A atriz brasileira Lucélia Santos está terminando no Rio de Janeiro um projeto de 10 anos: o filme "Um Amor do Outro Lado do Mundo", estrelado por ela própria e o ator chinês Chao Chen. As informações foram divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo.

A direção ficou a cargo de Moacyr Goes e a produção é de Diler Trindade. A história se passa Emeishan na província de Sichuan, na China, e foi filmado no país asiático e no Brasil.

O objetivo dos produtores é exibir o filme pela primeira vez no Festival de Shanghai, que ocorre em junho de 2007, e aproveitar em seguida a data de início das Olimpíadas na China --dia 8 de agosto de 2008-- para lançá-lo nos cinemas dos dois países.

Lucélia diz que a história lança "um olhar amoroso para a China", diferentemente dos filmes "que costumam retratar os chineses como mafiosos".

"A gente tem a idéia de que a China é zen. Não é. O país parece uma reunião do século 19 com o 21, como se o século 20 não tivesse existido", afirma o diretor Moacyr Góes, que visitou a China dois meses antes das filmagens.

Para rodar as cenas na China participaram oito atores e sete integrantes das equipes de direção e produção.

O elenco asiático inclui atores não-profissionais e foi selecionado em testes com candidatos em Beijing e entre a comunidade chinesa no Brasil.

No Brasil, há cem profissionais envolvidos com as filmagens, que ocorrem em três estúdios, em Jacarepaguá, e estão previstas para terminar em janeiro.

Todo o montante foi obtido com empresas brasileiras, sobretudo estatais, com uso das leis de incentivo, baseadas no princípio da renúncia fiscal --o destino de parte do Imposto de Renda a projetos culturais.

O produtor Diler Trindade disse ainda que a gravação e a exibição da minissérie só deverá ser negociada com emissoras brasileiras depois da estréia do filme, que ainda não tem contrato com distribuidoras brasileiras.

"Tive todos os motivos do mundo para desistir desse projeto", revelou a atriz Lucélia Santos. Entre os fatores de dificuldade, ela enumerou "as 30 horas de vão [entre Brasil e China]; as conversas de madrugada, por causa da diferença de fuso de 12 horas e o périplo atrás do dinheiro para viabilizar a produção".

Na década de tentativas, o projeto mudou de forma e de conteúdo.Segundo a atriz, a proposta inicial partiu de uma TV chinesa e previa realizar uma minissérie em 25 capítulos, em co-produção com o Brasil.

"Eles queriam ter a escrava Isaura numa história deles", afirma Lucélia, referindo-se à personagem da novela que lhe deu fama na China.