Esporte me dá esforço e persistência - entrevista com a atleta paraolímpica de Cabo Verde Artimiza Sequeira
    2008-09-16 15:09:52                cri

Artimiza Sequeira é a única atleta representante de Cabo Verde nas Paraolimpíadas de Beijing. Com 26 anos da idade, ela era a mais nova da família e agora já é mãe de uma menina de três anos. Ela sempre se esforçou muito nos treinos, com o sonho de que toda a família tivesse uma boa vida.

A atleta, de lançamento de dardo, nasceu em uma família pobre e sua mãe criou sozinha oito crianças. Com a pobreza e a deficiência física, Artimiza era muito fechada e não queria se comunicar com os outros.

Porém, a vida dela mudou por uma oportunidade casual.

"Foi por acaso, foi em uma rua lá em Cabo Verde. Eu estava a caminhar quando o senhor Rodrigo Bejerano viu-me, correu atrás de mim e ele perguntou-me se eu queria praticar esportes. No momento, eu não disse nada. Depois, ele voltou a perguntar. Eu disse que não queria, mas ele me disse 'não digas isso, vamos lá na rua de treino, vais ver as outras pessoas portadoras de deficiência a treinar"

Rodrigo Bejarano é o presidente do Comitê Paraolímpico de Cabo Verde. Artimiza mostrou uma boa capacidade esportiva durante os treinos e representou o país nas Paraolimpíadas em 2004, somente um ano após começar a treinar. Embora não tenha conseguido bons resultados, a própria participação já é uma vitória para ela. Então, por que o presidente Rodrigo a escolheu para o esporte?

"Vi nela um potencial para poder treinar esporte adaptado. No nosso país, as meninas com alguma deficiência não fazem esporte, mas eu senti, quando vi a Artimiza, que era possível lhe convidar. E fiquei muito feliz que ela possa agora nos representar. Acho uma maravilha."

Em Cabo Verde, os atletas portadores de deficiência normalmente não têm campos fixos para treinar e os de algumas modalidades têm que praticar em estradas vazias. Artimiza é uma entre eles e um lugar específico de treinamento tornou-se o sonho dela.

Mesmo com esta condição comparativamente pior, Artimiza passou cinco anos no esporte, de Atenas até Beijing. Agora, Londres é o destino.

Com o esporte, ela também se tornou mais aberta, uma mudança pessoal muito grande.

"Eu gosto daquilo que eu faço. A força de vontade que eu tenho de ultrapassar os obstáculos. Me integrar no esporte é uma forma de afirmar a minha identidade, a minha personalidade e mostrar ao mundo que sou capaz de superar os obstáculos e atingir os meus objetivos."

Para o técnico Rene Zaragoza, Artimiza é uma atleta muito trabalhadora e ele pode sentir o progresso dela todos os dias.

"Podemos dizer que a nossa atleta Artimiza tem desenvolvido nestes últimos treinos positivamente. Não podemos exigir muito mais. É uma pessoa que está preparada para enfrentar a vida"

Além de ser uma atleta, Artimiza também é telefonista em uma empresa e estudante de segundo ano de um curso de serviço social. A vida é muito ocupada, mas ela nunca reclamou. A atleta fica bastante satisfeita com sua vida atual, especialmente com a participação nas Paraolimpíadas. Agora, o sonho dela é ganhar uma medalha nos Jogos Paraolímpicos. Mesmo com muita dificuldade, a atleta está muito confiante.

Durante a conversa, Artimiza cita a filha o tempo todo. O marido dela trabalha em Portugal e ela própria também não tem muito tempo livre, por isso, a filha dela é criada pela tia. Para ela, o esforço de hoje é para dar um bom futuro para a filha.

"Normalmente, quando faço treinos, escola e trabalho acabo me sentindo cansada tanto psicologicamente quanto fisicamente. Mas, quando vou à casa da minha irmã ver a minha filha, minha única filha, a primeira filha que eu tenho, eu fico alegre de vê-la a caminhar, a brincar e eu me inspiro na minha filha, vejo que ela é tudo que eu tenho."

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