Com a crise financeira dominando a agenda das conferências internacionais de outubro e novembro, a China vem sendo o foco desses eventos e seus líderes dão muita atenção a suas posições sobre como lidar com a crise.
Da 7ª Reunião Ásia-Europa em Beijing à 7ª Reunião dos Primeiros-Ministros da Organização de Cooperação de Shangai (OCS), da Cúpula do Grupo dos 20 sobre mercados financeiros e economia mundial em Washington à 16ª Cúpula de Líderes do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Lima, a China tem se tornado a atração principal desses eventos.
A imprensa e os especialistas ficaram ocupados interpretando as declarações dos líderes chineses, analisando a influência da China e sua contribuição.
INFLUÊNCIA CRESCENTE DA CHINA
O motivo para essa atenção sobre a China vem do grande fortalecimento e influência internacional do pais asiático, resultado da política de reforma e abertura adotada pelo governo chinês há 30 anos.
De acordo com estatísticas divulgadas pelo Departamento Nacional das Estatísticas em outubro, a economia chinesa representou, em 2007, 6% da economia mundial, sendo a quarta maior economia do mundo, enquanto que essa percentagem em 1978 foi de apenas 1,8%.
As estatísticas apontaram também que as reservas internacionais da China são as maiores do mundo, e que o pais é o maior parceiro comercial do Japão e o segundo dos Estados Unidos e da União Européia.
Esses números refletem o papel da China como grande provedor e consumidor de matérias-primas e serviços no sistema de comércio internacional, e colocam o país como um dois principais motores da economia mundial.
COMPROMISSO E AÇÕES DA CHINA
Essa atenção é também resultado do compromisso da China e suas ações para ajudar a economia mundial e sua estabilidade.
Como o premiê chinês, Wen Jiabao, enfatizou na sua palestra durante a cúpula da OCS em Astana, a China, com uma atitude responsável, possui total confiança e capacidade para manter a estabilidade do seu mercado financeiro.
O governo considerou que a medida mais importante e efetiva que o país deveria tomar para enfrentar a crise financeira é manter a estabilidade nos seus mercados financeiro e de capitais, e garantir um desenvolvimento estável e relativamente rápido da sua economia, de acordo com Wen.
"Essa é a maior contribuição que a China faz ao mundo", disse o premiê.
O governo chinês adotou esse ano uma política macroeconômica flexível e cautelosa, acompanhando de perto o desenvolvimento da situação doméstica e internacional.
Enquanto a situação financeira global sofre um rápido deterioramento, o país anunciou uma série de medidas para estimular a economia, cujas conseqüências positivas começam a emerger.
Em 9 de novembro, a China flexibilizou as condições para obter crédito, reduziu taxas e lançou um maciço programa de gastos em infra-estrutura e um amplo esforço para combater as condições econômicas globais adversas através do estímulo à demanda doméstica.
O pacote de estímulo estimado em 4 trilhões de yuans (cerca de US$ 586 bilhões) será utilizado nos próximos anos para financiar programas em 10 áreas principais, incluindo moradias para pessoas de baixa renda, infra-estrutura rural e transporte.
O anúncio foi bem recebido pelo restante do mundo.
Para o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, o pacote é " muito sábio", indicando que a China prepara-se para uma forte expansão fiscal como resposta à situação econômica doméstica.
Zoellick disse que a política de expansão de investimentos e grandes melhoras na infra-estrutura poderiam ser um modelo para outros países.
No mesmo sentido, o subsecretário para assuntos internacionais do Tesouro dos Estados Unidos, David McCormick, considerou que o plano poderia resultar em benefícios para outros países.
O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, ressaltou que, com as medidas anunciadas, a China "tomou a dianteira" na implementação de políticas anticíclicas, destinadas a evitar a contração econômica diante das turbulências financeiras.
Também o chefe do Banco Central europeu, Jean Claude Trichet, disse que o anúncio demonstra que a China "está indo no caminho certo".
O presidente do Peru, Alan García, em discurso na recente reunião da APEC, afirmou que as medidas de estímulo não só facilitaram o restabelecimento da confiança do povo chinês mas também ajudaram o mundo a recuperar confiança.
Su Jingxiang, pesquisador do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, disse que os elogios expõem a consciência do mundo sobre o importante papel da China em ajudar a enfrentar a crise financeira.
Também é uma mostra de que, para a comunidade internacional, as medidas chinesas têm sido rápidas e corretas.
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