Ouyang Ziyuan: da Terra à Lua
    2008-12-15 14:28:56                cri

Às 18h05 do dia 24 de outubro de 2007, o foguete portador Longa Marcha levou a primeira sonda chinesa à Lua, a Chang´e I, para seu caminho da exploração lunar.

No centro de controle, o principal cientista do programa da sonda lunar, Ouyang Ziyuan, ficou bastante animado. O caminho da Terra à Lua tem 380 mil quilômetros para o satélite Chang´e I, mas é a dedicação de 30 anos de vida para o cientista. 

Em 1978, Zbigniew Brzezinski, conselheiro dos assuntos de segurança do então presidente norte-americano, visitou a China, trazendo um presente especial: uma pedra da Lua, que pesa apenas um grama. Aquele foi um presente muito precioso, mas, naquela altura na China, alguém tinha capacidade suficiente para pesquisar? Todo mundo lembrou-se de Ouyang Ziyua, pois ele era especialista em pesquisa de meteoritos e foi considerado apto a examinar a pedra da Lua, uma área totalmente nova para o país.

"A pedra foi carregada em uma caixa de vidro orgânico e seu tamanho era somente equivalente a um grão de soja, mais ou menos um grama. Eu usei metade e organizei todos os cientistas competentes para pesquisá-la. Doei a outra metade ao Planetário de Beijing e até hoje ela ainda está em exibição."

Com o trabalho na pedrinha da Lua, Ouyang começou a ser líder na pesquisa lunar na China. Porém, ele não ficava satisfeito em fazer pesquisa com doações dos outros, mas queria levar os chineses à Lua. Embora o país não tivesse capacidade de explorar outro planeta, Ouyang começou a planejar o caminho chinês para a Lua, considerando as questões mais práticas, tais como "se queremos sondar a Lua, o que devemos fazer?"

Até 1992, o programa de navegação espacial tripulada da China foi oficialmente definido pelo governo, e Ouyang viu a possibilidade de sondagem da Lua.

"Em 1992, quando o governo chinês aprovou o programa espacial tripulado, percebi que nosso país tinha capacidade econômica e tecnológica suficiente. Por isso, lancei as minhas idéias: a sondagem lunar é viável? O projeto é necessário?"

Nos anos seguintes, ele estruturou o âmbito geral do programa de sondagem lunar com outros cientistas dos setores aéreo e aeronáutico e eles lançaram o programa definido em 2002.

"Para nós, neste trabalho de longo prazo, o primeiro passo era lançar um satélite e voar circulando a Lua por um ano. Em uma segunda fase, o aparelho deve pousar na Lua para fazer pesquisas mais detalhadas, que precisa de equipamentos de descida do satélite e do módulo lunar. No terceiro passo, a sonda vai perfurar um poço, coletar exemplares e trazê-los à Terra."

Segundo o programa geral, após a sondagem mecânica, deve acontecer a viagem tripulada e, no final, o estabelecimento de uma base permanente na Lua.

Desde 1992, quando iniciou o trabalho, até 2002, quando lançou a proposta definitiva, Ouyang dedicou-se a pesquisar a necessidade e a viabilidade do programa de sondagem lunar. Para ele, o trabalho mais difícil não era escrever o relatório, mas obter a compreensão e o apoio do povo.

Algumas pessoas tinham dúvidas, já que há vinte anos um país não volta à Lua e até os EUA abandonaram seu programa lunar após a missão da Apolo. Por que nós temos de fazer isso? A isso, o cientista responde:

"Sei exatamente os pensamentos e planos dos outros países. Já vi que os cientistas em vários países pediram aos seus governos que iniciassem os projetos de sondagem lunar. Por conseqüência, em 2004, a Casa Branca anunciou o novo programa lunar. A Europa e a Rússia lançaram suas propostas de exploração lunar, e Japão e Índia também planejaram realizar sondagem à Lua."

Além disso, alguém argumentou também que os Estados Unidos e a União Soviética já fizeram muitos trabalhos nesta área, por que andamos no mesmo caminho dos outros, gastando tantos recursos nacionais? Ouyang respondeu:

"Neste caso, chineses não devem fabricar carros nem aviões? Porque todos os estes são de outros países. A sondagem lunar promove o progresso científico e tecnológico, e o mais importante é que a Lua possui uma posição estratégica muito importante, assim como recursos e energia. Este é um trabalho que temos de fazer."

Após dura pesquisa de viabilidade e constantes debates, felizmente, o relatório de Ouyang sobre o tema foi entregue ao governo central. No início de 2004, o primeiro-ministro, Wen Jiabao, assinou o documento do programa de sondagem lunar. Aquele dia foi uma grande festa para Ouyang e outros cientistas.

Depois disso, Ouyang Ziyuan foi nomeado cientista principal do sistema aplicado do programa. O trabalho dele é no período preparatório, projetando claras metas científicas para a produção do satélite lunar Chang´e I, e, com os requisitos, testar o satélite nos principais aspetos tecnológicos, dando sugestões de melhora.

No dia 26 de outubro de 2007, momento crucial da transferência orbital do satélite Chang´e I, Ouyang estava bastante nervoso, embora todos os trabalhos tenham acontecido rigorosamente conforme os processos predeterminados.

"Eu estava no local, no centro de lançamento de Xichang, mas não consegui dormir e comer, porque estava muito preocupado. Não sabia o que ia acontecer no próximo minuto. O satélite é formado por dezenas de milhares de peças, e a avaria de qualquer uma delas pode comprometer a missão."

A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra no espaço, mas é uma altura que um satélite chinês nunca atingiu, e também representa o sonho de toda a vida de Ouyang. Para ele, o satélite Chang´e I é como um filho:

"Trato o Chang´e I como um filho e sempre tenho preocupação com ele. Durante a sua viagem, o satélite passou por eclipses, que bloquearam a luz do sol por cinco horas. Neste período, a placa de bateria do satélite não podia captar luz nem produzir energia e a temperatura do ambiente poderia baixar até 180 graus negativos. Sem abastecimento energético, ficamos muito preocupados com os equipamentos. Por isso, dois dias antes do eclipse, ajustamos a posição do satélite e fechamos todos os aparelhos, que pararam todo o trabalho para economizar energia e encher a reserva de eletricidade. Após o eclipse, descobrimos que o satélite manteve uma temperatura acima de zero por cinco horas. Foi ótimo".

Chang´e não decepcionou o cientista. Até o fim de outubro deste ano, ele concluiu todas as suas tarefas científicas. Com os dados enviados pelo Chang´e, de volume total de 1,37 TB, a China divulgou no dia 12 de novembro a sua primeira imagem completa da Lua.

"Convidamos os especialistas em topografia, cartografia, geologia e de sensores remotos de todo o país para procurar defeitos na imagem. A conclusão deles é: esta é a imagem completa da Lua mais clara e nítida entre as divulgadas no mundo."

Esta música, que se chama Caminho de 365 Quilômetros, era bem popular na China. Ela descreve os 365 dias de cada ano de realização do sonho de uma pessoa como um caminho de 365 quilômetros, que precisa de muita persistência e firmeza. Bem como cantado na música, no caminho da Terra à Lua, Ouyang Ziyuan percorreu inúmeros pedaços de 365 quilômetros, mas, neste ponto, mesmo com 73 anos de idade, ele não quer parar.

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