A recente alta constante no preço dos cereais tem chamado a atenção de diversos setores para o problema da segurança do abastecimento. Em entrevista à nossa reportagem, um especialista no assunto afirmou que, nos últimos anos, a produção cerealífera vem crescendo continuamente e o mesmo ocorre com a reserva de cereais, portanto, a China tem toda a capacidade de garantir alimento para sua população de 1,3 bilhão de habitantes valendo-se de seus próprios meios.
Li Ninghui, pesquisador da Academia de Ciência Agrícola da China, é especialista na questão dos cereais. Ele explicou à reportagem da CRI as razões pelas quais tem crescido o preço destes bens em todo o mundo. Li considera que, por um lado, o mau clima nos principais países produtores tem conduzido à redução da produção e, por outro, as terras cultivadas de muitos países produtores estão sendo utilizadas para cultivar plantas destinadas à produção de combustível, o que tem reduzido a oferta.
"Agora, alguns dos grandes países fornecedores de cereais, como EUA e países da América Latina, se dedicam ao cultivo de materiais energéticos, como o milho, a cana-de-açúcar e o girassol, Assim, reduzem a aoferta de grãos, acarretando mudanças estruturais no mercado internacional. Quando se reduz a oferta, eleva-se o preço," disse Li.
No exterior, alguns consideram que o aumento do preço dos cereais se deve à importação de grandes quantidades por parte da China. Li Ninghui avalia que esta afirmação carece de fundamento. Nos últimos anos, a produção cerealífera da China tem crescido e a oferta ao mercado é suficiente. A porcentagem de auto-abastecimento de cereais da China se tem mantido nos últimos anos acima de 95% e o país segue sendo um exportador de arroz. Os dados estatísticos das alfândegas mostram que, exceto no caso da soja, a China exportou no ano passado mais de 9,8 milhões de toneladas de grãos e só importou 1,55 milhão de toneladas.
Li Nnghui acrescentou: "A China representa uma parcela muito pequena no comércio internacional de importação e exportação de cereais. Com a melhora das tecnologias produtivas, a produção de grãos da China mostra, há tempos, uma clara tendência de aumento. O crescimento da demanda não supera o da produção e entre a oferta e a demanda de cereais há um equilíbrio geral. A importação tem como objetivo o ajuste da estrutura destes produtos. Por fim, com os atuais recursos de terra cultivável, tecnologias produtivas e políticas, os chineses contam com suficientes cereais para se manter."
A produção de cereais chinesa tem crescido sucessivamente desde 2004. No ano passado, a produção total superou os 500 bilhões de quilos, enquanto o atual nível de reserva de cereais da China equivale a duas vezes o nível médio mundial. Li Ninghui considera que, apesar das calamidades naturais como chuva e nevascas no início deste ano no sul da China, a produção anual do país não sofrerá impactos significativos. Os cultivos danificados foram, principalmente, de verduras e afetaram pouco à produção de grãos. Ele considera, além disso, que neste ano a China manterá a estabilidade básica da produção de cereais e até alcançará um novo aumento da produção, sob a condição de que novas calamidades naturais não aconteçam.

Embora a alta de preços dos cereais em nível internacional tenha uma limitada influência sobre a China, nosso governo presta muita atenção ao tema e tem lançado uma série de políticas e medidas para estimular a produção. Neste ano, o orçamento do governo central para agricultura, zonas rurais e camponeses ultrapassa 560 bilhões de yuans, um aumento de mais de 130 bilhões de yuans em relação a 2007. Sobre esta base, a China publicou recentemente uma nova medida: aumentará o investimento na agricultura em mais de 25 bilhões de yuans como subsídio direto aos agricultores, a fim de estimular a iniciativa destes e garantir um maior apoio à produção.
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