Caso você venha visitar neste momento a capital chinesa, vai descobrir que tanto as instalações olímpicas quanto avenidas e condomínios estão decorados com flores coloridas. Talvez você não saiba que o consumo de flores da cidade atingiu neste ano o pico da história, de 70 milhões de raízes. Para os Jogos Olímpicos de 2008 mostrarem uma paisagem coberta pelo verde, o governo municipal e entidades de pesquisa começaram há alguns anos a selecionar e criar as flores olímpicas. Nos arredores da cidade foram construídas bases de produção de flores. No programa de hoje, vamos conhecer estas empresas e institutos de pesquisas.

O Sr. Wen Baoxiang é o gerente-geral do Centro de Plantas Beilangzhong de Beijing. A empresa foi fundada há uma década e sua sede fica perto do aeroporto internacional da capital. Wen revelou que no início os clientes da empresa eram principalmente as empresas de grande porte e instituições de arborização de estradas. O valor dos contratos era muito pequeno. Mas, acompanhando o aumento da atenção dada pela cidade à proteção ambiental e à arborização, a demanda por plantas paisagísticas vem aumentando. Em 2004, prevendo o potencial do mercado, a empresa começou a cooperar com instituições acadêmicas para introduzir e desenvolver novas espécies. E os negócios vêm prosperando. Hoje em dia, a empresa já conta com mais de cem tipos de produtos e a capacidade de produção anual atingiu sete milhões de raízes. A empresa também foi certificada como fornecedor olímpico e ganhou um contrato para fornecer oito milhões de plantas durante os Jogos. O volume de venda duplicou em comparação com o nível do ano passado. Wen disse:

"A organização dos Jogos Olímpicos comprou seis milhões de plantas, além de dois milhões de reserva. O lucro alcançará pelo menos 1,5 milhão de yuans. Neste ano vamos ganhar muito mais do que no ano passado."

Segundo ele, para produzir as flores olímpicas, a empresa investiu, em setembro passado, vinte milhões de yuans para aprimorar os processos de trabalho, o sistema de irrigação e outras instalações de infra-estrutura. Além disso, construiu estufas de 30 mil metros quadrados, totalmente computadorizadas. Com este controle, a intensidade da luz solar que entra, a água e a temperatura são ajustadas automaticamente.

Atualmente, as flores produzidas por Beilangzhong já estão espalhadas no Estádio Ninho, no Cubo de Água, na avenida do eixo central e na avenida olímpica, cobrindo um total de 200 mil metros quadrados.

Passeando pelo centro, pode-se sentir o aroma de flores. Wen Baoxiang explicou que o centro de produção também serve como um lugar de lazer que os habitantes da cidade poderão visitar aos fins de semana. Nem ele próprio imaginava que o desenvolvimento da empresa seria tão rápido.

Criar e produzir espécies de plantas para os Jogos Olímpicos é um projeto de pesquisa iniciado anos atrás. Depois que Beijing ganhou a oportunidade de sediar os Jogos, muitos pesquisadores da área botânica manifestaram-se preocupados, porque durante agosto o clima de Beijing é caracterizado por alta temperatura, alta umidade e chuva. As flores resistentes a estas condições são muito poucas.  

Desde então, o Instituto de Pesquisas Botânicas de Beijing começou estudos sobre flores olímpicas. O engenheiro-chefe, Li Yanming, afirmou:

"Trabalhamos em dois aspectos: primeiro, realizamos seleções e testes das espécies importadas, para ver se suas características naturais atendiam à demanda dos Jogos Olímpicos. Em segundo lugar, ainda temos que fazer a readaptação destas espécies, porque são poucas as espécies originalmente resistentes à alta temperatura e aos raios solares, por isso, temos que fazer readaptação de outras."

A seleção de flores foi um processo duro, porque, no início, nem espécies estrangeiras nem nacionais atendiam às condições. Nesse momento, os estudos desenvolvidos pela instituição nos anos 90 do século passado contribuíram para o trabalho. Desde 1995, o instituto começou a desenvolver flores readaptadas para o clima de Beijing. Com base nestas espécies, os pesquisadores conseguiram obter plantas que podem servir para os Jogos Olímpicos.

A pesquisadora Zhang Xixi disse:

"O que nos dá mais orgulho é que a maioria das espécies para os Jogos Olímpicos é criada por nós próprios. Isto é graças às experiências obtidas ao longo de mais de dez anos de trabalho. A adaptação de espécies é um trabalho de longo prazo, às vezes leva muitos anos. O período de desabrochar começa em fins de julho e termina em fins de agosto. Já fechamos contratos com alguns fornecedores olímpicos."

No ano passado, o município anunciou mais de 500 espécies de plantas avaliadas pelos técnicos, e os cidadãos votaram para selecionar 20 delas.

A funcionária da Administração de Arborização de Beijing Xu Jia disse que, logo depois que foram determinadas as espécies, começou a produção em grande escala. Ela disse que, durante este processo, o governo desempenhou apenas o papel de elaborar o programa geral:

"Em diversos distritos nos arredores de Beijing foram estabelecidas bases de produção de flores. A produção e a venda destes produtos é um ato comercial, e o comprador toma a decisão sobre as espécies a serem adotadas. Por exemplo, a Universidade de Beijing adquirirá as flores para o ginásio do tênis da mesa e o grupo Xin´ao fará o leilão das flores do Estádio Ninho. A Administração da Silvicultura do município trabalha como um órgão coordenador que avaliará os programas de áreas chaves e elaborará o plano geral."

Conforme o plano, Beijing vai formar durante as Olimpíadas faixas de flores nos cinco anéis que circundam toda a cidade e cem jardins botânicos.

Há algumas pessoas que se preocupam com o futuro das empresas de produção de flores depois dos Jogos Olímpicos. Porém, o gerente Wen está otimista sobre isso:

"Depois dos Jogos Olímpicos, virão outros eventos. As flores são necessárias para elevar o padrão de vida e melhorar o ambiente. A arborização dos pátios dos habitantes locais trará uma grande demanda por plantas paisagísticas. Por isso, no futuro, ainda vamos ter mais trabalho, incentivar as empresas e melhorar os serviços voltados para projetos públicos e necessidades privadas de diversas camadas."