A China é um dos países mais assolados por terremotos do mundo. Segundo as estatísticas divulgadas pela Administração Nacional de Terremotos da China (CEA, na sigla em inglês), um terço dos terremotos destrutivos continentais do mundo ocorre na China. E em todas as províncias chinesas são registrados terremotos superiores a cinco graus da Escala Richter. Por isso, o governo chinês dedica-se às pesquisas e coleta de dados dos sismos, além da construção de postos de supervisão e observação.
A China fez mais de 20 previsões úteis para redução dos prejuízos causados pelos abalos. O caso sobre o terremoto de Haicheng, nordeste da China, em 1975, é impressionante. Foi o primeiro alarme lançado pela humanidade a ajudar as pessoas a evitarem as perdas causadas pelo mal. O diretor da CEA, Chen Jianmin, lembrou:
"Fizemos uma precisa previsão e reduzimos as perdas. Segundo os cálculos, caso não fizéssemos a previsão, o cismo poderia causar a morte de mais de 100 mil pessoas, um número muito maior que as 1.300 vítimas registradas".
Porém, a previsão do terremoto não é um trabalho que pode ser complementado em uma ação só. Um ano depois do sucesso do alarme sobre o terremoto de Haicheng, ocorreu na mesma região o sismo de Tangshan, que causou a morte de 240 mil pessoas. As perdas elevadas estão diretamente ligadas ao fracasso das previsões.
Segundo Chen, a catástrofe sensibilizou os pesquisadores do país. Para eles, a previsão do terremoto é muito mais difícil do que imaginavam. Chen afirmou à reportagem que atualmente a humanidade pode detectar os movimentos 12 quilômetros abaixo da superfície, enquanto a maioria dos abalos é originada a partir de 15 quilômetros de profundidade.
Apesar disso, as pesquisas na área não foram inibidas pelas dificuldades. Ao longo dos anos, vem sendo estabelecidos mais de 1.200 postos de supervisão profissionais e cerca de 10 mil postos não oficiais que cobrem todo o território nacional. Através do acompanhamento e da análise dos dados coletados pela malha de sondagem, os pesquisadores podem detectar indiretamente as mudanças no fundo da terra, dando condições para captar sinais sobre os futuros movimentos terrestres. Segundo o pesquisador Zhang Guomin, atualmente a taxa de precisão da previsão em curto prazo elaborada pelos departamentos chineses atingiu 10%, colocando o país no primeiro nível mundial nesta área. Ele deu um exemplo:
"Por exemplo, antes do terremoto de 1996, ocorrido em Qieshi, da Região Autônoma da Etnia Uigur de Xinjiang, o governo regional, informado sobre a calamidade, retirou 150 mil habitantes da região".
De acordo com os dados acumulados ao longo do período, a China publicou consecutivamente quatro edições de mapas sismográficos, dando fundamentos aos projetos de resistência à calamidade das construções. Além disso, realizou avaliações de segurança neste aspeto sobre a Barragem de Três Gargantas,
Apesar dos êxitos obtidos, Chen reconhece que de um ponto de vista realista, as previsões sobre terremotos na China, como todos outros países do mundo, ainda se encontra numa fase inicial, pois as falhas são muito maiores do que os sucessos.
Nas zonas rurais do país, as habitações raramente adotam medidas de resistência aos abalos. Chen manifestou sua preocupação. As estatísticas demonstram que 60% das perdas humanas causadas pelos terremotos na China ocorrem nas zonas rurais. A cifra é atribuída à carência de padrões e orientações técnicas da construção civil.
Nos últimos anos, o governo chinês tem promovido um projeto da construção das casas resistentes aos abalos. Em Hetian, no Xinjiang, noroeste do país, a maioria dos agricultores locais morava em casas construídas de barro. Agora, centenas de milhares de habitantes locais obtiveram novas habitações com projetos especificos. A responsável do projeto local, Gulisita, afirmou:
"Utilizamos placas de novos materiais para construir prédios resistentes aos terremotos. Até ao momento, 596 mil famílias montaram habitações deste tipo".
Conforme o programa, todos os agricultores e pastores de Xinjiang possuirão, até o ano que vem, casas com novos projetos, ao mesmo tempo em que os projetos serão mais promovidos em todo o país.
Além de prestigiar a segurança dos habitantes rurais frente os sismos, o país vai integrar, codificar e atualizar a plataforma da supervisão, e completar o banco de dados, além de construir laboratórios mundialmente avançados.
Chen salientou que mais de sete mil pesquisadores do departamento, entre os quais, 12 membros da Academia Nacional de Ciências, estão resolvendo as questões mundiais desta área. Ele disse:
"Apesar de apenas 10% das nossas previsões serem úteis para redução dos prejuízos causados pelos terremotos, temos plena confiança de obter novos sucessos nos estudos de nível mundial".
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