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Tetsuo Okamoto: primeiro medalhista olímpico da natação brasileira
2008-10-06 10:27:59    cri

Em uma década de 40 marcada pela Segunda Guerra Mundial e pelas dificuldades econômicas, buscar sucesso na vida como esportista poderia ser considerado loucura. Ainda mais para um jovem de baixa estatura, de corpo franzino e natural de um interior de São Paulo ainda distante dos principais pólos. Mas mesmo diante de problemas, Tetsuo Okamoto avançou na carreira por ter o que outros adolescentes da sua época não tiveram: um sonho.

Foi por causa do desejo de viajar e conhecer novos lugares que Okamoto, então com 15 anos, aceitou a idéia de se dedicar mais aos treinos na piscina após a chegada de um novo treinador no Yara Clube de Marília, que revolucionaria o método de preparação de um jovem apresentado à natação aos sete anos com a esperança de curar problemas de asma.

Ainda assim, o tal "método revolucionário" era, no mínimo, curioso. A mudança significaria nadar de mil a dois mil metros por dia, o que nos dias de hoje chega a ser menos que o exigido em aulas básicas. A grande reviravolta viria mesmo dois anos depois, em 1949, quando teve a oportunidade de conhecer nadadores japoneses, no Brasil para série de exibições após vitória sobre os melhores atletas da época. Com o contato, Okamoto percebeu que precisaria de "algo mais" para chegar naquele nível. Foi então que passou a nadar dez mil metros por dia.

O "Tachinha", apelido ganho na época, devido ao corpo magro e à "cabeça grande", começou então a despontar. O sonho de conhecer o Brasil se concretizava aos poucos e ganhava proporções maiores a partir de 1951, ano em que foi convocado para disputar os Jogos Pan-americanos de Buenos Aires. Foi nesta competição que Okamoto apareceu de vez, com duas medalhas de ouro - nos 400m e nos 1.500m livres - e uma de prata - no revezamento 4x200m -, mesmo em condições desfavoráveis, levadas ao extremo pela rivalidade entre Brasil e Argentina.

A campanha no ano seguinte à dolorosa derrota da seleção de futebol na Copa do Mundo fez com que Okamoto fosse alçado à condição de ídolo, com direito a apresentações para grandes públicos em cidades do interior de São Paulo. Em 1952, garantiu vaga nos Jogos Olímpicos de Helsinque, mesmo longe da melhor forma. Isto aconteceu porque Marília enfrentava, pouco antes das Olimpíadas, um de seus mais rigorosos invernos e impossibilitava treinos de maior qualidade.

Okamoto chegou literalmente frio numa quente Helsinque, mas recebeu a boa notícia de que a prova dos 1.500m fecharia a programação da natação. Teve, então, duas semanas para compensar o tempo perdido. No meio da preparação, abandonou a idéia de disputar duas provas e se concentrou na que gostava mais: a dos 1.500m, mesmo com forte concorrência dos mesmos japoneses que haviam passado pelo Brasil anos antes e dos norte-americanos.

Havia ainda outro fato que dificultava a situação. Ele chegava em segundo plano entre os brasileiros, já que os holofotes estavam no carioca Sílvio Kelly dos Santos, que acabara de garantir recorde sul-americano na mesma prova. Mas Sílvio Kelly decepcionou nas eliminatórias, não se classificou para a final e deixou o caminho livre. À frente, porém, apareciam ainda o norte-americano Ford Konno e os japoneses Shiro Hashizume e Yasuo Kitamura, com melhores tempos.

Na prova, Okamoto surpreendeu e baixou seu tempo das eliminatórias em mais de 15 segundos. A excelente marca de 18min51s30 só não foi suficiente para superar Konno, medalha de ouro com 18min30s, e Hashizume, prata com 18min41s40. Ainda assim, fez com que chegasse em terceiro, completasse o pódio "nipônico" (Konno e Okamoto eram descendentes diretos de japoneses) e se tornasse o primeiro nadador brasileiro a conquistar medalha olímpica na história.

Após o triunfo, Okamoto voltou ao Brasil e, em meio a mais festas, enfrentou dura decisão. Aos 20 anos e sem dinheiro de patrocínios (o esporte era estritamente amador), recebeu proposta para fazer faculdade nos Estados Unidos e decidiu ir. Ele cursou geologia na Texas Agricultural Mechanical College, ainda se manteve como nadador durante o período, em disputas universitárias, mas aos poucos se distanciou do esporte. Na volta ao Brasil, trabalhou em empresas até 1977, quando resolveu abrir a Hidrotécnica Okamoto, de perfuração de poços artesianos.

De sua campanha em Helsinque, não guarda nem a medalha que conquistou. Ela está em salão especial no Yara Clube de Marília, graças à doação de Okamoto.

Na madrugada de 2 de outubro de 2007, o Brasil se despediu de seu primeiro medalhista olímpico da natação. Vítima de insuficiência respiratória e cardíaca, Tetsuo faleceu em Marília. (Elói Silveira/gazetaesportiva)

 
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