As áreas rurais chinesas assistiram em 2006 à construção de 34 centrais elétricas alimentadas com palha, que além de permitir a produção de energia com uma menor taxa de poluição, geram uma renda extra aos agricultores.
Segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, três centrais já estão em funcionamento nas províncias de Shandong, Jiangsu e Hebei.
A central Suqian, na província de Jiangsu, tem capacidade de 240 mil quilowatts e permite gerar 156 milhões de quilowatts/hora por ano, dos quais, 132 milhões são oferecidos à rede elétrica nacional. Seu consumo anual está situado entre 170 mil a 180 mil toneladas de palha, o equivalente a 98 mil toneladas de carvão padrão.
A palha é um combustível relativamente limpo. De acordo com Jiang Gaoming, pesquisador-chefe do Instituto de Botânica da Acadêmia de Ciências da China, uma central elétrica de biomassa de 25 mil quilowatts gera 100 mil toneladas de dióxido de carbono por ano a menos do que uma central de mesma capacidade alimentada com carvão.
A combustão de carvão gera grandes quantidades de dióxido de enxofre, principal causador da chuva ácida, enquanto a palha contém um décimo do enxofre acumulado no carvão.
Trinta por cento do carvão queimado se transforma em resíduos, que generalmente causam danos ao meio-ambiente. No entanto, a biomassa gera apenas 1%, que pode ser utilizado como fertilizante após um tratamento adequado.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma assinalou que a indústria elétrica que utiliza a palha terá um rápido crescimento com a aplicação de medidas administrativas de apoio, com o desenvolvimento de novas tecnologias e criação de sistemas de coleta e armazenamento de matéria-prima.
A eletricidade gerada a partir da palha conta com um preço preferencial de 0,25 yuans por quilowatts/hora na venda em rede nacional. Da mesma maneira, estes tipos de centrais possuem um conjunto de medidas de incentivo, entre elas a isenção fiscal.
As vantagens das centrais de biomassa também são sentidas pela população rural. Estima-se que uma central elétrica com capacidade de 25 mil quilowatts consuma 200 mil toneladas de palha por ano, cifra que, a um preço de venda de 200 yuans (US$ 25) por tonelada, contribuiria com 40 milhões de yuans (US$ 5 milhões) aos agricultores, podendo beneficiar cerca de 50 mil famílias rurais.
Yang Deseng, agricultor da província de Jiangsu, produz 7,2 toneladas de palha por ano. Antes do estabelecimento da central, a palha era queimada, agora gera 1.440 yuans por ano (US$ 180).
A China produz mais de 600 milhões de toneladas de palha por ano. O país conta com 19 bilhões de toneladas de biomassa florestal. Desta, 300 milhões de toneladas podem ser empregadas como recursos energéticos.
No fim do ano passado, a capacidade de geração elétrica da China alcançou 622 milhões de quilowatts, dos quais 488 milhões (77%) são gerados a partir do carbono.
Os planos de desenvolvimento da China assinalam que, em 2010, a capacidade elétrica do país alcançará 800 milhões de quilowatts, dos quais 35% será gerada de "energias limpas": hidroelétricas, centrais nucleares e novas formas de energia, entre elas a biomassa.
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