Na ausência de concorrentes fortes nas finais de 110 metros com barreiras, o jovem atleta cubano, Dayron Robles, parecia solitário. Quando ele cruzou a linha de chegada com a marca de 12,93 segundos, surgia um novo campeão olímpico. Para Robles, a medalha de ouro é uma nova partida para futuros desafios.

Com o anúncio dos apresentadores, Robles subiu ao ponto mais alto do pódio olímpico. Naquele momento, ele mostrou-se muito tranqüilo, sem gritos nem euforia. Ele disse após a cerimônia de entrega de medalhas:

"Fiquei tranqüilo quando conquistei o título de campeão. Estava muito relaxado desde o inicio das competições. Mas também me esforcei. Não tenho euforia depois de ganhar a vitória".

Entre os poucos concorrentes fortes nas provas finais, basta citar os nomes David Payne, ganhador de bronze no Campeonato Mundial de 2007 e Ladji Doucoure, campeão francês do Campeonato de 2005. Robles, de camiseta branca, calção vermelho e tênis brancos, parecia muito descontraído ao fazer o aquecimento na raia do Ninho de Pássaro. Ele usava óculos pequenos, uma marca pessoal, e olhava para a arquibancada de vez em quando. Enquanto os outros sete participantes ensaiavam a largada, Robles ficou sentado numa cadeira ao lado do campo. Ele amarrou novamente o cadarço e fixou os olhares para o fim da pista.

Foi dada a largada. No começo, ele não assumiu a dianteira. Depois de vencer a terceira barreira, Robles abriu larga vantagem sobre seus adversários e cortou a linha de chegada em primeiro lugar. Quando chegou ao destino, ele começou a festejar, batendo na cabeça. Lembrando da competição, Robles foi modesto:

"A concorrência foi intensa. Só na última barreira, conseguimos dizer quem é o vencedor. Estou em boas condições, mas meus adversários também estavam bem preparados, por isso, a prova não foi fácil. Não tenho excesso de confiança".

Robles chegou a Beijing um dia antes da abertura dos Jogos Olímpicos determinado a conquistar a medalha de ouro e quebrar o recorde mundial de 12,86 segundos. Mesmo sem bater o recorde, garantiu o ouro. Para ele, a medalha é a maior retribuição dos seus esforços.

"Com certeza, fiquei feliz por vencer a prova. Mas também dediquei grandes sacrifícios para isso e sofri muito. Durante anos, fui sempre derrotado. No Campeonato de Osaka e no Campeonato Indoor em Valencia, não tive um bom desempenho e fiquei abalado. Desta vez, finalmente consegui o título".

Sem a presença de veteranos, a pista do Ninho de Pássaro parece ter menos brilho. Robles disse que sentiu saudades de Liu Xiang e queria expressar os melhores votos ao chinês voador.

"Em meu nome e em nome de todos os atletas, gostaria de dizer que Liu Xiang é um grande barrerista e um adversário excelente. Posso sentir a presença dele na pista. Desejo sinceramente que ele se recupere rapidamente. A lesão é a coisa mais triste para um atleta. Espero que ele se retorne às pistas o mais cedo possível".

Com apenas 21 anos, Robles ainda tem um longo currículo a preencher. Ele disse que não vai parar de progredir. O jovem gosta de desafiar a si próprio e viver o entusiasmo.

"Conquistar a medalha de ouro é uma meta cumprida. A seguir, gostaria de competir com colegas experientes e manter o título pelo tempo mais longo possível. Tenho 21 anos. Espero que aos 36 ou 37 anos esteja em boa forma, como meus antecessores Colin Jackson e Allen Johnson".