No fim de 1978, a aldeia Xiaogang de Anhui, no centro da China, foi a pioneira na reforma do regime de agricultura do país. Distribuiu pela primeira vez desde a fundação da nova China o direito de utilização da terra cultivável para as famílias. Duas décadas depois, a aldeia Hongtian, de Fujian, província sulista, distribuiu pela primeira vez no âmbito nacional o direito de exploração dos recursos de silvicultura. Estes lugares reformaram os regimes administrativos fundamentais das áreas rurais e determinaram os agricultores como corpo principal da administração da terra. Recentemente, a reportagem visitou Hongtian.

Logo depois de chegar ao local, pode-se ver coberturas verdes. Os habitantes locais têm muita vontade de plantar árvores. Mas, eles revelaram à reportagem que anteriormente não era assim. A indefinição da propriedade das florestas causou um corte de árvores desordenado. O aldeão Xu Zhengquan disse:

"Naquela altura, muitas pessoas cortavam excessivamente árvores, porque ninguém se interessava por administrar a floresta."

Hongtian era uma aldeia desconhecida na região montanhosa do noroeste de Fujian. Beneficiados, assim como agricultores de outras regiões do país, pela política de distribuição do direito de utilização da terra cultivável, os habitantes de Hongtian resolveram depois da aplicação da reforma e abertura a questão de necessidades básicas. Então, começaram a pensar em meios para melhorar ainda mais a vida. 1.200 hectares de florestas que pertencem à aldeia atraíram a atenção das pessoas. Devido à baixa eficiência da administração coletiva, era muito popular a expressão de "guardar montanhas de ouro e prata, mas levando uma vida pobre".

Em 1998, uma reforma do regime de propriedade florestal inédita foi executada silenciosamente em Honglin, cujo tema era distribuir a propriedade das florestas montanhosas. O funcionário da aldeia Deng Wenshan relembrou:

"Naquela altura, o governo ainda não tinha políticas sobre isto, por isso, andávamos um pouco preocupados. Com a ausência de uma solução governamental, os aldeões ficavam discutindo a distribuição da propriedade dos recursos florestais das montanhas. Caso os agricultores não pudessem ser beneficiados pela solução, a reforma não obteria sucesso. Persistimos no princípio de justiça e os agricultores puderam obter com igualdade os direitos em relação aos recursos florestais, como distribuíamos as terras cultivadas."

Depois de amplas discussões entre os membros da aldeia, decidiu-se que as famílias locais podiam empreitar o direito de administração das terras cultiváveis e a propriedade das árvores. Um ano depois desta decisão, todas as montanhas no território de Hongtian foram cobertas por árvores, e ninguém cortava desordenadamente as árvores. Um aldeão disse:

"Jamais existem montes ou colunas descobertas, porque todo mundo quer plantar árvores ali."

Conforme as condições objetivas e a preferência dos habitantes, a administração e a renda das terras montanhosas foram distribuídas para as famílias agrícolas, abrindo o caminho da reforma do país nesta área. O grupo de inspeção enviado pelo Conselho de Estado reconheceu a reforma tomada pela aldeia. O pesquisador da silvicultura Huang Jianxing avaliou:

"Em 1998, sem envolvimento do governo, a aldeia Hongtian começou a distribuir silenciosamente o direito de utilização das montanhas. Dez anos depois, quando pensamos em sua necessidade, considero que é uma tendência de desenvolvimento inevitável. Fujian é uma região montanhosa, por isso, a decisão de Hongtian possui grande significado."

A aldeia Hongtian distribuiu as propriedades das florestas para as famílias rurais. E todas as famílias e seus membros gozam direitos iguais. Desta forma, todos os habitantes locais começaram a levar uma vida próspera. O aldeão Zhong Changxin, de 58 anos, afirmou:

"Levava uma vida muito dura. A minha mãe tem mais de 80 anos de idade e está doente há três anos. A minha esposa é portadora de deficiência e não consegue viver independentemente. Graças à nova política, posso ganhar a vida plantando árvores na montanha."

Devido à nova política, as florestas montanhosas tornaram-se uma fonte de riqueza dos habitantes locais. Agora, eles cuidam autonomamente destas árvores, mantendo os produtos fitossanitários e prevenindo incêndios. Agora, a taxa de cobertura florestal da aldeia atingiu 81,4%, ocupando o primeiro lugar no país. Os aldeões organizaram uma associação de segurança florestal para fazer patrulhas rotativas nas montanhas. Durante dez anos, nunca aconteceu na aldeia nenhum incêndio florestal ou roubo de madeira. Um funcionário da aldeia disse:

"O direito de utilização das montanhas foi distribuído para as pessoas e elas obtêm conseqüentemente a propriedade das florestas. As pessoas cuidam bem de suas propriedades."  

Hoje em dia, os habitantes locais de Hongtian ganham uma renda anual de cinco a seis mil yuans, muito superior à média nacional. Dessa renda, 60% são gerados por silvicultura. O aumento do volume de recursos naturais também estimulou o desenvolvimento das empresas de processamento. Agora, há no local mais de dez empresas de processamento de madeira e bambu, cinco das quais contam com produção anual de mais de cinco milhões de yuans.

Em 2003, as experiências de Hongtian foram promovidas em toda a província de Fujian. No mesmo ano, a província aumentou 7,4 de metros cúbicos de reserva de madeiras por cada hectare de floresta. Ao mesmo tempo, a renda dos habitantes locais também subiu. O pesquisador Huang Jianxing disse:

"Os dados estatísticos mostram que metade da renda dos agricultores é oriunda da produção da silvicultura. Os habitantes locais encontraram meios de melhorar a vida, e a economia local prosperou."