoria, Lin Yifu começou seu mandato de quatro anos no Banco Mundial. Na primeira semana depois de assumir o cargo, foi à África para conhecer no local a situação socioeconômica. Lin disse querer difundir seu entendimento sobre as experiências chinesas - libertar a mentalidade, buscar a verdade e progredir junto com o tempo ? para aquelas regiões que estão ansiosas pela solução dos problemas relacionados ao desenvolvimento.
"A meu ver, as experiências chinesas poderão ser apropriadas para qualquer país e região do mundo, com a adaptação em diferentes circunstâncias e condições. Espero dar mais ajuda aos países em desenvolvimento na solução de seus problemas", disse Lin.