Na recente reunião da 11ª Assembléia Popular Nacional, o governo chinês revisou sua descrição do ritmo básico do desenvolvimento socioeconômico do país. Conter o superaquecimento não é a tarefa principal do macro-controle. Conforme pesquisadores, a revisão mostrou que o governo chinês dará maior atenção a empregar medidas de reajuste flexíveis e habilitadas de acordo com a realidade da economia.

Recentemente, falando ao comitê permanente da Assembléia Popular Nacional, o vice-diretor da Comissão do Desenvolvimento e Reforma Nacional, Zhu Zhixin, descreveu a base do desenvolvimento socioeconômico do país na próxima etapa:

"Trataremos como tarefa principal manter o crescimento econômico rápido e estável e conter o superaumento de preços. Isto é, destacaremos os trabalhos para conter a inflação, assegurar a continuidade e a estabilidade das políticas de macroeconomia, dar prioridade à solução das contradições e problemas surgidos na operação da economia, fortalecer a previsão, especialização e flexibilidade dos reajustes de macro-controle e dominar prudentemente os pontos-chaves, ritmos e intensidade das medidas de manobra."

Comparando a versão de Zhu às circulares divulgadas pelo governo na reunião econômica nacional realizada em fins do ano passado e nas reuniões da Assembléia Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, realizadas no início deste ano, as pessoas vão descobrir algumas diferenças. Os documentos anteriores afirmaram que conter o superaquecimento da economia e a inflação deveria ser a tarefa principal do macro-controle.

Porém, desde início deste ano, as situações econômicas internas e internacionais mudaram muito. As mudanças fizeram o governo central da China revisar as metas do desenvolvimento.

O membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e economista Xu Shanda considera que, conforme as metas estabelecidas no ano passado, o governo chinês aumentou neste ano o investimento para o sustento da vida do povo, reduziu a envergadura do crédito, especialmente para indústrias eletrointensivas e o setor imobiliário. Com estas políticas, o ritmo da expansão econômica caiu 2%, enquanto o aumento do consumo superou o do investimento, e o crescimento da importação foi maior que o da exportação. Para Xu, sob esta situação, o governo deve revisar as medidas de macro-controle:

"No fim do ano passado, falamos sobre a prevenção do superaquecimento da economia e nossos esforços mostraram no primeiro trimestre deste ano seus efeitos: a tendência de superaquecimento foi atenuada e, até o segundo trimestre, a possibilidade do superaquecimento já foi reduzida para um nível muito baixo. Por isso, as políticas anteriormente tomadas já não correspondem ao desenvolvimento econômico."

Além disso, a economia chinesa também passou neste ano por testes de diversos fatores de incerteza. O economista-chefe da Companhia Limitada de Galaxy Securities, Zuo Xiaolei, salientou:

"No primeiro semestre, surgiram diversos fatores de instabilidade, tais como calamidades naturais e impactos trazidos pela crise do mercado secundário do empréstimo imobiliário dos EUA. Por isso, é extremamente necessário fazer neste momento um reajuste das metas e políticas econômicas para manter a estabilidade do andamento da economia."

Outros pesquisadores declararam que a versão de "conter superaquecimento" foi substituída por "assegurar o desenvolvimento", o que transmitiu a preocupação do governo chinês sobre um declínio econômico eventual. Devido à atenuação do desenvolvimento econômico global e a fraqueza do consumo das economias principais, diversas empresas de exportação de médio e pequeno porte da China encontraram dificuldades comerciais. Ao mesmo tempo, a pressão da inflação permanece grande. Sob este contexto, o governo chinês tomou a decisão de conter o superaumento de preços ao assegurar o desenvolvimento econômico rápido e estável, e aumentar o empréstimo às empresas de médio e pequeno porte e de alta tecnologia ao restringir a expansão das indústrias eletrointensivas e apoiar a produção agrícola, a fim de promover a transformação da estrutura industrial. Além disso, a restauração das áreas afetadas pelo terremoto também foi colocada na agenda dos trabalhos do governo central.

Xu Shanda considera que as novas medidas tomadas pelo governo central mostram que ele está reajustando e aperfeiçoando incansavelmente o mecanismo de decisão das políticas econômicas:

"O reajuste do ritmo básico do desenvolvimento socioeconômico é refletido na mudança do mecanismo de decisão das polícias econômicas fundamentais do governo. A China aplicava ao longo dos anos uma economia planejada e criou o costume de fazer no fim de todos os anos um programa econômico que deveria ser executado até o fim do ano seguinte. O maior defeito desta metodologia é a diferença entre as políticas e a realidade, caso a economia não caminhe conforme o plano."