Angola é um país que foi vítima de guerras que trouxeram não só feridas e deficiências físicas ao povo, mas também o prejuízo psicológico. O país começou sua reconstrução após o fim da guerra civil, em 2002. Ao mesmo tempo, um outro projeto de "reconstrução" também está se desenvolvendo. Ouça a seguir a entrevista do jornalista do Cripor Luizinho com o secretário geral do Comitê Paraolímpico de Angola, Antônio da Luz.
Antônio da Luz, que também é o chefe da delegação paraolímpica angolana, foi um dos fundadores do Comitê Paraolímpico de Angola, em 1994. Atualmente, os portadores de deficiências físicas causadas pelas constantes guerras civis atraem cada vez mais atenção do governo. O país quer tirá-los da tristeza trazida pela deficiência e pelas doenças e restabelecer a confiança na vida. O esporte tornou-se a melhor forma:
"Com o apoio do governo, concentramos alguns portadores de deficiência para fazerem treinos esportivos. Este plano foi reconhecido por muitas associações de portadores de deficiência no país e, por isso, muitos deles se reintegraram à sociedade."
O esporte traz esperança para eles. Antônio citou um exemplo: José Sayovo, atleta portador de deficiência visual, ganhou três medalhas de ouro nas Paraolimpíadas de Atenas, em 2004, nas modalidades de 100m rasos, 200m rasos e 400m rasos, renovando os recordes paraolímpicos nestas três modalidades. Quando voltou à pátria, ele foi recebido por dezenas de milhares das pessoas como um herói nacional. Porém, antes de entrar na pista, José vivia em uma condição totalmente diferente:
"Ele era muito pessimista em relação ao futuro. Toda família dele sobreviveu com o subsídio de aposentadoria do seu pai, que era um soldado. Desde que ele se dedicou ao esporte e participou das Paraolimpíadas, mesmo que talvez nunca imagine alguns resultados notáveis, o esporte tornou-se o motor da vida dele."
O sucesso do José Sayovo estimulou muitos atletas portadores de deficiência do país, e também trouxe confiança ao governo para desenvolver o esporte para estas pessoas. Para o secretário geral, o esporte está nas funções de reconstrução física e também espiritual dos portadores de deficiência. Atualmente, em Angola, o atletismo para portadores de deficiência vem se desenvolvendo bem. Além disso, há 14 clubes de basquete em cadeira de rodas e já foram realizadas quatro edições dos jogos nacionais.
Poucos anos atrás, muitas crianças perderam pernas em explosões de minas terrestres deixadas pela guerra. Agora, o governo está se empenhando no plano esportivo das crianças deficientes, dedicando-se à recuperação psicológica deles, querendo combinar crianças fisicamente sadias aos treinamentos, ajudando na integração da sociedade.
"Arranjamos um adolescente de 10 a 12 anos para ser irmão ou irmã mais velho para uma criança deficiente de seis ou sete anos. Eles precisam de ajuda das pessoas normais, e outras também podem perceber que deve dar o respeito aos portadores de deficiência, e ajudá-los a superar as dificuldades."
Em Angola, em todas as 18 províncias foram instalados escritórios de Comitê Paraolímpico do país, expandindo o esporte para os portadores de deficiências em todos os cantos do país. Para Antônio, embora Angola não consiga muitos bons resultados nas Paraolimpíadas, o país vai persistir neste caminho para sempre.
Falando sobre as Paraolimpíadas de Beijing, o secretário geral, que esteve presente em várias edições dos jogos, disse que tanto as construções dos estádios e ginásios quanto os serviços oferecidos são muito impressionantes e os Jogos Paraolímpicos de Beijing serão bem-sucedidos:
"Agradecemos à China e ao Comitê Paraolímpico Internacional pelos esforços feitos para o evento, e desejo que todos os atletas de todo o mundo tenham bons desempenhos aqui em Beijing. A vitória não só pertence aos atletas com medalhas, como também a todas as pessoas nos campos de jogo."