Xi´an, um modelo da urbanização do país
    2008-10-14 11:16:01                cri

Desde 1979, ano da adoção da política de Reforma e Abertura Econômica, a China vem acelerando seu ritmo de urbanização. De acordo com os dados oficiais, a superfície urbanizada da China subiu de 17,9% para 50% do território nacional. Durante este processo, as metrópoles que mais brilharam foram Beijing, Shanghai e Shenzhen. Xi´an, a cidade chinesa com maior dificuldade na industrialização por causa do seu grande número de patrimônios culturais, conseguiu encontrar seu próprio modelo industrialização.

A China possui oito famosas capitais antigas. Xi´an, situada no noroeste do país, lidera o ranking de importância, pois, segundo historiadores chinesa, ela preserva metade da história da nação. É aqui onde se encontra a mais gloriosa memória do feudalismo chinês. Da dinastia Han à dinastia Tang, o nome da cidade era sinônimo da mais avançada civilização do mundo. Um patrimônio tão rico, no entanto, não trouxe muita riqueza aos descendentes desta terra. A decadência da dinastia Tang e a humilhação imposta ao País durante o século XIX silenciaram a cidade.

 

A fundação da República Popular da China, em 1949, e a adoção da política de Reforma e Abertura nos finais do século XX, proporcionaram oportunidades para a revitalização de Xi´an. Apesar disso, é inimaginável o grau de dificuldade para uma cidade como Xi´an se industrializar. A construção de sua infra-estrutura envolve a autorização da Administração Estatal de Patrimônios Culturais. Para proteger seu acervo cultural, a cidade abandonou a opção pela indústria pesada, setor mais lucrativo, e exigiu a permanência das atividades de cultivo de terras nas proximidades de ruínas históricas, calculadas em 100 quilômetros quadrados, proibindo qualquer tipo de empreendimento industrial.

A cidade optou por setores de alta e nova tecnologia e de equipamentos para promover o seu desenvolvimento. Com o lucro obtido dos dois segmentos, as autoridades locais começaram a cogitar a expansão dos setores de Turismo e Cultura, melhorando a vida da população local. Sob tais circunstância, a prefeitura de Xi´an marcou em 1996 o distrito de Qujiang, no leste da cidade, como área teste, em função da ampliação das áreas urbanas.

No início, Qujiang foi definido como "zona turística", sem vinculação com o conceito cultural. Assim, sítios culturais e históricos, bem como as zonas montanhosas existentes nesta zona dificultaram a entrada de investimentos estrangeiros. Para os investidores, o distrito não é atraente em termos do setor imobiliário, em virtude dos limites de ocupação das áreas.

Xi´an, por outro lado, não tem outra opção para ampliar sua urbanização a não ser Qujiang. A cidade antiga de Xi´an, com uma área de dez quilômetros quadrados, pode receber apenas 100 mil moradores, em conformidade com o programa da prefeitura. Em 2000, no entanto, a população da cidade antiga somava mais de 400 mil habitantes e 80% da sua população transitória também se concentra na zona antiga. "No sul, se localizam as Torres de Gansos-bravos; no oeste, há as ruínas do Palácio Qin; no noroeste, se situam as ruínas da antiga cidade de Chang´an, da dinastia Han, e no Norte, o Palácio Daming ocupa um enorme espaço. Xi´an é a cidade que mais enfrenta desafios para se urbanizar", disse o vice-diretor da Comissão de Planejamento de Xi´an.

Desta forma, Qujiang se transformou na última chance de urbanização da cidade. No entanto, a tentativa de explorar o distrito fracassou nos primeiros seis anos. O governo vendeu terras para os investidores, na esperança destes injetarem recursos financeiros em 52 projetos oficiais. O resultado, não obstante, foi negativo. Quase todos os projetos foram interrompidos em função de cortes orçamentários dos empreendedores. Após uma reflexão, a prefeitura tomou a consciência de que é necessário efetuar o macrocontrole sobre os investimentos provenientes do setor privado. "Os terrenos foram vendidos um após outro, mas nenhum empresário quer investir na infra-estrutura. Sem investimentos no espaço público e na infra-estrutura, o ambiente de Qujiang não melhorará e nem elevará o valor de seus terrenos", disse o vice-reitor da Universidade de Comunicações de Xi´an, Xi Youming. "As empresas devem ser o principal investidor, mas a formação e o desenvolvimento de um distrito ou uma região precisam ser apoiados por um forte planejamento governamental", destacou Xi.

   

Com o reajuste do conceito básico, a prefeitura de Xi´an elaborou um novo projeto, o qual abrange a desapropriação de terras, construção de infra-estrutura, concursos de projetos, venda de terrenos, planejamento, atração de investimentos e a supervisão do desenvolvimento dos projetos.

A Praça da Torre de Ganso-bravo, a Cidade Datang (da dinastia Tang) e o Jardim Datang são os primeiros empreendimentos viabilizados pelo plano, que precisavam de um investimento total de 3,75 bilhões de yuans. "A pressão financeira era enorme", recordou o responsável pelos três projetos do Comitê Administrativo de Qujiang, Zhou Bing. "Tínhamos apenas 2 milhões de yuans, o que nos obrigou a recorrer a todos os meios necessários. Ao redor da Praça, reservamos uma área comercial de 200 mil metros quadrados para atrair os investidores. A Torre de Ganso-bravo agrega valor histórico à praça. Assim, os investidores vêm nela um grande potencial comercial", disse Zhou.

   

Diferentemente de centros comerciais em outras cidades chinesas, marcadas pelos arranha-céus, Xi´an optou pela arquitetura da Dinastia Tang, combinando perfeitamente com a história da cidade. A Praça da Torre de Ganso-bravo se transformou, assim, no "cartão de visitas" dos cidadãos de Xi´an.

Com o aperfeiçoamento da infra-estrutura, o setor imobiliário de Qujiang disparou. "Xi´an se encontra na sua melhor fase de sua reforma paisagística, pois seu setor imobiliário está entrando numa trajetória de alta. A demanda por imóveis residenciais poderá sustentar o processo de urbanização. Devemos aproveitar bem esta oportunidade", explicou Zhou Bing.

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