A China vem adotando a política de reforma e abertura há trinta anos. Os intercâmbios culturais serviram durante este período como uma ponte para o país e o mundo se conhecerem, entrando em uma fase de alta sem precedentes, tanto os promovidos pelas autoridades quanto os populares.
Você escuta agora um trecho de uma ópera de Beijing, Shajiabang, que fez muito sucesso nas décadas de 1960 e 1970 no país, quando os chineses tinham uma vida cultural extremamente pobre. É meio difícil para os jovens da atualidade imaginarem uma vida monótona, sem televisão e sem discotecas. Obras como Shajiabang podiam ficar no circuito nacional por um ano.
Zhang Yu, de 50 anos de idade, testemunhou a trajetória dos intercâmbios culturais do país com o exterior. Gerente da China Performing Arts Agency, Zhang Yu é um dos melhores organizadores de espetáculos e exposições na China. Depois de se formar, em 1982, Zhang foi trabalhar no Departamento de Intercâmbios Culturais com o Exterior do Ministério da Cultura. No início, era responsável por receber grupos governamentais da Ásia e da África. Em 1990, pediu demissão do cargo e começou a atuar no setor privado, trabalhando com a promoção de shows e exposições.
"O número de shows e exposições vem crescendo de forma vertiginosa nestes últimos trinta anos. Posso dizer que agora ocorrem todas as semanas shows ou espetáculos em cidades chinesas. Em Beijing, os principais teatros promovem todas as noites espetáculos, inclusive os provenientes da Europa, América, África e América Latina. As mudanças ocorridas nestes últimos trinta anos são drásticas", disse Zhang.
Para ele, a prosperidade apresentada no setor cultural era inimaginável há trinta anos.
Esta é a música Estrela, recém produzida pelo famoso músico japonês Shinji Tanimura. Ele foi convidado durante os Jogos Olímpicos de Beijing a participar do show "Noite da Ásia". Na verdade, o artista japonês já havia aparecido no cenário chinês há 27 anos, quando Beijing promoveu o concerto Hand in Hand.
As atividades culturais promovidas durante as Olimpíadas reuniram cem grupos artísticos provenientes de 80 países e regiões. Para boa parte da imprensa, a China está se tornando uma mais regiões mais atrativas em relação à promoção de espetáculos e ao comércio de obras de arte. Ao mesmo tempo, cresceu o número de artistas e empresas estrangeiras que vêm à China para ampliar sua carreira.
A norte-americana Lisa Cliff, de 41 anos, veio à China em 1991 como uma freelancer. Depois, mudou de profissão e começou a investir em pintura e escultura. Agora, ela possui duas galerias, uma na zona comercial SOHO e outra no bairro artístico 798. Ela se diz confiante em seu negócio no mercado chinês.
"Tenho muita interesse no mercado chinês de obras de arte. Depois de chegar à China, senti o vigor do mercado chinês, além da abertura e da tolerância que o governo chinês mostra em relação a diferentes culturas. Tenho plena confiança no futuro das minhas galerias. Acho que o período pós-olímpico é o melhor momento para eu ampliar meus negócios".
Localizado nas proximidades do Aeroporto Internacional de Beijing, o 798 foi montado nos galpões abandonados de uma fábrica de equipamentos de rádio. Nos anos 1990, a fábrica se mudou e suas oficinas, por acaso, foram revitalizadas. A partir de 2002, um grande número de artistas e instituições de arte vêm instalando seus estúdios ali, tornando o local a zona artística mais famosa da China.
A Cameron Mackintosh, renomada empresa produtora de espetáculos musicais, iniciou no ano passado os preparativos de montar uma joint-venture na China, dedicada à produção de espectáculos musicais de estilo chinês. Em 2003, o Cat, produzido pela Cameron Mackintosh, fez enorme sucesso no país. Para o presidente da empresa britânica, Mackintosh, o favorável ambiente de investimento torna atraente o mercado chinês.
"Fico honrado por ganhar o apoio do governo chinês, que me incentivou a criar obras que se adaptam à cultura chinesa. Para mim, o mercado chinês tem grande potencial ao receber esta forma artística. O desafio de produzir espectáculos musicais chineses será, sem dúvida, uma grande experiência na minha vida".
Com a popularização da cultura ocidental entre os jovens, as empresas chinesas começaram a convidar grupos artísticos estrangeiros para se apresentarem ao vivo, com o objetivo de atender à demanda do mercado. Xiao Le é dono do Mao Live House, uma casa de espetáculos de rock. Ele se diz satisfeito com o resultado da sua administração.
"Começamos a tomar conta daqui em 2000. Convidamos muitos excelentes artistas nacionais e estrangeiros, que trouxeram espectáculos fantásticos. O negócio é bem lucrativo".
Segundo o vice-diretor do Departamento do Mercado Cultural do Ministério da Cultura, Tuo Zuhai, o governo chinês elaborou uma política cultural aberta para estimular a participação do capital estrangeiro no mercado chinês.
"De forma geral, o mercado chinês de cultura tem um alto grau de abertura, que cobre espectáculos, entretenimento, distribuição de produções audiovisuais e comércio de obras de arte. O mercado de obras de arte permite a instalação e a atuação das empresas de capital exclusivamente estrangeiro".
Essa é a música Fogo do Fogão, interpretada em um instrumento de percussão ocidental e em Pipa e Guzheng, dois instrumentos tradicionais chineses de corda, refletindo o costume popular chinês. A peça foi apresentada nas celebrações do Ano Chinês na França e do Ano Francês na China, sendo bem recebida pelos espectadores de dois países.
"É uma nova música, que combina bem a cultura tradicional chinesa e elementos modernos. É primeira vez que ouço este tipo de música".
"Acho bem criativa a combinação de instrumentos de percussão ocidental com instrumentos clássicos chineses".
A China sedia vários festivais artísticos internacionais, incluindo o Festival da Ásia, o Encontro em Beijing e o Festival de Shanghai, entre outros.
O ator indiano Kelli Lazimier participou do 10º Festival da Ásia, que terminou há pouco tempo em Beijing. Ele disse:
"Vi na Índia apresentações excelentes de artistas chineses. Desta vez, tive a oportunidade de vir à China. Falei para meus colegas que vamos compartilhar a cultura indiana com os espectadores chineses".
George Milllor, dançarino do grupo folclórico Meccleu Berg Pommeraner, da Alemanha, se disse emocionado por poder apresentar danças folclóricas alemãs aos chineses durante o Festival Internacional de Folclore.
"As músicas e danças que apresentamos vêm do norte da Alemanha. Elas são muito originais e antigas, com séculos de existência. Nós esforçamos muito para torná-las populares. Fazemos uma turnê pelo mundo inteiro e é a primeira vez que vimos à China. A organização é perfeita".
Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas redobraram seus esforços de promover atividades culturais no exterior. O Ministério de Cultura autoriza anualmente 2.000 projetos que envolvem cerca de 30 mil pessoas.
Para especialistas, no entanto, as empresas chinesas devem se empenhar na criação de marcas internacionalmente famosas para aumentar sua competitividade no mercado global. O vice-diretor do Instituto de Pesquisa sobre Setor Cultural da Universidade de Beijing, Chen Shaofeng, falou:
"As empresas nacionais devem elevar o valor agregado dos seus produtos. Caso tenham condições, sugiro a instalação de bases para exportações dos produtos culturais".