Trinta anos de reforma e abertura
    2008-12-09 13:12:02                cri

Hoje, quero contar-lhes uma história da família He, moradora da aldeia Heyayao nesta província. Antes dos anos 1980, os habitantes locais nem conheciam a vila que fica a cinco quilômetros de distância, por falta do acesso. Passados trinta anos, a aldeia vem vivendo mudanças junto com a expansão de todo o país.

O casal He Zhangkun e Fan Shuping, junto com suas duas filhas, vive perto da entrada da aldeia. A filha mais velha já é casada e a caçula, He Qingnian, ficou noiva há pouco tempo. Qingnian se formou em uma universidade normal e trabalha agora como professora de um jardim de infância. Seu noivo é professor de uma escola primária. Qingnian nos contou como ela conheceu o noivo.

"Eu o conheci quando fiz estágio na escola onde ele trabalhava".

Hoje em dia, os jovens chineses, tanto na cidade quanto no campo, têm plena liberdade em relação a namoro e casamento. Há três décadas, no entanto, o casamento nas áreas rurais ainda era decidido pelos pais. Fan Shuping, a mãe de Qianqing, só viu uma vez seu marido antes de se casar com ele, em 1970. Fan recordou:

"Eu era uma menina de 19 anos. Naquele tempo, a mente das pessoas no campo ainda era muito fechada. A minha família decidiu tudo por mim, inclusive o casamento. Só vi uma vez o meu marido antes de me casar com ele".

Entrando em dezembro, já faz muito frio em Shaanxi. Qingnian está de casaco branco curto e calça jeans, com uma bota de cor marrom, roupa igual à de meninas que vivem nas cidades. Com a aproximação do casamento, ela está sempre com um sorriso no rosto. Olhando a filha, Fan Shuping lembrou o traje que a família dela preparou para seu casamento.

"No cotidiano, usava roupas de tecidos. Para o meu casamento, a minha família preparou especialmente calças de flanela, o melhor material da época, cuja compra se sujeitava a cotas".

Ao lado de Fan Shuping, Qingnian mostrou muito interesse na história da sua mãe. Ela completou:

"Sei da história de como a minha mãe se casou com meu pai. A minha mãe veio montada em um burro da aldeia onde morava para cá".  

Fan Shuping riu.

"Andei sim de burro e levei comigo uma flor vermelha".

Desde 1978, ano em que o país começou a adotar a política de reforma e abertura, o nível de vida da população residente nas áreas rurais vem se elevando e os conceitos desse grupo de pessoas sofreram também drásticas mudanças. Quanto à celebração do casamento, segundo Qingnian, os residentes locais costumavam montar burros, matar porcos e oferecer banquetes. Agora os jovens rurais preferem seguir a moda urbana.

"Agora muitos casais vão tirar fotografias de casamento em Xi´an, capital de Shaanxi. Antes, os banquetes eram oferecidos em casa. Agora os restaurantes viraram bem procurados para essas ocasiões".

Segundo a tradição rural, as meninas devem se manter recatadas depois do casamento. Elas não podiam se expressar à vontade perante as gerações mais velhas ou os maridos. Agora, com a chegada dos cultos e universitários à aldeia, o conceito da população local mudou. Fan Shuping disse:

"A força do pensamento dos camponeses foi liberada. Segundo a tradição, as mulheres casadas não podiam conversar com outros homens. Isso não existe mais. A sociedade está evoluindo".

Em 2003, Fan Shuping integrou o contingente de trabalhadores migrantes. Foi sozinha à Região Autônoma de Xinjiang e trabalhou na construção de infra-estrutura. Fan nos contou sua experiência.

"Passei cinco anos em Xinjiang. Não ganhava uma fortuna, mas consegui ver o mundo fora da aldeia de Heyayao e aprendi muitas coisas. Dominei conhecimentos básicos sobre a construção de prédios".

Segundo Fan Shuping, outra mudança drástica ocorrida nos campos chineses é o reconhecimento da importância da educação dos filhos.

"Filhos e filhas são iguais. Todos devem receber a educação e são capazes de contribuir para a sociedade".

Rádio e televisão já não são novidade para os aldeões de Heyayao. Fan Shuping recordou o tempo em que sua família comprou a primeira televisão.

"A minha casa foi invadida por vizinhos quando compramos aquela televisão. Depois de 1986, quase todas as famílias já tinham acesso aos programas televisivos".

Na final da entrevista, Fan Shuping e sua filha disseram desejar uma vida cada vez melhor.

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