Enquanto a China procura diversificar as fontes para financiar a rápida expansão da indústria carvoeira, as agências financeiras estrangeiras estão ansiosas para desempenhar um papel ativo no setor.

Como o maior produtor e consumidor de carvão no mundo, a China requer mais energia, especialmente carvão, para manter o rápido desenvolvimento de sua economia.

"O banco central continuará estimulando as companhias carboníferas a procurar diversos canais para reunir fundos, incluindo a cotação em bolsas, o financiamento direto e fundos energéticos", afirmou Ma Delun, vice-governador do Banco Popular da China (banco central), na Exposição Internacional das Novas Indústrias de Carvão e Energia da China 2008, realizada em Taiyuan, capital da província de Shanxi, no norte da China.

"Embora a indústria carbonífera da China apresente bons retornos, carece capacidade para financiar seu desenvolvimento, especialmente nas áreas de liquefação do carvão, exploração de gases nas camadas de carvão, e a gaseificação de carvão, cujo desenvolvimento se vê afetado pelos grandes riscos de investimento", destacou Mao Jinmin, diretor da sucursal em Taiyuan do Banco Popular da China.

"A China necessita fontes de investimento diversificadas e serviços financeiros profissionais para financiar sua indústria carbonífera", assinalou.

Na província de Shanxi, fornecedor de um terço do volume de carvão do país, o capital privado está acostumado a ser utilizado para financiar a mineração carbonífera tradicional, que constitui um alto risco para o meio ambiente.

Por outro lado, a aplicação de tecnologias para as energias limpas e o processamento profundo de carvão enfrentam o obstáculo da falta de capital.

Em um fórum realizado durante a exposição, muitos profissionais das instituições estrangeiras recomendaram à China que utilize o mercado internacional de capital para financiar sua própria indústria. Segundo eles, o país pode seguir exemplos bem-sucedidos como o Rio Tinto, Anglo American Xstrata e a própria Shenhua, da China.

"Muitas companhias energéticas, incluindo Sinopec e Petrochina, têm descoberto um bom valor de mercado e uma boa razão de preço/lucro depois de abrir seu capital na Bolsa de Hong Kong", expressou no fórum Huang Xingling, subdiretora do escritório em Beijing da Bolsa de Hong Kong.

Segundo Huang, a colocação de ações nas bolsas externas não só arrecadará fundos, mas também ajudará a impulsionar a administração corporativa e reforçar a reputação internacional da companhia.

"Desde que o país aplicou uma política monetária mais apertada, a obtenção dos empréstimos bancários deixou de ser algo fácil, por isso recomendamos às companhias chinesas que façam bom uso da cotação em bolsas, dos bônus corporativos, dos fundos privados, da fusão e aquisição para arrecadar capital", particularizou Wang Zhonghe, diretor administrativo do Deutsche Bank na China.

Ede I jjass, subdiretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial, afirmou que a entidade tinha investido em muitos projetos de tratamento de carvão na China, e que está conversando com a província de Shanxi sobre um plano para financiar um projeto de desenvolvimento de gases em camadas de carvão.

"Nosso objetivo consiste em apoiar o desenvolvimento de energias limpas e renováveis da China", expressou no fórum.

Na exposição, Taggart Global, fabricante americana de maquinário para mineração, não só apresentou seu programa de solução mecânica, mas também se aliou ao Grupo de Capital Quintana, também dos Estados Unidos, para oferecer serviços financeiros e apoiar as empresas carboníferas chinesas na exploração química de carvão e de gases em camadas de carvão.

Segundo fontes do governo provincial, Shanxi está avaliando a possibilidade de aproveitar o mercado internacional de capital, através de uma cotação de grande escala das empresas locais de carvão nas bolsas.

Alguns profissionais expressaram no fórum que o governo deve aumentar esse apoio com a adoção de políticas, como baixar o padrão para a entrada de capital estrangeiro e impulsionar a participação de fundos privados.