Christoph Peisert, um especialista alemão dedicado à proteção dos recursos hídricos da China
    2008-11-24 14:50:24                cri

Christoph Peisert é um especialista alemão e trabalha na Administração de Silvicultura de Beijing. Ele já vive na China há quase 30 anos, tendo morado na zona montanhosa de Yimeng, na província de Shandong, no leste do país, e no reservatório de Miyun, em Beijing.

O primeiro contato dele com a China foi em 1977. Naquela altura, ele estudava na Universidade de Kassel e teve a oportunidade de visitar o país para fazer pesquisa cultural. Durante a estadia de três semanas, ele foi aos municípios e províncias de Beijing, Henan, Hubei, Hunan e Guangdong e visitou as instalações hídricas. Agora, relembrando a experiência daquele ano, ele diz que não havia muitos visitantes estrangeiros na China e o país era bastante fechado:

"Durante as três semanas em que estivemos aqui na China, só encontramos um grupo turístico estrangeiro, dos Estados Unidos e um grupo de balé alemão. Eles hospedavam-se no Hotel de Amizade. Naquela época, a capital chinesa só contava com dois hotéis grandes, o Hotel de Amizade e o Hotel de Beijing."

A curta visita à China o encantou. Após a graduação na faculdade, ele voltou à China em 1982 e começou a aprender a língua na Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing. Logo depois, ele participou de uma série de projetos cooperativos entre os dois países no campo de recursos hídricos como especialista alemão. Em mais ou menos 30 anos, ele obteve sua experiência própria sobre as mudanças da China.

Do fim da década 80 até o início da década 90, ele trabalhava em um programa cooperativo de recursos hídricos na zona montanhosa de Yimeng, na província de Shandong, que é conhecida como uma região de tradição revolucionária. Peisert disse que, mesmo com a falta de experiência em cooperação, especialistas de ambos os países uniram-se e resolveram o problema de acesso à água potável e de irrigação em todos os 12 distritos na região. Ao mesmo tempo, o grupo também difundiu a plantação de árvores frutíferas, promovendo a diversificação agrícola na região e aumentando a receita dos camponeses locais. Comparando com outros tipos de plantas, estas árvores consumem muito menos água, economizando o recurso e protegendo o ambiente hídrico local. Ele disse:

"No início do projeto, no final da década 80, as plantas principais na região de Yimeng eram batata doce e amendoim, e nas zonas com mais água, milho e trigo. Também se encontrava um pouco de tabaco, cuja plantação tinha apoio do governo regional, e quase não havia árvores frutíferas. Mas aquela região possui as condições perfeitas para aquele tipo de plantação. Por isso, nos esforçamos para ajudar os agricultores a plantar e, agora, pode-se ver quase todos os tipos de árvores frutíferas, que já são a fonte principal de renda do povo local. Os camponeses que levavam uma vida difícil estão vendendo maçã, pêra e jujube. Graças ao bom ambiente do ar, as frutas têm muita alta qualidade e a vida dos camponeses é bastante satisfatória. A solução do problema de acesso à água ajudou muito a realização da diversificação de plantas naquela região."

Peisert fez amizade com os agricultores da zona montanhosa de Yimeng. Por meio deles, o especialista alemão percebeu a sinceridade, a simpatia e a característica trabalhadora do povo chinês:

"Eles são muito francos e sinceros. Eles sempre me disseram: podemos trabalhar para o seu projeto em qualquer época no ano, sem problemas. E eles fizeram assim mesmo. Após o duro trabalho, quando eles viram a água saindo da torneira no pátio, sentiram que já era gratificação suficiente e não precisamos agradecer nada pela enorme dedicação deles!"

Peisert voltou a Beijing depois de completar o projeto em Shandong, continuando a trabalhar na área de proteção de recursos hídricos da China. Ele assumiu o cargo de chefe do grupo alemão do projeto de "proteção e gestão da bacia do reservatório de Miyun", promovido entre setembro de 1998 e agosto do ano passado pelos setores de silvicultura dos dois países. O programa dedicou-se a proteger a fonte de água potável da capital chinesa, com o reflorestamento e a arborização da área de quatro mil hectares nos arredores do lago, com um modelo administrativo mais avançado da Alemanha. O programa protege a qualidade da água potável de Beijing e enriquece a vida do povo local. Por isso, Peisert foi condecorado pelo governo municipal com a comenda de Amizade da Grande Muralha.

