Presidente da WADA mostra plena confiança em garantir uma olimpíada "limpa"
    2008-08-19 14:35:56                cri

A ciclista espanhola Maria Isabel Moreno obteve resultado positivo no teste para eritropoetina (EPO) num exame feito em 31 de julho na Vila Olímpica e se tornou o primeiro caso de doping da Olimpíada de Beijing. Os eventos esportivos oferecem aos espectadores momentos maravilhosos mas, ao mesmo tempo, um confronto entre a justiça e a má-fé pode se apresentar neste palco. O doping, considerado um "câncer" da arena internacional, prejudica não só a saúde física e psicológica dos atletas, mas também mancha o espírito esportivo caracterizado pela competição justa. O presidente da Agência Mundial Antidoping (WADA, na sigla em inglês), John Fahey, afirmou ao receber a entrevista da CRI, que não perdoará ninguém envolvido no doping, com a finalidade de defender uma olimpíada limpa.

Do ex-velocista canadense, Benjamin Johnson, que "enganou o mundo inteiro" nos Jogos Olímpicos de Seul - 1988, à maior estrela do atletismo na Olimpíada de Sydney -2000, Marion Jones, que perdeu as cinco medalhas obtidas durante o jogo após confessar o uso de doping e anunciou o fim de sua carreira no ano passado, os escândalos envolvendo o doping não pararam de acontecer nas últimas duas décadas. A Agência Mundial Antidoping vem trabalhando como uma das principais organizações na luta contra o doping desde o dia em que foi fundada.

Estabelecida em 1999 na Suíça, a Agência Mundial Antidoping tem como principais tarefas a elaboração e o reajuste da lista de medicamentos proibidos, a indicação dos laboratórios para exames, a pesquisa, a conscientização e a prevenção do doping. Nos Jogos Olímpicos de Beijing, eles trabalham em conjunto com o Centro de Exame Antidoping do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Beijing.

Segundo o presidente da WADA, John Fahey, os exames antidoping durante os Jogos de Beijing baterão o recorde mundial. Ele se disse confiante em manter uma olimpíada "limpa".

"O número de exames antidoping nos Jogos de Beijing vai ser o maior da história. Isso significa o aumento da possibilidade de o uso de doping se expor ao mundo. Eu acho que os Jogos de Beijing terão o menor registro da vitória obtida através da mentira. Qualquer pessoa envolvida no doping será punida".

Os exames antidoping nos Jogos de Beijing são marcados também pela rigidez. O Centro de Exame Antidoping dispõe das instalações mais avançadas do mundo e mais de mil funcionários. O número de exames deve aumentar de 3.600 registrados em Atenas, há quatro anos, para 4.500, aí incluídos 700 a 800 exames de EPO e 900 de sangue.

Além do incremento do número de exames, o avanço tecnológico garante a vitória da WADA na luta antidoping. Nos últimos anos, o desenvolvimento de uma nova geração de estimulantes impôs um desafio às organizações antidoping. O Hormônio do Crescimento Humano (hGH) é um deles. O exame específico foi introduzido em 2004, em Atenas, mas até o momento não foi detectado nenhum caso positivo, pois a substância permanece por um tempo extremamente curto na circulação de sangue do corpo humano, criando oportunidades para os usuários escaparem da detecção. Apesar disso, Fahey garante que a situação mudará completamente em Beijing.

"Adotamos neste ano métodos muito mais avançados em relação aos usados em Atenas, enviando mensagens claras àqueles atletas que pretendem usar hGH".

Fahey revelou que as novas metodologias ganharam a aprovação da WADA e serão usadas durante os Jogos de Beijing. Sua vantagem reside no prolongamento do tempo de exame.

O caso do hGH justifica o fato de que a luta antidoping é um processo árduo e de longo prazo. Para Fahey, o mundo precisa intensificar suas cooperações no combate antidoping. O Código Mundial Antidoping (CMAD) aprovado em 2003 oferece um exemplo excelente. Fahey disse:

"Sem dúvida a elaboração e a aplicação do CMAD elevou o nível da luta antidoping. Instituições competentes de diferentes regiões podem compartilhar informações. Tudo isso vai ser refletido nos Jogos de Beijing".

Fahey, ex-ministro australiano de Finanças, era presidente do Comitê Olímpico da Austrália quando Sydney foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2000. As ricas experiências acumuladas no setor político e esportivo mostraram a ele que a força de uma instituição sozinha é limitada e um combate eficaz contra o uso de doping só pode ser concretizado por meio de cooperações mundiais. Por outro lado, a mudança de conceitos dos atletas e o reforço da conscientização antidoping são necessárias e urgentes.

"A maioria dos atletas participantes dos Jogos Olímpicos é limpa, mas não excluímos a existência de fraudadores. Eu desejo que os casos diminuam. É claro que a meta não vai ser concretizada num dia só, por isso, a educação com os atletas possui suma importância".

Paralelamente, o Comitê Olímpico Internacional reforçou a punição sobre atletas que usam doping, apresentando a política chamada "Tolerância Zero". As amostras de sangue e urina dos atletas vão ser preservadas por 8 anos. Fahey disse que isso é um alerta àqueles que pensam poder escapar do exame.

"Não se esqueça que as amostras vão ser preservados por muitos anos. Com o avanço da tecnologia, os inspetores terão mais informações. Qualquer infrator será punido e perderá suas medalhas".

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