O Banco Popular da China (PBC, na sigla em inglês), o banco central chinês, aumentou em 0,27 ponto porcentual a taxa básica de juros anual, para 6,12%, no dia 19 de agosto. O segundo aumento da taxa de juros nos últimos cinco meses, de acordo com as autoridades monetárias do país, pretende conter a rápida expansão dos investimentos em ativos fixos e dos empréstimos bancários.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês expandiu-se 10,9% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2005. O crescimento foi puxado pelos investimentos em ativos fixos - que aumentaram 30% - e pelas exportações. A rápida expansão, contudo, continua aumentando pressionando o setor energético e o consumo de recursos naturais, afetando a qualidade do desenvolvimento.
Por isso, diz o especialista financeiro do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa do Conselho de Estado, Xia Bin, o banco central chinês decidiu elevar a taxa de juros..
"Estamos enfrentando uma rápida expansão das reservas cambiais, da base monetária dos investimentos em ativos fixos. Os empréstimos de longo prazo favorecem a rápida expansão dos investimentos em ativos fixos".
Segundo Xia, a elevação da taxa básica de juros aumentará os custos das empresas, reduzindo a possibilidade de novos investimentos e do aumento do crédito. Ao mesmo tempo, ele salientou que o governo irá adotar medidas para o reajuste da estrutura industrial e do controle da concessão de terras.
Diferentemente do que ocorreu em abril, o banco central também elevou a taxa de depósito bancário. O aumento de 0.27% ponto porcentual, para 2,62%, aumenta a proteção e o interesse dos depositantes em longo prazo. Segundo o Banco da China, os depósitos subiram em Beijing na manhã seguinte ao anúncio. Liu Ying, funcionária do órgão, afirmou:
"Por volta de 50% dos clientes atendidos hoje queriam saber mais sobre as novas regras para o depósito".
Os idosos são mais sensíveis às mudanças econômicas. Já os jovens acreditam que a taxa não é atraente.
O banco central também decidiu que os depositantes podem obter um desconto de 15% na taxa básica de juros para o financiamento de sua primeira moradia. Segundo Xia, a iniciativa também implica em ganhos financeiros para a população e incentivará o financiamento de imóveis.
"O governo ampliou o espaço para a queda dos juros para o financiamento de imóveis, demonstrando sua preocupação social".
Li Lei considerou:
"Acho que a alta não influenciará o meu cotidiano, pois as prestações mensais de meu imóvel são baixas. Não estou preocupado".
Xu Yunting, funcionário de uma estatal, afirmou que pretende quitar antecipadamente o empréstimo, a fim de reduzir o impacto da alta de juros.
"A taxa de juros está muito alta. Vou quitar a minha dívida o mais rápido possível".
A alta da taxa básica de juros chinesa teve repercussão mundial. Segundo outras fontes, o banco central não interrompeu a trajetória de alta, optando por doses homeopáticas, além de empregar outras ferramentas monetárias para promover o reajuste da economia. Xia salientou que uma nova alta dependerá do comportamento da macroeconomia.
"Ela dependerá dos efeitos econômicos. Mas, isso não significa que a China entrou num ciclo de alta de juros".
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