Em maio deste ano, mais de uma centena de estudantes do Instituto de Imprensa e Radiodifusão de Nanjing, divididos em 10 grupos, em colaboração com o Departamento de Propaganda da Comissão Provincial de Jiangsu do Partido Comunista da China (PCCh) e da Televisão Jiangsu, fizeram uma pesquisa em 20 aldeias das províncias de Shandong, Shaanxi, Hebei, Henan, Shanxi, Anhui, Jiangsu e Guangdong e no município central de Tianjin.
Eles foram surpreendidos pelo resultado da pesquisa. As zonas rurais chinesas já não são homogêneas e há uma visível diferença de classes.
O estudante Chen Xiuyuan disse: Não há muitas pessoas que se dedicam ao cultivo, mesmo em Dazhai, província de Shanxi, exemplo da produção rural nacional. Ele disse que com a devolução de terras à floresta, os terraços de Dazhai já foram arborizados e o ponto de gravidade de seu desenvolvimento econômico passou para o setor do turismo.
"Também há uma grave diferença nas zonas rurais, como a separação entre as cidades e o campo." Disse o sub-secretário da Comissão do Partido daquele Instituto, Jiang Enming, "Esta é a nossa impressão sobre o campo".
Em Henan, o grupo dirigido pelo professor Zhang Yulin pesquisou a aldeia de Nanjie, considerado como "condomínio comunista" e a vizinha aldeia de Sanzhu.
"Na aldeia de Nanjie, os camponeses gozam de assistência gratuita médica desde 1996." Disse o diretor do Escritório da Clínica da aldeia, Li Shihong. Segundo ele, quando necessário, os camponeses podem fazer consultas médicas em qualquer lugar, inclusive nas grandes cidades, como Beijing e Shanghai.
No entanto, na aldeia de Sanzhu, o grupo descobriu que a clínica sempre estava fechada. Alguns aldeãos disseram ao grupo que a clínica só tem um quarto com cerca de 10 metros quadrados e equipamentos obsoletos. O posto atende apenas casos como febre ou dor de cabeça. Os aldeãos também pagam pela consulta, pois a localidade não tem capacidade de garantir a assistência médica gratuita.
A pesquisa foi realizada em 20 aldeias. Em 2005, a aldeia de Huaxi, província de Jiangsu, liderou a renda per capita regional, com 18.820 mil yuans. Na aldeia de Nanniwan, província de Shaanxi, a renda per capita foi de apenas 1.526 yuans. Ou seja, uma diferença de 12 vezes.
Os grupos de pesquisas dividiram o campo chinês em "três mundos", isto é, as aldeias com renda per capita até 5 mil yuans são consideradas como o "primeiro mundo"; as que oscilam entre 3 e 5 mil yuans, como o "segundo mundo" e aquelas com renda inferior a 3 mil yuans, como o "terceiro mundo".
Segundo o resultado das investigações, no "primeiro mundo", os camponeses que ainda se dedicam ao cultivo representam 26,6% do total, enquanto no "segundo mundo" e no "terceiro mundo", 74,9% e 80,2%.
No "primeiro mundo", a principal fonte de renda de 22,9% das famílias provém das "empresas industriais privadas ou de capital misto" e apenas 2,3% delas se dedicam ao "cultivo de cereais". Em contraste disto, no "segundo mundo", a principal fonte renda de 22,6% das famílias provém dos trabalhos fora da terra natal e a de 15,7%, do cultivo de cereais. Enquanto isso, no "terceiro mundo", a principal fonte renda de 35,7% das famílias se origina no cultivo de cereais e a de 18,9%, do trabalho fora da terra natal.
A professora do Instituto de Imprensa e Radiodifusão de Nanjing, Zhou Haiyan disse: Através das investigações, sentimos que o governo considera em primeiro lugar o enriquecimento dos camponeses, através da produção agrícola, em vez do caminho de industrialização.
Em Shaanxi, a população local, em sua maior parte, mora em grutas, com condições relativamente atrasadas. Porém, eles estão muito satisfeitos com suas habitações. Por outro lado, alguns governos locais têm considerado como importante tarefa da construção do novo campo "unificar o planejamento e concentrar habitações". Em muitos lugares, foram construídas fileiras e fileiras de casas de campo bem equipadas, inclusive com campo de tênis e campo de golfe.
Na aldeia de Naniwan, província de Shaanxi, o estudante do Instituto de Transporte Ferroviário de Xi´an, Tian Bo, lembra, com um retrato em mão, de seus colegas de escola secundária. Ele disse que em sua turma havia 48 estudantes. Destes, apenas 3 deles continuam estudando. Outros trabalham no campo ou em outros lugares do país. Algumas estudantes ficam em casa, à espera do casamento. Tian considerou que a falta de recursos financeiros os obrigou a interromper seus estudos.
Segundo as pesquisas, isso aconteceu nas aldeias economicamente sub-desenvolvidas. Em alguns lugares relativamente ricos, as crianças pagam por seus estudos na aldeia, desde a escola primária até o segundo ciclo da escola secundária. Algumas aldeias chegam a fornecer bolsas para aqueles que estudam nas escolas superiores ou no exterior.
Neste aspecto, o "primeiro mundo" pode elevar o nível da educação das crianças, assim como absorver talentos para promover seu desenvolvimento. Por outro lado, em alguns lugares economicamente sub-desenvolvidos, surgiu um ciclo maligno ? pobreza, evasão escolar, saída da mão de obra, aumento da pobreza.
Realmente existem diversos problemas nas zonas rurais chinesas. Porém, as pesquisas revelam que 87,7% dos aldeãos acreditam que a "vida rural será cada vez melhor".
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