As diaolou e aldeias em Kaiping foram tombadas como patrimônio cultural da Humanidade na 31ª Conferência Mundial do Patrimônio realizada em Christchurch da Nova Zelândia, dia 28 de junho de 2007.
Localização e funções
As diaolou (casas-fortes) localizam-se na cidade de Kaiping, província de Guangdong, sul da China. São uma espécie de casa popular em forma de torre com dupla função: habitação e estrutura defensiva, e integram os estilos da arquitetura chinesa e ocidental.
Desde a dinastia Ming (1368-1644), Kaiping sofria os ataques de malfeitores por sua localidade entre vários distritos, uma zona com precária administração do governo e a desordem social. E ainda, numa zona cortada por vários rios, as inundações eram freqüentes na temporada de tufão. Os habitantes começaram a construir suas casas em forma de torre e com paredes grossas e colocando vigias em cima para proteger-se não só de ataques como também de inundações.
Após os meados do século 19, muitos chineses de ultramar que acumulavam fundos no exterior enviaram dinheiro à sua terra para construir casas com o fim de honrar a família ou para a própria residência no regresso, o que impulsionou a construção desse tipo de casas. Até os anos 20 e 30 do século passado, a construção de diaolou atingiu seu apogeu e o número de diaolou em Kaiping ultrapassava nessa altura as três mil. Estão preservadas 1833 casas diaolou hoje em dia.
Arquitetura singular
Quanto às funções, as diaolou de Kaiping se dividem em três tipos: diaolou ligadas em um conjunto, que foram construídas com fundos coletivos de várias famílias para se abrigar temporariamente quando necessário; diaolou residenciais construídas por famílias ricas no campo e eram a epítome da função dupla das diaolou. Em geral, eram altas e espaçosas, com requintados detalhes esculpidos e ofereciam dependências confortáveis e elegantes; e diaolou de vigia, de estruturas sólidas e simples construídas perto de uma aldeia para proporcionar uma defesa comunal.
Desde o século 14, Kaiping tem sido uma região de emigração para o exterior, assim como um repositório de ideias e tendências trazidas pelos chineses emigrados. Isto também se reflete na variedade dos estilos arquitetônicos das diaolou: estilos tradicionais chineses e estilos romano, bizantino, islâmico, britânico e alemã, bem como estilo de igreja. Existem as diaolou de taipa de pilão, tijolos e betão armado. Por isso, Kaiping é considerado um museu da arquitetura contemporânea.
Relíquia da cultura
Um dos maiores valores das diaolou reside em seu teor cultural: relíquia histórica da cultura de chineses de ultramar de mais de cem anos atrás.
As diaolou de Kaiping integram em si mesmas os elementos da arquitetura de diversos países e refletem desde os materiais até as estruturas, as profundas influências do Ocidente para os chineses de ultramar na arquitetura, conceitos e modo de vida. No território chinês, a grande maioria das construções de estilo ocidental era erguida à força de "navios de guerra e canhões" e levava o sentido de imposição das potências ocidentais. No entanto, as diaolou de Kaiping resultaram da assimilação de frutos das civilizações ocidentais por própria iniciativa de chineses de ultramar e seus conterrâneos rurais, mostrando sua autoconfiança e a atitude de abertura e inclusão para com as tecnologias avançadas estrangeiras. Quando a grande maioria do território chinês se encontrava ainda no estado fechado ou semi-aberto nos finais do século 19 e inícios do século 20, ocorreram no campo de Kaiping, a introdução e a aplicação de materiais e tecnologias avançadas ocidentais, enquanto o conceito de habitantes locais e seu modo de vida começaram a passar de uma sociedade agrícola tradicional para a moderna. As diaolou de Kaiping, em seus diferentes estilos até seus mobiliários, testemunharam o processo da transformação da sociedade rural chinesa para a sociedade contemporânea, o que consolidou seu valor cultural e histórico especial.
Após 1949 quando da fundação da República Popular da China, o ambiente social em Kaiping conheceu enormes mudanças, sendo desarraigado o problema de ataques de malfeitores e aliviado o problema das inundações graças à construção de obras hidráulicas, o que tornou desnecessária a construção de diaolou. Nos anos de 80, com a adoção da política de abertura ao exterior e a reforma da administração rural, surgiram novas ondas de emigração, ao mesmo tempo que muitos camponeses se mudaram para a cidade, de maneira que muitas diaolou ficaram desocupadas tornando-se em meros símbolos da memória sobre a história de chineses de ultramar e o intercâmbio cultural entre a China e o exterior.
Diaolou Ruishi
A diaolou Ruishi localiza-se na vila de Jinjiangli, na Municipalidade de Lianggang, e tem uma área de 92 metros quadrados. Foi construída em 1921 quando as diaolou começaram a popularizar-se. Tem nove andares, sendo a mais alta diaolou em Kaiping. Cada andar tem janelas quadradas em alinhamento com os três andares superiores, constituídos por pavilhões e corredores sinuosos. O telhado arqueado, em estilo bizantino, e a cúpula romana suportada por paredes e pilares, são de estilo único.
Grupo de diaolou na vila de Zili
O grupo está espalhado por três aldeias (Anhe li, He'an li e Yong'an li) e é constituído por quinze casas bem preservadas. A diaolou Mingshi (1925), com toda a mobília original no seu interior, é um excelente exemplo de diaolou.
Jardim Li
Localizado em Beiyi Xiang, o Jardim Li foi construído em 1936 pelo Sr. Xie Weili, um emigrante chinês, após o seu regresso dos Estados Unidos. Ocupa uma área de 11000 metros quadrados, incluindo canais de água artificiais, pontes, pavilhões e corredores.
Existem vários edifícios de tijolo amarelo e azulejo azul no jardim, exemplo da fusão de desenhos chineses e ocidentais. O jardim tem uma grande variedade de árvores e plantas, incluindo a cameleira chinesa, o kapok, o cipreste e outras plantas e flores raras. Esta extraordinária combinação de arquitectura e botânica fazem do Jardim Li um local idílico e panorâmico.
Denglou Fangshi Construída em 1920, esta denglou, também chamada "Farol", tem cinco andares. O seu nome deriva do facto de ter existido um grande foco instalado no seu topo, semelhante ao de um farol.
Bianchouzhu Lou (Diaolou Inclinada)
A diaolou Bianchouzhu Lou localiza-se na vila de Nanxing. Construída em 1903, tem sete andares. Levou dois anos a construir, devido a dificuldades de financiamento. Quando a construção atingiu o terceiro andar, a casa já se inclinava cerca de 10 centímetros para sudeste e, hoje, o seu eixo central tem uma inclinação de mais de 2 metros. No entanto, apesar dos numerosos terramotos e tufões sofridos no século passado, ainda está de pé. Esta notável característica da diaolou Bianchouzhu Lou faz dela a mais famosa diaolou da cidade de Kaiping.