O pacote de US$ 585 bilhões do governo chinês para estimular a economia nos próximos dois anos deve beneficiar os produtos brasileiros, já que promete fomentar 10 setores fortes da economia do país, como construção civil e infra-estrutura. O Brasil é referência no fornecimento de insumos básicos, como o minério de ferro.
As informações são do evento "Brasil x China: O Mercado do Aço do Outro Lado do Mundo", promovido pela Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE) e a Steel Business Briefing (SBB Brasil), agência britânica de notícias especializada no setor siderúrgico.
"A China utilizou 430 milhões de toneladas de aço em 2007. Com esse pacote, vai gerar uma demanda de 130 milhões de toneladas de aço. O governo quer acelerar os investimentos em dois anos. Além do que foi investido em 2008, serão mais US$ 150 bilhões para 10 mil km de linhas em 2009 e o mesmo em 2010. Vale lembrar que esse número não se refere só a trilho ou viaduto, são estações inteiras", explicou o presidente da CBCDE, Paul Liu.
Segundo Liu, serão investidos aproximadamente US$ 150 bilhões por ano apenas na malha ferroviária e na construção de estações de trem de alta velocidade. Para manter a economia chinesa, outros setores relevantes também receberão investimentos, como a construção de casas populares, infra-estrutura, energia, ferrovias, portos, projetos sociais, educação, agricultura, meio ambiente e tecnologia.
"Precisamos construir mais prédios e infra-estruturas que precisam de aço. O governo está incentivando o mercado doméstico", afirmou o consultor e pesquisador da SBB, Bingwei Zhu.
Liu informou também que o governo chinês espera que os investimentos gerem algo em torno de 6 milhões de empregos no próximo ano. Além disso, a ação aumentará o consumo de 20 milhões de toneladas de aço e 120 milhões de toneladas de cimento, produtos importantes no Brasil.
"Somando tudo isso, o governo espera aumentar em 1,5 ponto o PIB em 2009. Portanto, as pessoas que esperam que a China cresça 7% podem mudar de idéia. Só com esse plano vai pular para 8,5%. Nessa semana, analistas já acreditam que o governo consiga manter na casa dos 9%", disse Liu.
Os analistas chineses explicaram as estratégias do governo chinês para evitar a crise. Para Bingwei, o governo chinês deve diversificar os países compradores. "Acredito que as exportações siderúrgicas passem a ser direcionadas mais para novos mercados, como sudeste asiático e América Latina", considerou.
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