Como muitos 'pratas-da-casa' que surgem nos grandes clubes brasileiros, Roger Galera Flores, em 1996, era apenas mais uma jovem promessa que o Fluminense trazia ao torcedor. Mas hoje, aos 23 anos, Roger mostra que virou realidade. O habilidoso meia, que até já chegou a ser chamado de 'Maradoninha', conquistou um lugar todo especial nos corações tricolores e, atualmente, é sem dúvida nenhuma o maior ídolo da torcida do Flu.
Roger não esconde que é "tricolor de coração", mas seus primeiros contatos com a bola aconteceram na Gávea, no arquirival Flamengo. Só que por pouco tempo. Aos 16 anos, ainda juvenil, transferiu-se para o Fluminense. Seu jeito hábil e veloz de tratar a bola logo despertou interesse dos treinadores. Mas todos tinham uma preocupação em comum: o gênio do garoto. Era considerado um jogador rebelde e anti-profissional que poderia se perder nesse longo caminho que existe entre a promessa e a realidade.
Mas Roger mostrou que não era 'um problema', e sim a solução que o Fluminense procurava. Desde a dupla dinâmica Assis e Washington - campeão brasileira em 84 - , a torcida tricolor estava carente de ídolos.
A primeira partida entre os profissionais aconteceu durante o Campeonato Brasileiro de 96, contra o Atlético-MG, na Rua Bariri. Tinha então apenas 18 anos e já era lançado do time de cima pelo técnico Cláudio Duarte.
Foram quase dois anos de oscilação até conquistar de o seu espaço entre os 11 titulares do Fluminense. A promessa começou a se tornar realidade durante a Copa Rio de 98. E foi durante a campanha da conquista tricolor que ele marcou o seu primeiro gol, contra o Bonsucesso, na goleada de 4 a 0.
Mas por ironias do destino, a consagração de Roger aconteceu no ano de maior tristeza da história do Fluminense. Em 1999, ano em que a equipe das Laranjeiras disputou a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro, Roger tornou-se o grande maestro daquela equipe, que tentava fugir da vergonhosa posição que estava ocupando no cenário futebolístico nacional.
Sob o comando do tetracampeão Carlos Alberto Parreira, Roger ganhou a vaga de titular e foi mostrando toda sua refinada técnica e habilidade na posse de bola. Numa ascensão totalmente vertical, o novo ídolo tricolor foi decisivo na conquista do título Brasileiro, marcando os dois gols da vitória sobre o Náutico, em pleno Estádio dos Aflitos.
Nesta época, se destacou de tal maneira, que ganhou um apelido do treinador: 'Maradoninha'. Pode até ter sido exagero, mas para a torcida, ninguém mais do que Roger merecia uma tal comparação tão.
Com a evolução do seu futebol assumiu a condição de titular do meio-campo tricolor com muita personalidade e é destaque da equipe desequilibrando em muitas partidas com lances de muita habilidade.
No primeiro semestre de 2001, uma proposta de US$ 6 milhões do Benfica, de Portugal, fez Roger partir. Um contrato longo, de cinco anos, presumia que o craque demoraria muito a vestir novamente a camisa do Fluminense. A torcida tricolor não se conformava com a venda do ídolo e fez vários protestos para sua permanência. Mal sabiam que a volta de Roger estava próxima.
Foram seis meses atuando com a camisa colorada do Benfica, mas a adaptação ao futebol europeu não aconteceu como imaginava o jogador. Saldo da viagem: apesar de não ter balançado as redes européias em nenhuma oportunidade, valeu pela experiência. "Voltei mais maduro. A experiência de vida foi fantástica, aprendi muito", admite o craque.
Seis meses depois, estava de volta ao clube que o revelou. Estava novamente refeito o laço de amor entre Roger e Fluminense. Ídolo maior da carente torcida, honrou toda a confiança depositada nele e conduziu o clube das Laranjeiras às semifinais do Campeonato Brasileiro de 2001.
No Corinthians - Contudo, o empréstimo teve fim, e o jogador foi obrigado a retornar ao time do estádio da Luz. A adaptação, mais uma vez, foi péssima e, três meses depois de deixar o Flu, Roger acabava liberado pelo técnico do clube, o italiano Giovanni Trapattoni. No Brasil, com uma recém-firmada parceria com o grupo empresarial de marketing MSI, o Corinthians logo demonstrou interesse pelo jogador.
Não deu outra. No dia 25 de fevereiro de 2005, Roger era apresentado com direito à sirene no Parque São Jorge. Ele viria para completar o meio-campo do Super-Timão, ao lado do ex-companheiro nos tempos das Laranjeiras, Carlos Alberto. Viria para ser mais um dos galácticos. Contudo, o começo não foi dos melhores, já que o Timão não brigou pelo título no Paulista e caiu na Copa do Brasil.
Afastado do time titular nas oitavas-de-final do torneio nacional pelo então técnico do time, o argentino Daniel Passarella, Roger "contribuiu" para a eliminação do Corinthians diante do Figueirense. No primeiro jogo, 2 a 0 Timão. Na volta, derrota pelo mesmo placar. Na decisão por pênaltis, Tevez e Marcelo Mattos acertaram, mas Sebá, Carlos Alberto e Roger, que havia entrado no segundo tempo, foram bisonhos, e colocaram fim ao sonho de garantir vaga rapidamente na Libertadores da América 2006.
Seleção brasileira - A seleção brasileira ainda é uma meta do jogador. Mas ele mesmo sabe que dificilmente terá uma oportunidade entre os jogadores que vão à Copa do Mundo de 2002. "Na minha posição, a concorrência é muito grande. Claro que eu penso em seleção, mas se não for desta vez, tudo bem. A minha hora ainda vai chegar", profetiza Roger.
Mas o jogador já sentiu o sabor de vestir a amarelinha. Foi pela seleção pré-olímpica, que foi a Sidney, em 2000. E no time de Wanderley Luxemburgo, Roger marcou em vez, no amistoso contra o Chile, pouco antes dos Jogos.
E foi também na seleção sub-23 a sua maior decepção na carreira. A derrota para Camarões, nas quartas-de-final da Olimpíada, jamais sairá da cabeça do craque e de todos os brasileiros. (gazetaesportiva)
Raio-X
NOME: Roger Galera Flores
NASCIMENTO: 17/08/1978
ALTURA: 1,70m
PESO: 69kg
POSIÇÃO: Meia
CLUBES QUE ATUOU: Fluminense e Benfica (POR)
PRINCIPAIS TÍTULOS: Copa Rio de 1998 e Campeonato Brasileiro da Terceira Divisão (todos pelo Fluminense)
CURIOSIDADES: Até o final da temporada de 2001, já tinha feito 154 jogos com a camisa do Fluminense e anotado 37 gols
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