Ele também tem algum conhecimento sobre a situação de escassez de recursos hídricos de Beijing. Para ele, a cidade já obteve alguns resultados positivos nesta questão nos últimos 20 anos. Em primeiro lugar, Beijing redefiniu a posição da cidade na planificação municipal no início da década de 80, a fim de proteger os recursos hídricos.

"Naquela época, o governo municipal de Beijing divulgou um novo planejamento da cidade. O projeto redefiniu as funções da cidade. Antes, as pessoas achavam que Beijing deveria ser um bom exemplo ao país em todas as áreas, tais como indústria, agricultura, cultura, política e tecnologia. Com o lançamento do novo planejamento, a situação mudou. As pessoas passaram a considerar que é preciso limitar a indústria. Beijing não deve ser uma cidade industrial, mas o centro político, tecnológico e cultural. A importância da agricultura tem sido enfraquecida e a indústria foi retirada tanto quanto possível da cidade. As iniciativas melhoraram significativamente a situação dos recursos hídricos de Beijing. Sobretudo a agricultura, que é uma grande consumidora de água. Tudo isso são mudanças perceptíveis."

Segundo Peisert, já foi criado um sistema de fornecimento hídrico completo. O abastecimento de água para uso diário e produção é garantido efetivamente com o aprendizado das experiências do projeto de cooperação sino-alemã na Província de Shangdong.

"As pessoas começaram a tratar a questão da água a cada dia mais cautelosamente. Durante anos, foram elaborados muitos planos relacionados. O sistema de distribuição foi renovado. Agora, cada vez mais recursos hídricos são reciclados. A cidade já adotou um duplo sistema de fornecimento de água potável e de uso diário e industrial. A água residual pode ser purificada para reutilização. Além disso, o cultivo de trigo já foi suspenso há muito tempo. Também foi suspensa a maioria da irrigação agrícola. Já não se pode encontrar grandes áreas de plantação agrícola irrigada. As empresas do setor passaram a cultivar plantas que consomem menos água. Por exemplo, no distrio de Miyun, a terra que antes era utilizada para plantação de cereais, agora, é usada para cultivar frutas."

Atualmente, Peisert continua trabalhando na Administração da Silvicultura de Beijing. Ele já se estabeleceu na cidade e casou com uma chinesa. O casal tem dois filhos e vive uma vida muito feliz. Ele disse que gosta de Beijing, que é uma cidade interessante. O povo daqui é aberto e franco e os estrangeiros podem viver com facilidade. Além disso, como uma metrópole internacional, Beijing sempre tem muitas atividades e as pessoas sempre têm oportunidades para conhecer novos amigos ou se encontrar com velhos amigos. Ele adora a atmosfera de família e de trabalho daqui.

Além do trabalho, ele não se esquece de dar suas contribuições para a proteção de recursos hídricos de Beijing. Por exemplo, no Dia de Plantação de Árvores da China, ele, junto com seus amigos, vai plantar árvores no subúrbio de Beijing.

"A cada primavera, a China tem atividades de plantar árvores. Nós também fazemos isso, mas plantamos árvores com a comunidade alemã de Beijing. Vamos de carro com a embaixada alemã, empregados de empresas alemãs e professores alemães para plantar árvores no distrito de Miyun. Fazemos isso há dez anos. Este parece mais um passeio de família, com a participação de crianças. Caminhamos e jantamos juntos. Agora, podemos ver as árvores que plantamos. Elas crescem há dez anos. Sempre vamos ao mesmo lugar, a mesma vila. As árvores que plantamos já cobrem uma área de 200 hectares."

Mencionando o trabalho futuro em Beijing, Peisert diz que quer trabalhar não apenas na capital chinesa, mas também em outras cidades do país, para dar mais contribuições à proteção dos recursos hídricos.

"Planejo continuar fazendo trabalhos de proteção dos recursos hídricos em Beijing. No verão do ano passado, estive por uma semana em Ningxia, onde tivemos conversas interessantes com as autoridades locais de silvicultura. Descobrimos que se pode estabelecer ali uma zona-modelo de silvicultura e proteção a recursos hídricos. A silvicultura tem muitas funções, entre elas a proteção da água e do clima. Quero continuar trabalhando neste setor na China, já que acumulei tantas experiências nesta área durante os últimos mais de 20 anos. Acho que posso oferecer mais ajuda para a China."

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