Por Fábio Fujita, especial para Gazeta Esportiva Net
A trajetória do maior jogador do mundo da atualidade é espetacular. Do menino pobre e magrelo na pequena Paulista, em Pernambuco, ao multimilionário craque do Barcelona, Rivaldo viu sua carreira subir meteoricamente, em sintonia direta com o futebol exibido nos gramados do mundo.
Rivaldo é um dos maiores símbolos de motivação aos milhares de garotos que ingressam no futebol, tentando superar pobreza e anonimato. Mas a fama não é para todos e depende de ingredientes que Rivaldo e poucos craques possuem de sobra. A habilidade rara, o talento precoce e o ótimo preparo físico transformaram-no num tormento para os zagueiros adversários e fizeram a alegria de torcedores dos times em que jogou.
A carreira de Rivaldo, iniciada no Santa Cruz, de Recife, é brilhante. Deixou saudades e marcou época em Mogi Mirim, cidade do interior paulista, onde chegou a fazer um gol antológico do meio-de-campo, jogando pelo clube local. No Corinthians e principalmente no Palmeiras, o sucesso cresceu, arrebatando admiradores e títulos.
Quando se transferiu para o futebol europeu, teve a difícil missão de substituir os inesquecíveis Bebeto, no Deportivo La Coruña, e Ronaldo, no Barcelona. Na seleção brasileira, ainda faltam os títulos olímpico, depois do fracasso em 1996, nos EUA, e mundial, que lhe escapou em 1998, na França, chegando ao vice-campeonato. As chances estão aí e o garoto humilde de Paulista espera concretizar estes sonhos.

Eleito o melhor do mundo em 99 pela Fifa, é jogador para ser titular em qualquer equipe.
Mas o sucesso na Europa não acontece na seleção brasileira. Em 2000 e 2001, o meia não conseguiu liderar o Brasil nas Eliminatórias de 2002. Com atuações apagadas, o jogador do Barcelona é considerado um dos responsáveis pelos útimos fracassos da seleção.
Da infância pobre ao sucesso
Quem olha para o hoje consagrado e milionário meia do Barcelona não imagina as dificuldades encontradas por Rivaldo no início da carreira. Se existe um rótulo que o jogador não quer ver associado ao seu nome em hipótese alguma é o de "mercenário". E motivos não lhe faltariam para valorizar o lado material: sua infância foi muito pobre e ele pôde sentir na pele a falta que o dinheiro faz.
Quando moleque, o pai Romildo foi o seu maior incentivador no futebol, embora comente-se até hoje em Paulista/PE (onde residem seus familiares) que Rivaldo tenha sido o menos talentoso entre os irmãos Rinaldo e Ricardo.
Rivaldo perdeu o pai quando tinha apenas 16 anos, atropelado por um ônibus. Chegou a pensar em abandonar a carreira, mas sua mãe, dona Marluce, não permitiu: queria que Rivaldo se dedicasse a atender o desejo do marido, que era o de ver o filho brilhar nos campos do mundo.
Por essa época, ainda no Santa Cruz, passou a fazer o caminho de 25 quilômetros que separavam Paulista de Recife a pé, para economizar. E foi numa dessas caminhadas que o craque encontrou um diretor do clube que, solidário, se dispôs a pagar sua passagem. A partir daí, Rivaldo veria sua carreira alcançar uma ascensão meteórica.
Em 91 disputou a Taça São Paulo de Futebol Júnior, sendo chamado pelo técnico do time principal do Santa Cruz para compor o elenco de cima. Um ano depois estaria na maior vitrine do futebol brasileiro, o Campeonato Paulista, atuando pelo Mogi Mirim. No ano seguinte, contratado pelo Corinthians, alcançaria a honra de vestir pela primeira vez a camisa da seleção brasileira, fato que viria a se tornar rotina daí para frente. O craque passaria ainda por Palmeiras, onde confirmaria sua fantástica evolução, iria para a Europa, em 96. O La Coruña, que havia perdido Bebeto, foi atrás de um substituto à altura e se deu bem. Rivaldo se consagrou em duas temporadas e despertou o interesse dos grandes.da Espanha. O Barcelona foi mais rápido e levou o brasileiro para a temporada 98/99. De lá até agora, Rivaldo justificou o investimento e salário de cerca de US$ 250 mil mensais.
Histórias do anonimato Gazeta Press
São curiosas as histórias que Rivaldo tem no futebol, da época em que a fama ainda não fazia parte de sua vida. A primeira delas aconteceu aos 16 anos. Como não vinha sendo utilizado pela equipe do Santa Cruz, Rivaldo acabou aceitando um convite para jogar pelo Paulistano, equipe de sua cidade, no campeonato principal. A primeira partida pelo novo clube seria justamente contra o Santa Cruz, no estádio do Arruda. O Paulistan venceu por 2 a 0, com dois gols do jovem craque. Mas o vínculo de seu passe com a equipe da capital não havia sido rompido. Quando a diretoria tricolor descobriu que aquele jogador que havia derrotado o Santa Cruz fazia parte do elenco, entrou em crise: foram acusações para todos os lados. A disputa chegou à Federação Pernambucana de Futebol, e o Paulistano acabou perdendo, além dos pontos da partida, o craque para sempre.
Conta-se também que em 1992 o jovem craque de 19 anos teria sido sondado pelo São Paulo, graças a uma indicação de Telê Santana, que o vira na Copa São Paulo de Juniores. O que não se esperava no Morumbi era que o Mogi Mirim fosse mais rápido e o levasse. Sob o comando de Vadão, ele fez parte do "carrossel caipira", formando, com Leto e Válber, um ataque que deixou saudades.
E foi em Mogi que Rivaldo conheceu sua esposa Rose (com quem teve seu único filho, Rivaldinho), e onde fez um dos gols mais espetaculares de sua carreira. Em 18 de abril de 1993, numa partida contra o Noroeste, de Bauru, percebendo o goleiro adiantado, Rivaldo arriscou um chute do meio do campo, exatamente da linha divisória, fazendo o gol que nem Pelé conseguiu.
|