Enfrentando as crescentes violações dos direitos dos consumidores, os consumidores chineses despertam finalmente do culto às grandes marcas e começam a exigir serviços de melhor qualidade.
No ano passado, muitas queixas foram registradas contra os serviços pós-venda do iPod. As queixas concentraram-se no reduzido período de garantia e na suspeição de que as oficinas de consertos vinham substituindo aparelhos de iPod estragados por outros, já usados, diz Tang Jiansheng, vice-diretor de uma organização não-governamental da proteção dos direitos dos consumidores com sede em Shanghai.
Durante mais de seis meses, Tang e os seus colegas tiveram a experiência de duras negociações com a filial da Apple em Shanghai e com responsáveis pela empresa na China e na Região da Ásia-Pacífico.
Finalmente eles receberam uma carta da Apple dizendo que seriam tomadas medidas efetivas e práticas para melhorar os serviços pós-venda no mercado chinês, disse Tang, mas ele não soube dizer até que ponto a empresa poderia melhorar esse atendimento.
Outro exemplo é o da Kraft Foods Inc., com sede nos Estados Unidos, suspeita de usar um duplo padrão de comportamento nos mercados da China e de alguns outros países, de acordo com um relatório da organização GreenPeace no início do ano passado.
O relatório diz que a Kraft prometeu há alguns anos tirar do mercado todos alimentos geneticamente modificados, mas continuou produzindo e distribuindo produtos desse tipo na China, e não indicou os ingredientes na embalagem dos alimentos, violando os direitos dos consumidores chineses.
"Comparada com a Europa, a China não tem nenhuma restrição aos alimentos geneticamene modificados, por isso, não acusamos a Kraft de violar as leis chinesas, mas de não adotar os mesmos padrões em todos os mercados", disse um membro da organização GreenPeace.
Sob a pressão da organização GreenPeace e das queixas públicas, a Kraft suspendeu o abastecimento de alimentos geneticamene modificados no mercado chinês em janeiro deste ano.
As queixas cada vez maiores contra as empresas estrangeiras não só despertaram os consumidores chineses de seu culto aos "grandes nomes", mas também obrigaram os reguladores do controle de qualidade da China a tornar mais rigorosa a supervisão das empresas estrangeiras conhecidas.
No ano passado, os departamentos de administração industrial e comercial de Shanghai e da província de Zhejiang, no leste da China, e da província de Guangdong, no sul da China, examinarm roupas e acessórios de grandes marcas. Como o resultado, algumas marcas reconhecidas mundialmente, como Zegna, Louis Vuitton, mostraram padrões inferiores de fabricação.
"Os consumidores chineses estão mais conscientes e querem ter os seus direitos protegidos, desafiando as multinacionais", disse Qi Xiaozhai, diretor do Centro de Pesquisa Econômica Comercial de Shanghai.
O dia 15 de março testemunhou a crescente consciência dos consumidores, que querem proteger os seus direitos, durante mais uma comemoração do Dia Internacional de Proteção dos Direitos dos Consumidores, celebrado desde 1984.
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